Deus existe?
É a pergunta feita por muitas pessoas, em todos os lugares, em todos os tempos. Se Ele existe, por que há o sofrimento de tantos, inclusive de inocentes crianças, e de pessoas piedosas? Por que a injustiça? Por que tantos ímpios prosperam? Com tais perguntas, a
mente humana procura entender Deus, mas, ao mesmo tempo, há quem presunçosamente busque afirmar sua não-existência, ou julgar Deus, culpando-o pelos males que há sobre a face da terra.
No entanto, Deus existe
independentemente de alguém crer ou não em sua existência. A
existência de Deus é um postulado, do latim, postulatu, cujo significado filosófico é uma “Proposição não evidente nem demonstrável, que se admite como princípio de um sistema dedutível, de uma operação lógica ou de um sistema de normas práticas” (Dic. Aurélio). Deus é fato que não se pode demonstrar com base na lógica humana. A existência de Deus é um axioma , ou “uma proposição que se admite como verdadeira, sem exigência de demonstração”.
Assim, não há necessidade de prova da existência de Deus. Sua existência é a garantia da
lógica do Universo. Sem Deus, o universo não poderia existir. Se ele (o universo) existe, pois todos o vêm, é porque Deus existe!
Não podemos provar
que Deus existe porque nossos meios de prova são humanos. E Deus não é humano. É espírito infinito. Nossa mente é humana, limitada. Assim, não há provas, mas há evidências da existência de Deus. Ele, em sua infinita bondade, quis dar-se a conhecer aos seres criados.
Deus revelou-se a Adão, a Abraão, a Jacó, a Moisés, A Davi, a Isaías, a Jeremias, a
Ezequiel, a Maria, a Pedro, a Tiago, a João. Ou seja, Deus fez uma revelação de si mesmo a
pessoas que foram vistas por Ele como receptivas ao conhecimento do Ser Supremo. Essas
pessoas são testemunhas da existência pessoal de Deus.
Segundo Joyner
“Nossa maneira de compreender Deus não deve basear-se em pressuposições a respeito dEle, ou em como gostaríamos que Ele fosse. Pelo contrário: devemos crer no Deus que existe, e que optou por se revelar através das Escrituras. O ser humano tende a
criar falsos deuses, nos quais é fácil crer; deuses que se conformam com o modo de viver e com a natureza pecaminosa do homem (Rm 1.21-25). Alguns cristãos até mesmo caem na armadilha de se desconsiderar a auto-revelação divina para desenvolver um conceito de Deus que está mais de acordo com as suas fantasias pessoais do que com a Bíblia, que é a nossa fonte única de pesquisa, que nos permite saber que Deus existe e como Ele é”.
Na Bíblia
fonte maior da revelação de Deus, de sua pessoa, de seus atributos, não se vê
qualquer idéia que denote a intenção de provar a existência de Deus. Simplesmente, e de modo direto, sem rodeios ou prelúdios literários, as escrituras começam afirmando: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Esse é o ponto de partida da História da Humanidade, da origem de tudo, do homem, de todos os seres e coisas criadas.
Conforme Bancroft , “A existência de Deus é uma premissa fundamental nas Escrituras,
que não tecem argumentos para afirmá-la ou comprová-la. Por conseguinte, nossa principal base para a crença na realidade de Deus se encontra nas páginas da Bíblia. A Bíblia, portanto, não se destina ao ateu, que nega a existência de Deus, nem ao agnóstico declarado, que nega a possibilidade de saber se Deus existe ou não. Também não tem valor para o incrédulo que rejeita a revelação de Deus e, por isso mesmo, o Deus da revelação. O ateu rejeita o conceito de Deus por não ser capaz de descobri-lo no universo material. Deus, porém, sendo Espírito, não pertence à categoria da matéria e, portanto, não pode ser descoberto por investigações meramente naturais ou materiais”.
Berkhof afirma que
“O cristão aceita a verdade da existência de Deus pela fé. Mas esta fé não é uma fé cega, mas fé baseada em provas, e as provas se acham , -primariamente, na
Escritura como a Palavra de Deus inspirada, e, secundariamente, na revelação de Deus na
natureza. A prova bíblica sobre este ponto não nos vem na forma de uma declaração explícita, e muito menos na forma de um argumento lógico. Nesse sentido a Bíblia não prova a existência de Deus. O que mais se aproxima de uma declaração talvez seja o que lemos em Hebreus 11.5, “… é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam”.
A Bíblia pressupõe
a existência de Deus em sua declaração inicial, “No princípio criou Deus
os céus e a terra”. Ela não somente descreve a Deus como o Criador de todas as coisas, mas
também como o Sustentador de todas as suas criaturas, e como o governador de indivíduos e
nações. Ela testifica o fato de que Deus opera todas as coisas de acordo com o conselho da Sua vontade, e revela a gradativa realização do Seu grandioso propósito de redenção. O preparo para esta obra, especialmente na escolha e direção do povo de Israel na velha aliança, vê-se claramente no Velho Testamento, e a sua culminação inicial na Pessoa e Obra de Cristo ergue-se com grande clareza nas páginas do Novo Testamento. Vê-se Deus em quase todas as páginas da Escritura Sagrada em que Ele se revela em palavras e atos. Esta revelação de Deus constitui a base da nossa fé na existência de Deus,e a torna uma fé inteiramente razoável”.
por: Apud Stanley HORTON, Teologia Sistemática, p.125.
E. H., BANCROFT, Teologia Elementar, p. 19.
Louis BERKHOF, Teologia Sistemática, p. 23
Escola de Teologia – ETAP
Professor: Pr. Elinaldo Renovato de Lima