a) Para Irineu
Irineu, bispo de Lyon, na Ásia Menor (130-208 d.C.),
um dos primeiros Pais da Igreja Antiga, assegurava que o pecado no mundo se
originou na transgressão voluntária do homem no Éden.
O conceito de Irineu logo tomou conta do pensamento e
da teologia da Igreja, especialmente contra os gnósticos, pois estes ensinavam
que o mal é inerente à matéria.
b) Para os Gnósticos e Orígenes
O gnosticismo ensinava que o contato da alma humana
com a matéria era que a tornava imediatamente pecadora.
Orígenes (185-254 d.C.) sustentou a teoria do “preexistencialismo[1]”.
Segundo ele, as almas dos homens pecaram voluntariamente em existência prévia,
e, portanto, todas entraram no mundo numa condição pecaminosa.
[1] Doutrina da preexistência da alma. É comum no budismo, no hinduísmo, em várias religiões egípcias e na filosofia grega.
c) Para os pais da Igreja Grega
Eles se mostraram inclinados a negar a relação direta
entre o pecado de Adão e seus descendentes. Em contraposição, os Pais da Igreja
latina ensinaram com bastante clareza que a presente condição pecaminosa do
homem encontra sua explicação na primeira transgressão de Adão no Éden, ou no pecado
original, que passou a todos os homens (cf. Rm 5.12)
d) Para Agostinho e os Reformadores – A controvérsia entre
Agostinho e Pelágio
A visão de Agostinho. Aurélio Agostinho nasceu em 354-dC.,
em Tasgaste, no Norte da África (na atual Argélia).
Depois de
viver no paganismo, adotou o maniqueísmo como
doutrina, e, por fim, tornou-se cético, quando já ensinava retórica em Cartago.
Converteu-se ao cristianismo, numa experiência pessoal de encontro com Cristo. [1]
E ensinou que Adão e toda humanidade achavam-se culpados e maculados. Defendeu
o ensino do pecado original, e da morte física, como resultados do pecado de
Adão e que as crianças deveriam ser batizadas para remissão de pecados.
A visão de Pelágio. Houve grande controvérsia entre
Agostinho e Pelágio (360-422), este era teólogo inglês, e seus seguidores (os
pelagianos), negavam o pecado original, bem como a doutrina da graça de Deus.
Ensinou que o homem pode viver sem pecado, se esforçar-se para isso. Enfatizou
o livre-arbítrio, e condenou a doutrina da predestinação absoluta. Negou a existência
do pecado original, ou “pecado herdado”
de Adão, pois o pecado “é um ato” e não uma coisa herdada; com o livre arbítrio,
o homem pode passar da “desobediência proposital” para a “obediência
proposital”.
Sua teologia envereda
por ensinos que contrariam a palavra de Deus. Ensina, por exemplo, que Adão não
foi feito imortal. Ele morreria, fisicamente, mesmo que não desobedecesse a
Deus, comendo da árvore proibida. Ensinou que o homem “foi dotado
[1]Ele estava diante de um manuscrito do Novo Testamento, no texto de Rm 13.13,14,
e uma voz lhe disse : “Tolle, lege” (toma, lê).
Diante disso, teve uma conversão completa. Teve a influência de sua mãe,
Mônica, que era cristã, e de um amigo cristão, chamado Simpliciano. Passou por
uma mudança radical. Vendeu tudo, deu
aos pobres e fundou uma comunidade monástica com vários amigos, que se tornaram
monges. Em 391, d.C, foi ordenado padre,
e, em 395-96, foi ordenado Bispo, em Hipona
(atual Anaba, na Argélia), onde serviu por 40 anos. Durante a invasão dos vândalos, em 430 d.C,
Agostinho morreu, pobre e em santidade.
de perfeição original e pode manter a mesma”. E diz
que o pecado não passou a todos os homens, em confronto com Rm 5.12. É
coerente, quando afirma que “Os infantes não-batizados que morrem ainda na
infância recebem a vida eterna e abençoada”.
Já os teólogos semipelagianos, admitiam que a mancha
do pecado, e não o pecado mesmo, é que era causada pelo relacionamento
humanidade com Adão. Durante a Idade Média, o que se cria a respeito do assunto
era a mistura de agostinismo e pelagianismo. Os pelagianos e os semipelagianos
valorizavam o livre-arbítrio do homem, e negavam a doutrina da predestinação.
