Para facilitar o entendimento, o estudo
será iniciado com o personagem que leva o nome do Livro Isaías. Vamos conhecer
este homem que inspira os estudantes da Bíblia a ter um conhecimento
apaixonante do Messias.
A. O Personagem Isaías.
O nome Isaías quer dizer: “Jeová É
Salvação”. Seu pai chamava-se Amós, que não era o profeta que tem este nome.
Segundo a Bíblia de Jerusalém (Editora Paulus, 2004: 1237), “o profeta Isaías
nasceu por volta de 765 a. C. Em 740, ano da morte do rei Uzias, ele recebeu,
no Templo de Jerusalém, sua vocação profética, a missão de anunciar a ruína de
Israel e de Judá com castigo das infidelidades do povo (Is 6.1-13)”.
Segundo o comentarista da Bíblia de
Genebra (1999:791), Isaías foi “um aristocrata de nascimento, bem educado e por
chamado divino tornou-se um proclamador dos oráculos de Deus. Ele foi o
instrumento escolhido por Deus em Jerusalém”. Isaías foi um nobre muito
importante.
Os entusiasmados e vibrantes comentaristas do Novo Comentário da Bíblia
(Volume I, 1983:680) descrevem
Isaías com estas palavras: “Isaías destaca-se como uma figura majestosa. Pela
elevação e originalidade do seu pensamento, bem como pela qualidade superlativa
do seu estilo, é único no Velho Testamento. Nenhum outro profeta há tão digno
como ele de ser chamado ‘o profeta evangélico’. O seu nome significa ‘Jeová
Salva’ ou ‘Jeová é Salvação’ e, em dias de crise e catástrofe sem precedentes
na história do seu povo, exortava constantemente à fé naquele que é o único que
nos pode livrar. Em horas em que a esperança parecia morta, era uma inspiração
e um repto para a coragem desfalecida dos homens de Judá”.
B. A Familia de Isaías.
O Dicionário de Davis (1984:288) assegura
que Isaías já era casado no ano 734 a.C. Sua esposa era profetisa. É o que
garante a Palavra de Deus em Is 8.3, que diz: “E fui ter com a profetisa; e ela
concebeu e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põelhe o nome de
Maer-Salal-Hás-Baz”. A Palavra de Deus não cita o nome da esposa do profeta.
Ela faz referencia clara aos filhos deste. Os nomes dos filhos do profeta são:
“Sear-Jasube” e
“Maer-Salal-Hás-Baz”. A tradução Revista e Atualizada no Brasil diz os
significados dos nomes hebraicos dos filhos do profeta: “Sear-Jasube
(Um-RestoVolverá)” (Is 7.3), “Maer-Salal-Hás-Baz (Rápido-Despojo-Presa-Segura)”
(Is 8.3).
Curiosidades:
A Bíblia Católica (Edição Pastoral:1990, p.955) traduz o nome
“Maer-Salal-Hás-Baz” por
“Pronto-saque-rápida-pilhagem”. Outra tradução interessante para
“Maer-Salal-Hás-Baz” é: “apressa-se o despojo, precipita-se a presa” (Walter C.
Kaiser, Teologia do Antigo Testamento, p.216).
C. Atuação do Isaías.
Isaías “foi tão grande estadista como era
profeta, tomando parte ativa nos negócios públicos durante os reinados de
Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias” (D.B.U., 1981:200).
A Palavra de Deus o destaca pela atuação no
grande episódio envolvendo os reis Ezequias e Senaqueribe. Ezequias recebeu uma
carta ameaçadora do adversário, e dirigindo-se a Casa do Senhor, sabiamente a
apresentou Aquele que pode todas as coisas. Isaías mandou dizer a Ezequias que
o Senhor havia dito que ele acalmasse o coração, pois, Senaqueribe não
invadiria Jerusalém. O resultado foi desastroso para o adversário, pois além de
perder seu valioso exército numa matança realizada pelo próprio Deus (O Anjo do
SENHOR), fora morto pelos seus próprios filhos. É recomendado que se leia 2
Reis 19; Isaías 37. “Ali o profeta demonstra que a maior defesa da nação é
simplesmente confiar no Senhor da aliança e a ele obedecer” (Stanley Ellisen,
Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p.255).
D. Autoria do Livro.
É sempre sensato lermos tudo e reter o que
é bom. A maturidade cristã indica que não se pode embaraçar com nada desta
vida. Chamamos a sua atenção para a doutrina séria que aprendemos até hoje.
