Introdução
A igreja é frequentemente comparada a um rebanho, e os seus líderes são chamados para desempenhar um papel essencial no cuidado, na alimentação e na proteção das ovelhas. A passagem de Atos 20:28-30 destaca a seriedade dessa missão ao alertar sobre as ameaças representadas pelos “lobos vorazes”. Essa expressão, utilizada por Paulo, é uma advertência contra falsos mestres e doutrinadores que poderiam surgir, colocando em risco a unidade e a pureza da igreja. Este artigo examina o significado dessas ameaças, as características dos “lobos vorazes” e a importância da defesa da fé.
Os Anciãos e o Chamado Pastoral
Os “anciãos” mencionados em Atos 20:17 são também identificados como bispos e pastores. A eles foi dada a responsabilidade de “apascentar a igreja de Deus”, sob a orientação do Espírito Santo. A missão pastoral é ilustrada no Novo Testamento com base no papel de um pastor literal, que guia, alimenta e protege o rebanho (Lc 15.4-6). Este cuidado está intrinsecamente ligado à verdade do Evangelho, sendo essencial para proteger os membros da igreja de heresias e desviações.
Jesus Cristo também alertou sobre os falsos profetas, que se disfarçam como ovelhas, mas são, na verdade, lobos (Mt 7.15-20). Essa advertência se reflete na pregação apostólica, como no discurso de Paulo em Atos 20, onde o cuidado pastoral é central para manter o rebanho seguro diante das ameaças.
Os Lobos Vorazes: Uma Realidade Profética
Paulo usa uma linguagem metafórica ao chamar os falsos mestres de “lobos vorazes”, prevendo o perigo que eles representariam para a igreja, especialmente após o período apostólico. Essa profecia encontra eco em outros textos bíblicos. O apóstolo Pedro, por exemplo, ensinou que, mesmo com o verdadeiro ensino, a presença do falso é inevitável (2 Pe 2.1). A presença de heresias no período apostólico é evidente em passagens como Gl 1.7, Cl 2.8 e Jd 4, mostrando que esse problema é antigo e persistente.
O surpreendente é que esses “lobos” não viriam de fora, mas de dentro da própria comunidade cristã. Paulo destaca que “dentre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At 20.30). Esses indivíduos não só distorcem a verdade, mas também buscam seguidores para si, criando divisões e desviando muitos da verdadeira fé.
Características dos Falsos Mestres
Os falsos mestres têm várias características preocupantes. Entre elas está a tendência de posicionar-se acima das Escrituras, reinterpretando-as ou desacreditando os profetas e apóstolos bíblicos. Em nossos dias, isso se manifesta em redes sociais, onde alguns pregadores e influenciadores propagam um “novo evangelho”, que busca atualizar ou modificar a mensagem bíblica para se alinhar às demandas culturais modernas (2 Co 11.13-15).
A mensagem desses “lobos” frequentemente rejeita a autoritariedade da Escritura, promovendo ideias que agradam mais às pessoas do que a Deus. Esse comportamento sublinha a importância de uma formação teológica sólida para discernir a verdade do erro.
A Importância da Apologética
A apologética é um ramo da Teologia que tem como objetivo defender a fé cristã contra ataques externos e internos. Nos dias atuais, em que a desinformação e as falsas doutrinas se espalham rapidamente, essa disciplina é mais relevante do que nunca. A apologética não apenas equipa os crentes para identificar e refutar heresias, mas também os fortalece na fé, ajudando-os a permanecer firmes na verdade do Evangelho.
Conclusão
Os “lobos vorazes” representam uma ameaça real e constante à igreja, tanto no período apostólico quanto nos dias atuais. Eles distorcem a verdade, criam divisões e desviam muitos do caminho de Cristo. Para combatê-los, é essencial que a igreja esteja alicerçada na Palavra de Deus e equipada com um ensino teológico sólido. Os pastores e líderes, como guardiões do rebanho, têm a missão de proteger, guiar e nutrir os crentes, cumprindo o chamado de apascentar a igreja de Deus com sabedoria e coragem. A apologética, nesse contexto, se torna uma ferramenta indispensável para preservar a unidade e a pureza da fé cristã.