O LIVRO DE HABACUQUE (ABRAÇO)

Entramos no 8º livro dos Profetas Menores: Habacuque. Ele é o 13º na lista de estudo dos livros proféticos. 

O Personagem Habacuque.

Não existem informações precisas sobre o profeta Habacuque. O Dicionário Bíblico Universal (1981:180) diz que, “pouco se conhece ao certo a respeito da sua personalidade e do tempo em que viveu e nada se sabe relativamente à sua tribo, ao seu parentesco, e à sua ocupação”. O comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal diz que, “não se oferece nenhum outro dado acerca de sua pessoa nem de sua família”. Ele é apenas identificado por “o profeta Habacuque.” (Hc 1.1). Depois ele é identificado em Hc 3.1, como: “profeta Habacuque”.

O Dicionário de Davis (1984:257) diz: “Infere-se pela leitura da sua oração no capítulo 3, e pelo conteúdo do v. 19, que pertencia à tribo de Levi, e que era um dos cantores do templo”. Stanley Ellisen diz: “Supõe-se que tenha sido levita em virtude de seu salmo litúrgico (cap. 3), porém tal raciocínio não se mostra muito lógico, pois o mesmo deveria ocorrer com Davi, que escreveu muitos salmos litúrgicos mas não era levita” (idem Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p. 372).

 Atuação de Habacuque.

Habacuque se defronta com o problema da opressão e da violência. Ele estava cansado de ver o povo de Deus sofrer cruelmente. Ele era indignado, pois viu a Lei de Deus se enfraquecer e o direito distorcido. Habacuque interrogava o Senhor Deus pedindo providencia urgente. Sua mensagem gritante e viva diz: “O peso que viu o profeta Habacuque. Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvarás? Por que razão me fazes ver a iniqüidade e ver a vexação? Porque a destruição e a violência estão diante de mim; há também quem suscite a contenda e o litígio. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a sentença nunca sai; porque o ímpio cerca o justo, e sai o juízo pervertido” (Hc 1.1-4).

Habacuque não dirigiu sua palavra a nenhuma nação especificamente, mas queria que o Senhor Deus lhe desse resposta de suas dúvidas angustiosas. Ele se sentia apavorado com a descrição aterrorizante que o Senhor Deus fazia dos caldeus, para punir Judá (Hc 1.5-11). O profeta presenciou tanto barbaridade que apelou para o Senhor, dizendo: “Não és tu desde sempre, ó Senhor, meu Deus, meu Santo? Nós não morreremos. Ó Senhor, para juízo o puseste, e tu, ó Rocha, o fundaste para castigar. Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele? E farias os homens como os peixes do mar, como os répteis, que não têm quem os governe?” (Hc 1.12-14).

 Autoria do Livro.

A Bíblia de Estudo Pentecostal afirma que Habacuque escreveu o livro que leva o seu nome. “O autor deste livro identifica-se como ‘o profeta Habacuque’ (1.1;

3.1)” (BEP, p.1334).

Data do Livro.

Stanley Ellisen diz que o livro “foi escrito: c. 607 a.C.”. Ellisen ainda diz que, “a data mais provável seria 607, durante o iníquo reinado de Jeoaquim, antes de Judá ser subjugado por Nabucodonosor em 606” (idem Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p.373). O comentarista da Bíblia de Genebra diz que, “a visão inspirada de Habacuque, portanto, pode ser datada como pertencendo ao período entre 605-600 a.C., quando os babilônios se tornaram a força dominante no cenário internacional, devastando impiedosamente qualquer oposição( 1.5-17)”. A Bíblia de Estudo Pentecostal diz que o livro foi escrito “cerca de 606 a.C.”.

Tema do Livro.

Stanley Ellisen sugere o tema: “Os justos viverão pela fé na santidade e no justo julgamento divinos”. A Bíblia de Estudo Pentecostal sugere o tema: “Viver pela Fé”.

Esboço do Livro.

