IMPÉRIO ROMANO CRISTÃO

As perseguições conservavam afastados todos aqueles que não eram sinceros em sua confissão de fé e, portanto, produziram uma igreja pura. Ninguém se unia à igreja para obter lucros ou popularidade. Somente aqueles que estavam dispostos a ser fiéis até a morte, se tornavam publicamente seguidores de Cristo. 

Apesar das perseguições ou talvez por causa delas, a Igreja multiplicava-se e crescia com rapidez assombrosa. No final do período de perseguição, a igreja era tão numerosa que se constituía a instituição mais poderosa do império.  

a) A conversão do Imperador 

Na tentativa de proteger o Império da anarquia criada pelos constantes assassinatos dos imperadores, Diocleciano dividiu o governo imperial em dois, estabelecendo um Augusto, com um César subordinado, em cada um. 

No ano 305, quando Diocleciano abdicou o trono imperial, forçou Maximiano, o Augusto do oriente a abdicar também, ficando Constâncio Cloro o Augusto do ocidente e Galério o Augusto do oriente, que continuou com a forte perseguição aos cristãos, enquanto no ocidente Constâncio Cloro suspendeu todas as medidas contra os cristãos. 

Com a morte de Galério estourou a luta pelo poder. Constantino, filho de Constâncio Cloro marchou contra Maxêncio, filho de Galério. Constantino afirmou ter visto no céu uma cruz luminosa com os seguintes dizeres: “In Hoc Signo Vinces” (Com este sinal vencerás). Constantino ordenou que seus soldados empregassem para a batalha o símbolo que se conhece como “Labarum”, e que consistia na superposição de duas letras gregas, X e P.  

Em batalha travada sobre a ponte Mílvian, Constantino venceu o exercito de Maxêncio e este morreu afogado caindo nas águas do rio. Era o dia 28 de outubro de 312. Constantino associou seu sucesso a Cristo e à superioridade da fé cristã. 

b) Nova capital 

Constantino transferiu a capital do império para o estreito de Bósforo, uma importante ligação entre a Ásia e a Europa, favorecida pelo comércio e pela posição estratégica. Era a cidade de Bizâncio, que posteriormente veio a chamar-se cidade de Constantino ou Contantinopla, a capital do Império Bizâncio. 

c) Os editos de Tolerância e Milão 

No ano 311, no leito de Morte, Galério desistiu de atacar os cristãos e publicou o Edito de Tolerância, que concede indulgência aos cristãos, solicitando que orem a seu Deus convalescença do imperador e “em benefício do bem geral e do seu bem-estar particular, para que o Estado seja preservado de perigo e eles mesmos vivam a salvo em seu lar”. Estava, assim, decretado o fim da perseguição à Igreja. 

No ano 313, o imperador Constantino publica o Edito de Milão, que estabelece a liberdade de culto para os cristãos, estabelecendo o culto divino como a “primeira e principal preocupação” do Estado, ordenando, também, que ninguém deveria molestar os que seguem a fé cristã. A partir deste decreto o cristianismo foi favorecido. Os templos das Igrejas foram restaurados e novamente abertos em toda parte. Em todo o império os templos pagãos eram mantidos pelo Estado, mas, com, a conversão de Constantino, passaram a ser concedido às Igrejas e ao clero cristão. 

Em decretos posteriores, no ano 321, Constantino estabeleceu o primeiro dia da semana como dia de adoração a Deus e o Império adota plenamente a fé cristã, favorecendo o clero e, até mesmo, perseguindo os pagãos. Alguns cristãos da época, como Eusébio de Cesaréia, autor do livro História Eclesiástica, achavam que Constantino implantaria o reino de Deus na terra. 

No ano 363 todos os governadores professaram o Cristianismo e antes de findar o quarto século o Cristianismo, foi virtualmente estabelecido como religião do Império. 

Se por um lado o fim das perseguições dava tranqüilidade para os cristãos, a conversão do cristianismo em religião oficial do império tinha um preço alto a ser pago. Hulburt4 declara, sobre esta nova condição: 

“Se o término da perseguição foi uma benção, a oficialização do cristianismo como religião do Estado foi, não há dúvida, maldição. 