Muitos estudiosos querem mexer com a nossa fé a respeito da autoria do livro de
Isaías. Eles dizem que foram três pessoas diferentes que escreveram o livro que
estamos estudando. Estudiosos sérios levantam a bandeira da autoria única ser
de Isaías. “A tradição judaica atribui o livro integralmente a Isaías” (idem
Stanley Ellisen, 2007:253). O Novo Testamento está repleto de citações do livro
de Isaías. Jesus mostrou em suas mensagens a autenticidade do livro. O apóstolo
Paulo argumentava suas cartas com ilustrações do livro de Isaías.
E. Data do livro.
Stanley Ellisen sugere o ano: “c. 740-680
a.C.”. A Bíblia de Estudo Pentecostal sugere o ano: “Cerca de 700-680 a.C.”. A
Bíblia de Genebra sugere o ano: “Isaías exerceu o seu ministério por um período
de mais de quarenta anos, de 740 até depois de 701 a.C. A frase inicial de seu
livro indica os reis os que governaram Judá durante esse período: Uzias (morreu
em 740 a.C.), Jotão (750-731 a.C.), Acaz (715-635 a.C.). Esta foi uma época de
grande agitação política em decorrência do imperialismo assírio”.
F. Tema do livro.
Stanley Ellisen sugere: “A salvação- tanto
nacional quanto pessoal- vem do SENHOR”. A Bíblia de Estudo Pentecostal sugere:
“Juízo e Salvação”. É muito importante termos pessoas ajudando com seus estudos
e visão ampliada. O comentarista da Bíblia de Genebra diz: “A sua mensagem é
constituída de acusações, condenações e julgamentos, pois ele declara a
maldição de Deus sobre Israel, Judá e as nações (1.2-31; 13-23; 56-57; 65).
G. Esboço do livro.
Dentre alguns, optamos pelo esboço sugerido
da Bíblia de Estudo Pentecostal. Ore. Tenha fé e paciência. Leia o esboço
apresentado que vai facilitar para você ter uma visão geral do livro. Custou
caro para quem elaborou para nós
“I. Profecias de Juízo e Repreensão (1.1-35.10)
A. O Contexto da Profecia de Isaías (1.1-31).
B. As Primeiras Profecias de Isaías (2.1-5.30)
1. O Dia do SENHOR (2.1-22)
2. O Juízo de Judá e de Jerusalém (3.1-4.1)
3. Predições de Juízo e Glória (4.2-6)
4. Parábola do Castigo e Exílio de Judá (5.1-30)
C. A chamada e Purificação de Isaías por Deus (6.1-13)
D. As Primeiras Profecias Messianicas de Isaías (7.1-12.6)
1. O Sinal do Emanuel (7.1-25)
2. Prenúncios da Libertação Messianica (8.1-9.7)
3. Profecias de Juízo contra Israel (Reino do Norte) e Assíria (9.8-10.34
4. O Messias Davídico e Seu Reino (11.1-12.6)
E. Isaías Profetiza Juízo contra as Nações (13.1-23.18)
1. Contra Babilonia (13.1-14.23)
2. Contra a Assíria (14.24-27)
3. Contra a Filístia (14.28-32)
4. Contra Moabe (15.1-16-14)
5. Contra Damasco e Samaria (17.1-14)
6. Contra a Etiópia (18.1-7)
7. Contra o Egito (19.1-20.6)
8. Contra Babilonia (21.1-10)
9. Contra Edom (21.11,12)
10. Contra a Arábia (21.13-17)
11. Contra Jerusalém (22.1-25)
12. Contra Tiro (23.1-18)
F. Profecias de Consumação da História (24.1-27.13)
G. Profecias de Ais Juntamente com a Esperança
Messianica da Salvação (28.1-35.10)
II. Interlúdio Histórico Acerca de Ezequias (36.1-39.8)
A. O livramento de Ezequias ante a Assíria (36.1-37.38)
B. A Enfermidade e a Cura de Ezequais (38.1-22)
C. O Orgulho de Ezequias (39.1-8)
III. Profecias de Salvação e Esperança (40.1-66.24)
A. Promessas Proféticas de Restauração para o Povo de Deus
(40.1-48.22)
1. A Glória do Senhor e Seu Servo Serão Revelados (40.1-42.25)
2. A Restauração de um Remanescente Redimido (43.1-45.25)
3. Lições de Fé para Judá com o Julgamento Divino de Babilonia (46.1-48.22
B. Promessas a Respeito do Messias como Servo Sfredor
(49.1-53.12)
1. Sua Missão e Obediencia (49.1-50.11)
2. Seu Encorajamento e Exortação para o Remanescente (51.1-52.12)
3. Seu Sofrimento e Morte Expiatória (52.13-53.12)
C. Mais Revelações Proféticas Acerca da Restauração e da Redenção (54.1-59.21)
D. Visões Proféticas de um Futuro Glorioso para Sião (60.1-66.24)
1. A Prosperidade e Paz de Sião (60.1-22)
2. Unção e Missões do Messias (61.1-11)
3. Intercessão Profética pela Restauração e Glória
de Sião (62.1-64.12) 4. Deus Responde com Misericórdia e Consumação Gloriosa
(65.1-66.24)
