O PERFEITO ESTADO ETERNO (BIBLIA)

 

Estudo escrito por: pr Elinaldo Renovato de Lima

 

Após o Juízo Final, Deus dará início a um período
indefinido, que os estudiosos chamam de “O Perfeito Estado Eterno”. Jesus fez
alusão a esse período, chamando-o de

 

“mundo vindouro” (Lc 20.35). O Apocalipse traduz esse
estado: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a
primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21.1 – grifo acrescido).
Isaías viu esse estado eterno: “Porque, como os céus novos e a terra nova que
hei de fazer estarão diante da minha face, diz o Senhor, assim há de estar a
vossa posteridade e o vosso nome” (Is 66.22). O perfeito Estado Eterno será a
consumação de tudo o que consta do Ap 21 e 22.

 

 Haverá a restauração de todas as coisas.
Pedro, falando de Jesus, disse: “o qual convém que o céu contenha até aos
tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus
santos profetas, desde o princípio” (At 3.21). Certamente, haveremos de ver “As
coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do
homem são as que Deus preparou para os que o amam” (1 Co

2.9).

 

 A Igreja terá lugar preeminente. “Mas
os santos do Altíssimo receberão o reino e possuirão o reino para todo o sempre
e de eternidade em eternidade… E o reino, e o domínio, e a majestade dos
reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu
reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão e lhe obedecerão”
(Dn 7.18,28).

 

 Jesus reinará eternamente com poder e glória. “Este
edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre”
(2 Sm 7.13); Disse o anjo a Maria: “Este será grande e será chamado Filho do
Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e reinará
eternamente na casa de Jacó, e o seu Reino não terá fim” (Lc

1.32,33); e, numa declaração majestosa, diz o Apocalipse:
“E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os
reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará
para todo o sempre” (Ap 11.15).

 

                    Características do perfeito Estado
Eterno. 

 

 O Pr. Antônio Gilberto fez um resumo
dessas características [1], as quais
reproduzimos com algumas adaptações. 

 

1)    Santidade perfeita. Nos novos céus , e
na nova terra, haverá plena santidade: “E ali nunca mais haverá maldição contra
alguém” (Ap 22.3; ver 21.26); Is 57.15; 6.3; Sl 65.5; 

2)    Governo perfeito. Cristo será o
Governante Universal. A Ordem mundial e universal estará subordinada à sua Lei.
“e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22.3 b); 

3)    Serviço perfeito. “e os seus servos o
servirão [a Cristo]” (Ap 22.3 c); a idéia de que, no céu, as pessoas ficarão
andando de um lado para outro, sem fazer nada, não tem fundamento bíblico.
Haverá um trabalho perfeito;

4)    Visão perfeita. “E verão o seu rosto”
(Ap 22.4 a ). Os redimidos verão o rosto de Jesus como Ele é, e terão uma visão
magnífica das regiões celestiais, sem o auxílio de qualquer equipamento ótico
ou telescópico.

5)    Identificação perfeita. “e na sua testa
estará o seu nome” (Ap 22.4). “   12 A
quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu    Deus,
e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o
nome do meu Deus e o nome da cidade do meu    Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu,
do meu    Deus, e também o meu novo nome”
(Ap 3.12);

 

6)    Iluminação perfeita. “E ali não haverá
mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor
Deus os alumia” (Ap 22.5). 

7)    Interação perfeita. “e reinarão para
todo o sempre” (Ap 22.5); os salvos, formando a Igreja do Senhor, terão a
oportunidade de reinar com Ele por toda a eternidade.

 

 Segundo o Pr.
Antônio Gilberto, “A Bíblia menciona ainda uma sucessão de eras futuras, sobre
as quais nada nos é dito no presente, ‘ para mostrar nos séculos vindouros a
suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus (Ef 2.7)
… Certamente, nessas eras bíblicas futuras, o imenso universo, com seus
milhões e milhões de planetas será ocupado, pois Deus criou todas as coisas
para determinados fins , segundo o seu eterno plano e propósito” [2].