Todos queriam ser membros da Igreja, e quase todos eram aceitos. Tanto os bons como os maus, os que buscavam a Deus e os hipócritas buscando vantagens, todos se apressavam em ingressar na comunhão. Homens mundanos, ambiciosos e sem escrúpulos, todos desejavam postos na Igreja, para, assim, obterem influência social e política. O nível moral do cristianismo no poder era muito mais baixo do que aquele que distinguia os cristãos no tempo de perseguição. 

Embora os cultos de adoração tivessem aumentado em esplendor, passaram a ser menos espirituais e menos sinceros do que no passado. Os costumes e as cerimônias do paganismo foram pouco a pouco infiltrando-se nos cultos de adoração. Algumas das antigas festas pagãs foram aceitas na Igreja com nomes diferentes”. 

d) As controvérsias 

Com o fim das perseguições os cristãos, antes unidos sob a condição comum, começaram a entrar em conflito por questões doutrinárias e teológicas. E o Imperador teve que usar da força do Estado para intervir nas questões da Igreja. 

A primeira controvérsia surgiu por causa da doutrina da Trindade. O Presbítero Ário de Alexandria defendia a tese de que Jesus era superior aos homens, porém inferior ao Pai, não admitia a existência eterna de Cristo. Seu principal opositor foi Atanásio também de Alexandria afirma a unidade de cristo com o Pai e sua divindade. Alexandre, o Bispo de Alexandria, não concordava com Ário, mas este tinha o apoio de Eusébio, Bispo de Nicomédia. 

Constantino não teve êxito em resolver a questão por isso convocou a primeira reunião oficial da Igreja, com a finalidade de resolver conflitos doutrinários, o concílio de Nicéia, em 325, onde a doutrina de Ário foi condenada. 

A segunda grande controvérsia foi levantada por Apolinário, que era Bispo em Laodicéia. Ele declarou que a natureza divina tomou lugar da natureza humana de Cristo. Este heresia foi condenada no Concílio de Constantinopla em 381.  

Outra grande controvérsia foi levantada por Nestor, sacerdote em Antioquia quando se opôs a aplicação do termo “Mãe de Deus”, a Maria, afirmou que as duas natureza de Cristo agiam em harmonia. No Concílio de Éfeso, em 433, Nestor foi banido e suas obras foram queimadas e aprovado o termo “Mãe de Deus”. 

e) Pais nicenos e pós-nicenos 

Alguns homens se destacaram neste período, entre os quais podemos destacar: 

• Eusébio de Cesaréia (263 – 339): Conhecido como pai da história da Igreja. 

Era amigo e conselheiro de Constantino e foi Bispo de Cesaréia. 

• Atanásio (296 – 373): Foi o mais notável defensor da ortodoxia trinitária. Tornou-se secretário de Alexandre, Bispo de Alexandria e teve grande participação no concílio de Nicéia. Foi nomeado patriarca de Alexandria no ano 328. 

• Basílio (329 – 379): Foi criado em um lar cristão e estudou filosofia em Atenas. Tornou-se Bispo de Cesaréia. 

• Ambrósio (340 – 397): Era filho do governador da Gália e estudou com Basílio em Atenas. Influencio Agostinho por meio de seus sermões. 

• João Crisóstomo (374 – 407): Crisóstomo, seu apelido, significa “boca de ouro” e foi lhe dado pela grande capacidade de retórica. Foi o maior pregador da igreja antiga. Tornou-se patriarca de Constantinopla em 397. Foi banido pela imperatriz Eudóxia e morreu no exílio. 

• Jerônimo (345 – 420): Conhecia bem o hebraico e traduzia a Bíblia para o latim (Vulgata). Tornou-se secretário de Dâmaso, Bispo de Roma. 

• Teodoro de Mopsuéstia (350 – 428): Foi o pai da teologia antioquina e privilegiava os antecedentes histórico-gramaticais na interpretação bíblica. Foi nomeado bispo de Mopsuéstia em 372. 

• Agostinho (345 – 430): Era filho de pai pagão e mãe cristã. Estudou filosofia em Cartago. Converteu-se em Milão em 386. Foi nomeado Bispo de Hipona em 395. Escreveu a primeira filosofia cristã da história. 

por: ETAP; Márcio Klauber Maia 

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