O esboço apresentado foi extraído da Bíblia de Genebra. Cada esboço de estudiosos diferentes ajuda didaticamente o aprendizado. O estudo do livro deve ser seguido do esboço. Estudar o livro por esboços diferentes facilita a memorização da ordem dos capítulos. Vejamos:

“I. Cabeçalho (1.1)

Primeiro lamento: o povo de Deus afastado da vida na aliança (1.2-4)

  • Primeira resposta: o Senhor envia os babilônios (1.5-11)
  1. Segundo lamneto: por que os ímpios babilônios? (1.12-17)
  2. Segunda resposta: vida para os fiéis, mas aflição para os ímpios (cap. 2)
  3. A distinção crucial é revelada (2.1-5)
  4. Da aflição à adoração (2.6-20)
  5. A oração do profeta (cap. 3)
  6. Cabeçalho; inovação (3.1-2)
  7. A auto-revelação de Deus (3.3-15) C. A expectativa e o júbilo da fé (3.16-19)”

Comentário do Livro.

O livro mostra o profeta Habacuque diante do dilema da opressão e da violência. Ele ficou desesperado com o aparente “deixa pra lá” de Deus. O Senhor ignora tudo isso? A Palavra de Deus diz: “Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não salvarás? Por que razão me fazes ver a iniqüidade e ver a vexação? Porque a destruição e a violência estão diante de mim; há também quem suscite a contenda e o litígio. Por esta causa, a lei se afrouxa, e a sentença nunca sai; porque o ímpio cerca o justo, e sai o juízo pervertido” (Hc 1.2-4). O profeta disse claramente para Deus que não havia necessidade de recorrer à justiça, pois a lei era impotente, por isso, as sentenças não eram julgadas, e o justo era penalizado.

Se não bastasse o dilema da opressão e da violência, o Senhor descreveu para

Habacuque o poderoso exército de Nabucodonosor arrasando as nações. E “atribuindo este poder ao seu deus” (Hc 1.5-11). É tratar com desdém!

Habacuque sabia que Deus é Eterno, Senhor da História. Mas os ímpios tratavam os justos como o pescador tratava um peixe. Depois da “farra” prestavam culto aos instrumentos de pesca: a rede e o anzol. O profeta ficava pasmo com a traquilidade de Deus, a ponto de apelar: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.13).

O momento da resposta de Deus chegou, pois o Senhor age no tempo certo. O

Senhor Deus disse para o profeta: “Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa. Porque a visão é ainda para o tempo determinado, e até ao fim falará, e não mentirá; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará” (Hc 2.3,4). O Senhor Deus acrescentou para o profeta que dissesse aos justos para manterem-se fiéis, porque eles eram a causa Dele agir com justiça, punindo o ímpio. A declaração de fé é esta: “mas o justo, pela sua fé, viverá” (Hc 2.4b).

Deus garante ao profeta que a desforra é garantida, ou seja, que os justos verão o julgamento de Deus restaurando a justiça. Os ímpios nunca mais se saciariam dos justos, como um bêbado se farta na bebida alcoólica. Observe os “Ai” de Deus.  Por fim, o Senhor mostrou ao profeta a degradação moral da religião do arquiinimigo do povo de Dele. A vibração do profeta é esta: “Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra”. Leia Hc 2.5-20.

O livro de Habacuque termina com um salmo de louvor a Deus.

O canto revela o triunfo final de Deus. Por isso, Habacuque cantou aliviado, dizendo: “Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o Senhor, é minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. (Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de música.)” (Hc 3.17-19).

Stanley Ellisen (Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p. 374) diz que,

“o objetivo do livro era enfatizar a santidade divina ao julgar o violento reino de Judá por seus pecados, muito embora Deus tivesse usado uma nação ainda mais iníqua para executar tal julgamento, nação que ele mais tarde destruiria por sua idolatria e iniqüidade ainda maior”.

Escola de Teologia – ETAP
Disciplina: LIVROS PROFÉTICOS I E II
Professor: Carlos Alberto Alves

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