 

ESCATOLOGIA INDIVIDUAL

 

O ESTADO INTERMEDIÁRIO

 

 É o estado entre a morte física e a ressurreição,
tanto dos salvos, como dos ímpios. Como não poderia ser diferente, os salvos,
sem dúvida alguma, terão um destino diferente dos ímpios. A Bíblia abre o véu
da eternidade, em poucas referências, e nos permite vislumbrar o que espera o
salvo e o perdido, após a morte física. Alguns termos devem ser anotados para a
compreensão do assunto. “Sheol é um
termo hebraico que às vezes significa indefinidamente tumba, ou lugar ou estado
dos mortos; e outras vezes definidamente, um lugar ou estado dos mortos em que
existe o elemento de miséria e castigo, mas nunca um lugar de felicidade ou
bem-aventurança depois da morte. 

 

 Hades é uma palavra grega que significa
o mundo invisível dos espíritos idos… representa sempre o mundo invisível
como sob o domínio de satanás e como em oposição ao reino de Cristo. A terceira
palavra Paraíso , significa um parque
ou jardim de prazer. Foi usada pelos tradutores da Septuaginta para significar
o Jardim do Éden (Gn 2.8). Aparece apenas três vezes no Novo Testamento (Lc
23.43; 2 Co 12.4; Ap 2.7), e o contexto demonstra que está em relação com o ‘ terceiro
céu’, no qual cresce a árvore da vida – referindo-se necessariamente todas
estas passagens a uma vida que se segue após a morte” [3].

 

EM RELAÇÃO AOS ÍMPIOS (ver Lc 16.19-31).

 

 A Bíblia nos mostra
que os ímpios, antes da ressurreição, irão para
um lugar
chamado Hades. O texto de
Lucas 16 nos dá algumas pistas do além, na parábola do rico e de Lázaro. Ambos
foram sepultados. Aqui, o destino do corpo morto é o pó (cf. Ec 12.7). Mas a
diferença entre o ímpio e o justo, no fim da vida, é o destino diferente de um
e de outro.

 

1)
O Hades é um
lugar “embaixo”, ou oposto ao céu
(“seio de Abraão): o rico “ergueu os
olhos”, vendo “ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio” (v. 23); “Para o sábio, o
caminho da vida é para cima, para que ele se desvie do inferno que está
embaixo” (Pv 15.24); ver Pv 5.5; 9.18);

2)
Os ímpios sofrem. O rico ímpio estava em
“tormentos” (v. 23); “E, clamando, disse: Abraão, meu pai, tem misericórdia de
mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a
língua, porque estou atormentado nesta chama
(v.

 

24); eles estão “em prisão”: “no qual também foi se pregou
aos espíritos em prisão” (1 Pe 
3.19);

       

3)  Os
ímpios estão conscientes; eles vêm o “seio de Abraão”, que corresponde ao
Paraíso; o ímpio rico clamava ao “Pai Abraão”, e pedia socorro para seu
tormento  (v. 24);

       

4)  Eles
se lembram do que passaram na terra (v . 25);

5)  Eles
não podem ser consolados por ninguém. “E, além disso, está posto um grande
abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não
poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá” (v. 26); 

6)  Aos
ímpios “é impossível sair do lugar de seu tormento” (v. 26) [4]; diz o
Eclesiastes: “caindo a árvore para o sul ou para o norte, no lugar em que a
árvore cair, ali ficará” (Ec 11.3b); 

7)  “Eles
são inteiramente responsáveis por não haverem escutado a tempo as advertências
das Escrituras” (v. 27-31) [5].

 

     Em relação aos salvos

 

 Diz René Pache:
“Impossível imaginar um contraste mais completo. O crente merecia a mesma
condenação; mas, havendo-se humilhado diante de Deus,  colocou sua confiança naquele cuja morte o
livrou das consequências do pecado. Além disso, a morte não é mais para ele a
rainha do terror. E escapou do império da morte no dia em que nasceu de novo” [6][7]. Na
parábola do rico e de Lázaro (Lc 16), vemos, também, o estado intermediário do
salvo.

 

1)    O
justo é “levado pelos anjos” (v. 22); 

2)    O
justo é levado ao Paraíso (“seio de Abraão”) – v. 22;

3)    O
salvo é levado ao Paraíso, como o ex-ladrão da cruz: “hoje estarás comigo no
Paraíso” (Lc 23.42,43); “O espírito e a alma, que deixaram o corpo, são
‘depositados’ no lugar que lhes foi preparado, para aguardarem a ressurreição;”

31.