Os Reformadores, particularmente, comungaram do ensino de Agostinho.
e) Para os Racionalistas e Karl Barth
As correntes da teologia racionalista, erradamente,
ensinam que Adão foi na verdade o primeiro pecador. A origem do
pecado foi em Adão. Defendem que o pecado do homem
está relacionado com a sua condição de
criatura. Na realidade, porém, o pecado teve origem em Lúcifer, em uma
rebelião contra Deus.
Barth, teólogo suíço (1886_1968), fala da origem do
pecado como um mistério da predestinação. A Bíblia não autoriza esse
entendimento acerca da origem do pecado.
f) Para os Ateus
O ateísmo, ao negar a Deus, nega também o pecado,
porque, estritamente falando, todo pecado é contra Deus; e se não há Deus, não
há pecado.
g) Para os Deterministas
O determinismo é a teoria que afirma ser o livre
arbítrio uma ilusão e não uma realidade. Assim, o homem peca porque tem que
pecar. É uma teoria parecida com a do fatalismo, dos árabes, que crêem que tudo
está escrito (maktub), e o homem não tem como evitar.
Uma conseqüência prática do determinismo é tratar o
pecado como se fosse uma enfermidade por cujo causa o pecador merece dó ao
invés de ser castigado.
h) Para os hedonistas
Hedonismo significa no grego
“prazer”. É a teoria que sustenta que o melhor ou o mais proveitoso que existe
na vida é o prazer; de modo que a primeira pergunta que se faz não é: “isto é
correto?”, mas sim: “trará prazer?” Os hedonistas desculpam o pecado com
expressões como estas: “Errar é humano”; “o que é natural é belo e o que é belo
é direito”.
i) Para a Ciência Cristã
Esta seita nega a realidade do pecado. Declara que o
pecado não é algo positivo, mas simplesmente a ausência do bem. Nega que o
pecado tenha existência real e afirmam que é apenas um “erro da mente moral”. O
homem pensa que o pecado é real, por conseguinte, seu pensamento necessita de
correção.
j) Para os Evolucionistas
A evolução considera o pecado como a herança do
animalismo primitivo do homem. Para eles o pecado teve origem no macaco.
k) Para a Bíblia Sagrada
1. O pecado não teve origem em Deus:
Evidentemente Deus, na sua onisciência, ou na sua
presciência, já vira a entrada do pecado no mundo, bem antes da criação do
homem. Porém não podemos confundir ou interpretar como Ele sendo o autor ou a
causa do pecado.
Deus é santo e não há nele nenhuma injustiça. “Ninguém
ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado
pelo mal, e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). Deus odeia o pecado e como prova disto enviou
Jesus Cristo como providência para a nossa situação (Jo 3.16).
Enquanto a verdade de que Deus sabia de antemão da
entrada da realidade do pecado no mundo não constitui um começo do pecado, no
sentido em que ele não apresenta promulgação dele.
A presença do pecado no universo é devido ao fato de
que Deus o permite. Ele deve servir para algum propósito justificável não
atingível, do contrário, Ele não o permitiria. O propósito divino relativo ao
pecado não foi revelado na sua integralidade, e, sem dúvida a mente humana não
pode compreender tudo o que está envolvido, porém podemos destacar três razões
para explicar a permissão divina do pecado:
a) O
reconhecimento divino da livre escolha da criatura.
O propósito de Deus é assegurar um grupo de seres para
a sua eterna glória que possam a possuir pela virtude que resulta de uma
vitória do livre-arbítrio sobre o mal.
b) A demonstração do ódio divino ao pecado.
O apóstolo Paulo declara que Deus “querendo mostrar a
sua ira, e de dar a conhecer o seu poder” (Rm 9.22), mas nenhum julgamento, ira
ou poder em relação ao pecado poderia ser revelado à parte da presença
permitida do pecado ativo no mundo.
c) A manifestação e o exercício da Graça Divina.
Houve algo em Deus que nenhum ser criado jamais havia
visto. As hostes angelicais haviam visto a sabedoria, o seu poder, a sua
glória, mas eles nunca haviam visto a sua graça. Eles não tinham uma idéia da
bondade de Deus aos que não a mereciam. Deus abriu o véu da sua graça, do seu
amor e da sua misericórdia para com os pecadores, através da permissão do pecado.
2. O pecado teve origem no mundo angelical:
Deus criou os anjos dotados de livre-arbítrio e de
perfeição, porém Lúcifer e legiões deles se rebelaram contra Deus, pelo que
caíram em terrível condenação, protagonizando a primeira promulgação concreta
do pecado no céu.
Com a soberba e o desejo de sobrepujar a Deus, Lúcifer
e seus seguidores são expulsos do céu.