H. Comentário do Livro.
A época em que Isaías profetizou foi um
período difícil, de muita corrupção e pecado. “O povo de Deus havia se tornado
como as demais nações em seu orgulho, sarcasmo e egoísmo. Eles haviam perdido a
perspectiva de justiça, de amor e de paz, características do reino de Deus, e
tentaram estabelecer o seu próprio reino” (Bíblia de Genebra, p.792). Era mais
fácil um animal de carga, sem nenhum entendimento, reconhecer seu dono do que o
povo de Israel reconhecer o Senhor. Indignado, o Senhor brada através do
profeta: “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, a manjedoura do seu dono,
mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende” (Is 1.3). No versículo
4 (ARA), enumeram-se: 1) “nação pecaminosa”; 2) “povo carregado de iniqüidade”;
3) “raça de malignos”; 4) “filhos corruptores”. O final do versículo 4
mostra a apostasia do povo de Deus.
O estado espiritual do povo era crítico. O Senhor comparou Israel com uma
pessoa que está sendo destruída pelas piores doenças (Is 1.5,6). O Senhor
estava “cansado” da religiosidade do povo que gerava hipócritas e falsos
adoradores. Leia com cuidado Is 1.10-17.
Para fazer justiça, o Senhor Deus usou o
império Assírio. A violência e desmoralização eram brutais. Basta uma leitura
de Isaías 1.7-9. O juízo começa pela
casa de Deus. Ele é extensivo a todos os povos. Nenhuma nação fica sem
experimentar a justiça de Deus. Mas o mesmo Deus que se acha em situação de
aplicar sua justiça, é o mesmo Deus que está pronto para perdoar os pecados do
povo, e salvá-lo através do Messias, Todo-Poderoso. A Escritura diz a seu
respeito: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado
está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus
Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do incremento deste principado e da
paz, não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar
em juízo e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos
Exércitos fará isto” (Is 9.6,7). Deus quer está no meio do povo. Por isso Ele é
o Emanuel (Is 7.14)
Stanley Ellisen (Conheça Melhor o ANTIGO
TESTAMENTO, 2007:264) mostra sabiamente a descrição que o Espírito de Deus faz
do Messias. Por conta de espaço, não podemos transcrever na íntegra. Ele mostra
a pessoa do Messias, um ser genuinamente humano, nascido de mulher (Is 7.14;
9.6; 53.2). Um nascimento virginal, por concepção sobrenatural (7.14). Deus em
carne humana (9.6). O Filho de Davi (9.7; 11.1,10). Depois ele mostra o caráter
do Messias. Um ser humilde, manso, sem atrativos, justo em todas as ações, e
bondoso para com os fracos e aflitos (7.14,15; 53.2,3; 40.11; 42.2,3; 9.7;
11.5; 32.1; 61.1). Também justo para os perversos impenitentes (11.4; 63.1-4).
Por último, ele mostra a obra do Messias. Ele seria apresentado por um
precursor no deserto (40.3). Um ser ungido para operar com o poder do Espírito
Santo (11.2-4;61.1). Mas Ele seria desacreditado por sua própria geração
(53.1). Seria morto com os ímpios e ser sepultado com os ricos (53.9). O
Messias seria traspassado e moído pelas nossas iniqüidades (53.5).
O Messias é Rei e “SENHOR dos Exércitos”, no monte Sião e em Jerusalém (24.23).
Escola de Teologia – ETAP
Disciplina: LIVROS PROFÉTICOS I E II
Professor: Carlos Alberto Alves