4)    É
Jesus quem recebe o espírito dos justos, após a morte, como se lê no caso de
Estêvão (At 7.59);

5)    Os
justos estão vivos, e mantêm sua identidade
pessoal,
sua personalidade, e consciência. Moisés, tendo sido sepultado por
Deus, aparece, falando com Jesus, no monte da transfiguração (Mt 17.3),
ao lado de Elias, que foi arrebatado; note-se que são os mesmos nomes: Moisés e
Elias. “Deus não é

Deus dos
mortos, mas dos vivos” (Lc 16.22); ver 1 Ts 5.10; Rm 8.10; Ap 6.9,10.

6)    O
justo, após a morte, é consolado (v. 25 b): “e, agora, este é consolado”;

7)    Os
mortos salvos estão “em Cristo” (1 Ts 4.16); “no Senhor” (Ap 14.13);

8)    Os
justos que morrem são bem-aventurados (Ap 14.13 a );

9)    Os
justos descansam de “seus trabalhos” (Ap 14.13);

10) As “suas
obras” os seguem (Ap 14.13);

11) Para o
salvo, a morte é um ganho; Paulo tinha o “desejo de partir e estar com Cristo, porque isto
é ainda muito melhor” (Fp 1.21,23 – grifo acrescido); 

 

 Idéias errôneas acerca do estado
intermediário
.

  

Acerca do lugar dos ímpios, após a
morte, diz Horton: “No Antigo Testamento, o lugar da vida após a morte para os
ímpios é, na grande maioria das vezes, chamado Sheol

(geralmente traduzido por “inferno” ou “sepultura”) [8].

 

 Nem sempre Sheol  é a sepultura… quanto a Bíblia fala de
sepultura, de uma maneira inconfundível, como quando os israelitas perguntaram
a Moisés: ‘Não havia sepulcros no Egito, para nos tirares de lá, para que
morramos neste deserto?’ (Ex 14.11). Há ocasiões em que a palavra Sheol refere-se a sepultura (Sl 6.5;
115.17,18; Is 38.17-19.

 

 No Novo Testamento Sheol é traduzido por Hades. Normalmente, o hades é visto como
um lugar destinado aos ímpios ; Deus livra o justo do Sheol , ou da sepultura (Sl 49.15); o Sheol  (inferno) é lugar de
punição para os ímpios (cf. Sl 9.17).

 O Sheol
tem sido interpretado como um lugar, dividido em dois compartimentos:
um
para os ímpios, e outro, para os salvos. Mas, segundo Horton, isso se deve,
“possivelmente, à influência de idéias gregas e também porque Jacó, de luto,
falou em descer ao Sheol ao encontro
de José, mais tarde, os judeus, considerando Jacó e José justos, raciocinaram
que tanto os justos quanto os ímpios iam para o Sheol. Assim, concluíram que deveria haver um lugar especial no Sheol  para o justo” [9].
Segundo Horton, “Na verdade, não há nenhuma passagem no Antigo Testamento que
torne claramente indispensável dividir o Sheol
em dois compartimentos – um para punição e outro para bênçãos” [10]

 

 Com relação aos
termos “Sheol” e “Hades”, Berkhof diz que “de maneira nenhuma é fácil
interpretar estes termos, e, ao sugerir uma interpretação, não queremos dar a impressão
de estamos falando com absoluta segurança”. Para esse autor, os termos não são
sempre empregados no mesmo sentido, ou traduzidos pela mesma palavra, “seja
mundo inferior, estado dos mortos, sepultura ou inferno” … “Com toda
probabilidade, esta descrição local se baseia numa generalização da idéia do
sepulcro, ao qual o homem desce, quando entra no estado de morte” [11]. Dentro
dessa concepção, de que “sheol” ou “hades” representam esse “estado de morte”,
tanto salvos como ímpios estão num desses

“lugares”.