Deus com mão forte destituiuos de sua presença. O tempo exato dessa queda a
Bíblia não revela, porém é narrado em Isaías 14.12-14.
O pecado que Lúcifer cometeu inclui
cinco aspectos particulares e estes são expressos sob cinco asseverações de sua
proposta de independência de Deus. Ele diz: “Eu subirei ao céu.”; “Acima das
estrelas de Deus exaltarei o meu trono”; “No monte da congregação me
assentarei, nas extremidades do norte”; “Subirei acima das alturas das
nuvens.”; “Serei semelhante ao Altíssimo.”
3. A origem do pecado na Raça Humana
A primeira promulgação concreta do pecado na terra,
por um ser humano perfeito, está registrado no terceiro capítulo de Gênesis,
quando relata o fato da queda do homem.
Com a transgressão voluntária de Adão no Éden, deu-se
início ao estado de separação do homem para com seu Criador. O homem deu ouvido
a insinuações do tentador, de que, se colocasse em oposição a Deus, se tornaria
um igual a Ele. Tomando do fruto que Deus proibira. Adão caiu, abrindo a porta
de acesso ao pecado no mundo. (Rm 5.12
A essência do pecado pessoal de Adão consiste em que
ele se colocou em oposição a Deus, recusando submeter-se à sua vontade e
impedindo que Deus determinasse o curso da sua vida. Adão tomou as rédeas da
sua vida das mãos de Deus, determinado o seu futuro por si mesmo.
A sutileza da tentação é mencionada como a distinta
característica da serpente (Mt 10.16). Ela começa falando com a mulher, o vazo
mais frágil, que, além dessa circunstância, não tinha ouvido diretamente a
proibição divina (Gn 2.16,17). E ela espera que Eva esteja só. Ela torce as
palavras de Deus (Gn 3.1 e 2.16,17) e semeia dúvidas e suspeitas no coração da
mulher. Por meio da pergunta no versículo 1, lança a tríplice dúvida acerca de
Deus:
(1) Dúvidasobre a bondade de Deus;
(2) Dúvidasobre a retidão de Deus;
(3) Dúvida sobre a santidade de Deus.
Para os liberalistas teológicos Adão é um mito,
portanto não houve queda, mas acreditam que o pecado é um resquício natural da
anterior natureza animalesca do homem.
Não há necessidade de nenhuma investigação profunda
das Escrituras para provar que o pecado originou-se nas esferas celestiais e que o homem tornou-se a avenida ou o
caminho pelo qual o pecado entrou neste mundo (Rm 5.12). Deve também ser
concluído que, embora o pecado humano possa manifestar o seu caráter de vários
modos, ele consiste do abandono do Deus vivo. E é este abandono que precipitou
a queda do homem, e o mesmo espírito de independência permanece para amaldiçoar a raça.
4. A diferença entre Adão e Eva na Queda
A narrativa de Gênesis 3 não faz diferença vital entre
Adão e Eva na queda, porém em 1 Tm 2.14, diz que Eva foi enganada e Adão não.
Eva caiu em transgressão porque ela foi levada a pensar que o aviso de Deus não
era verdade. Mas Adão foi diferente: ele não duvidou da Palavra de Deus.
Somos induzidos a pensar que a culpa maior da queda
foi da mulher e não do homem, porém podemos observar a luz da Bíblia que o
verdadeiro é o contrário. O peso maior da queda está sobre os ombros do homem.
Ele pecou voluntariamente e consciente, já a mulher pecou voluntariamente porém enganada.
5. A árvore do conhecimento (Gn 2.9,16,17)
Existe muitos questionamento em relação à árvore do
conhecimento do bem e do mal. Era uma árvore literal ou figurada?
Alguém tem a coragem de dizer que aquela árvore era
figurada e chegam a dizer também que o fruto proibido tratava-se do sexo.
Alguns dizem que Eva teve relações com a serpente.
Essa doutrina não tem apoio bíblico. O relacionamento
sexual entre marido e mulher foi constituído por Deus, muito antes de Eva ter
sido engodada por Satanás (Gn 1.27,28). Por que os hereges também não dizem que
Adão teve relações com a Serpente? Pois ele também comeu do fruto proibido, só
cabe a Eva esse relacionamento com a serpente? Eles se contradizem.
A Bíblia não revela que tipo de árvore ou fruto Adão e
Eva se apropriaram, mas o que podemos evidenciar como importância é que de fato
existia uma determinação divina e que exigia obediência dos nossos pais, e eles
não foram capazes de observar os limites de Deus.
POR: ETAP ; Eliéber de Castro Lima