Estudo escrito por: pr Elinaldo Renovato de Lima
Os escritores bíblicos não dão ênfase a quem participará da “primeira ressurreição”, por encará-la como sendo um acontecimento futuro, quando da Vinda de Jesus em glória. Mas, se nos detivermos um pouco no estudo da palavra de Deus, veremos que mais de um grupo participará (ou participa) desse maravilhoso evento. Vejamos quem participa da primeira ressurreição, considerando que só quem participa da segunda são os ímpios.
1º) JESUS.
“Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem”
(1 Co 15.20); “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1 Pe 1.3); “E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Cl
1.18); “e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Ap 1.5). Com esses versículos, vemos que Cristo já ressuscitou. Ele não pode fazer parte da segunda ressurreição. Logo, fez parte da primeira ressurreição (grifos acrescentados).
2º) Os que ressuscitaram após a ressurreição de Jesus.
“E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados; E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na Cidade Santa e apareceram a muitos” (Mt 27.52,53 – grifo nosso). Não se sabe quem eram os ressuscitados nem quantos. Mas, certamente, não voltaram a morrer. Se eram santos, não podem fazer parte da segunda ressurreição e, sim, da primeira.
3º) Os mortos salvos, no Arrebatamento da Igreja.
“Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.15-17). Essa é também chamada de a ressurreição “dentre os mortos” (Lc 20.35,36).
4º) Os salvos na Grande Tribulação.
“E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição” (Ap 20.4,5 – grifo acrescentado). Aqui, destacamos quem eram as pessoas a que se refere o texto. De modo claro, percebe-se que não se tratam de crentes que viveram no período da Graça. Tratam-se de pessoas que foram (na verdade, serão) martirizadas pelo fato de darem “testemunho de Jesus”, e que não adoram a besta, nem recebem o seu sinal. A expressão “e viveram” demonstra que haverão de ressuscitar, logo após serem torturadas.
5º) As “duas testemunhas”.
“E darei poder às minhas duas testemunhas, e profetizarão por mil duzentos e sessenta dias, vestidas de pano de saco. Estas são as duas oliveiras de os dois castiçais que estão diante do Deus da terra. E, se alguém lhes quiser fazer mal, fogo sairá da sua boca e devorará os seus inimigos; e, se alguém lhes quiser fazer mal, importa que assim seja morto. Estas têm poder para fechar o céu, para que não chova nos dias da sua profecia; e têm poder sobre as águas para convertê-las em sangue e para ferir a terra com toda sorte de pragas, quantas vezes quiserem. E, quando acabarem o seu testemunho, a besta que sobe do abismo lhes fará guerra, e as vencerá, e as matará. E jazerá o seu corpo morto na praça da grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde o seu Senhor também foi crucificado. E homens de vários povos, e tribos, e línguas, e nações verão seu corpo morto por três dias e meio, e não permitirão que o seu corpo morto seja posto em sepulcros. E os que habitam na terra se regozijarão sobre eles, e se alegrarão, e mandarão presentes uns aos outros; porquanto estes dois profetas tinham atormentado os que habitam sobre a terra. E, depois daqueles três dias me meio, o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre os pés, e caiu grande temor sobre os que os viram. E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi cá. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram” (Ap 11.3-12 – grifos acrescentados).
A ressurreição das “duas testemunhas” será algo notável, aos olhos de todo o mundo, em meio à segunda metade da Grande Tribulação. Quem serão aquelas “duas testemunhas”? Há quem afirme que se tratam de Enoque e Elias, pelo fato de eles não haverem morrido, sendo necessário que passem pela morte para se cumprir Hb 9.27. Mas, no Arrebatamento da Igreja, milhões que estiverem vivos não passarão pela morte.
Serão arrebatados (cf. 1 Ts 4.17). Não devem ser Enoque ou Elias. Enoque “foi trasladado para não ver a morte” (Hb 11.5). Elias foi arrebatado vivo, numa prévia do que será o arrebatamento da Igreja.
Segundo o Pr. Cohen, as duas testemunhas, chamadas de “as duas oliveiras” e “os dois castiçais”, a exemplo do que consta em Zc 43.11,12, “representarão, naqueles dias, em Jerusalém, a Palavra de Deus e, por isso, são chamadas de “oliveiras” e, sendo eminentes líderes pregadores do evangelho, postos à frente de dois grupos (judeus e gentios), além de possuir, em si, a luz do Espírito Santo, são chamados de “castiçais” ou
“lâmpadas” (comp. Ap. 1.20) [1].
O pastor Orlando Boyer afirma que serão “os dois profetas da tribulação”, que terão a “comissão mais melindrosa jamais dada aos homens, a de ‘profetizar’ aos habitantes da terra durante o reinado do Anticristo”. Diz ainda Boyer, que “não é essencial saber quem serão as duas testemunhas”, visto Deus não nos ter revelado, e que “É muito mais importante notar o que dia acerca deles” [2].
O que concluímos é que serão testemunhas reais, e serão dois homens de Deus, provavelmente judeus, que se converterão durante aquele terrível período de sofrimento, tanto para os judeus, quanto para os gentios. E que terão um poder especial para entregar a mensagem profética para as nações naquele tempo de angústia. Profetizarão durante 1260 dias (três anos e meio), cf. Ap 11.3; enquanto pregarem, não poderão ser mortos (11.5); terão poderes sobrenaturais (11.6); mas, quando terminarem sua missão, serão mortos “pela besta que sobe do abismo” (11.7); os seus corpos ficarão expostos durante três dias e meio, na praça principal de Jerusalém, figurativamente chamada de “Sodoma” (11.8); todo o mundo de então verá aquele quadro (certamente pela TV e pela Internet), dos profetas mortos, e se regozijará (v. 9-10); a alegria dos ímpios durará pouco; após os três dias e meio, “o espírito de vida, vindo de Deus, entrou neles; e puseram-se sobre os pés, e caiu grande temor sobre os que os viram. E ouviram uma grande voz do céu, que lhes dizia: Subi cá. E subiram ao céu em uma nuvem; e os seus inimigos os viram” (Ap 11.11-12).
Todas essas cinco ressurreições, dessas pessoas , ou desses grupos, terão sido realizadas antes da segunda ressurreição. Logo, como não há mais de duas ressurreições, eles terão que ser incluídos na primeira ressurreição, para serem bemaventurados. Deve-se anotar que, para Deus, não existe a dimensão temporal. Ele vê tudo num eterno “agora”.
[1] Cohen, ARMANDO CHAVES. Estudos escatológicos – “o apocalipse”, p. 84-5.
[2] Boyer, ORLANDO. A visão de patmos, 116-7.