 

 René Pache entende,
no entanto, que o ensino sobre o lugar dos
mortos (“le séjour
dês morts”), dividido em
duas partes
, conforme criam os judeus, tem razão de ser. Baseiase em Lucas
16, no texto que se refere a Lázaro e ao rico, procurando demonstrar que ambos
estavam no lugar dos mortos. Lázaro, no “Seio de Abraão”, que corresponde ao
Paraíso, que é lugar de espera, antes da primeira ressurreição, dos justos, e o
rico, no Hades, que é lugar intermediário de espera pelo julgamento final. Diz esse
autor francês, que “está claro que o estado atual dos mortos, crentes e ímpios,
é provisório. Uns, desde o presente, estão em repouso e felicidade, diante de
Deus, esperando a ressurreição e o reino na eternidade. Outros, os ímpios,
estão na prisão preventiva, esperando o julgamento final e o inferno
definitivo” 36.

 

              Pearlman
compartilha da idéia de um lugar dos mortos,
dividido em duas partes.

 

Com base no AT, ele diz que “Séol era habitado tanto pelos
justos (Jó 14.13; Sl 88.3; Gn 37.34,35) como pelos ímpios (Pv 5.3-5; 7.27; Jó
24.19; Sl 31.17). Do caso do Rico e

Lázaro concluímos que havia duas seções no Seól – um lugar
de sofrimento para os

 

ímpios (Lc 16.23,24) e outro lugar para os justos, um
lugar de descanso e conforto (Lc 16.25).
Entretanto, os santos do Velho Testamento não estavam sem
esperança.  O Santo de Deus, o Messias,
desceria ao Séol; o povo de Deus seria redimido do Séol (Sl 16.10; 49.15). Essa
profecia cumpriu-se, quando Cristo, após Sua morte, desceu ao mundo inferior
dos espíritos finados (Mt 12.40; Lc 23.42,43), e libertou do Séol os santos do
Velho Testamento, levando-os consigo para o Paraíso celestial (Ef 4.8-10). Essa
passagem parece indicar que houve uma mudança nesse mundo dos espíritos, e que
o lugar ocupado pelos justos que aguardam a ressurreição foi trasladado para as
regiões celestiais (Ef 4.8; 2 co 12.2). Desde então, os espíritos dos justos
sobem para o céu e os espíritos dos ímpios descem para a condenação (Ap
20.13,14) [12]. Essa é
visão mais aceita no meio evangélico em geral. Há quem não a aceite, como
Horton, e outros.

 

 Compartilhamos da
interpretação de Pearlman e de René Pache, de que existe o lugar dos mortos,
com duas seções, ou divisões. Na verdade, talvez não seja apropriado falar-se
de lugar físico, mas de estado, ou situação dos mortos. Nesse “lugar”, ou nessa
situação, há dois “compartimentos” diferentes. Um, chamado Paraíso, que está
nas regiões celestiais, “para cima” (Pv
15.24 a ), que serve de “lugar de espera” para os justos, que aguardam a
primeira ressureição, quando irão ao encontro de Cristo, para viverem
eternamente com Ele. E, outro, chamado Hades, “para
baixo
” (Pv 15.24b), que serve de “lugar de espera” para os ímpios, que
aguardam a “segunda ressurreição”, quando irão para o juízo do trono branco, o
juízo final, para receberem o castigo por suas obras, e serem lançados
definitivamente no inferno (cf. Sl 9.17). Note-se que o Rico o rico, no Hades,
“ergueu os olhos”, e viu lázaro ao longe (em cima), no “Seio de Abraão”
(Paraíso). 

 

 Segundo o Pr.
Elienai Cabral [13], antes do
Calvário, “o Sheol-Hades dividia-se
em três partes distintas… A primeira parte é o lugar dos justos, chamada
‘Paraíso’, ‘Seio de Abraão’, ‘lugar de consolo’ (Lc 16.22,25; 23,43). A segunda
é a parte dos ímpios, denominada ‘lugar de tormento’ (Lc 16.23). A terceira
fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como ‘lugar de
trevas’, ‘lugar de prisões eternas’, ‘abismo’ (Lc 16.26; 2 Pe 2.4; Jd v. 6).
Nessa terceira parte foi aprisionada uma classe de anjos caídos, a qual não sai
do abismo, senão quando Deus permitir nos dias da Grande Tribulação (Ap

9.1-12). Não há qualquer contato com esses espíritos
caídos; habitantes do poço do Abismo”. 

 

 Para esse autor,
depois do Calvário, “Houve uma mudança dentro do mundo das almas e espíritos
dos mortos… Quando Cristo enfrentou a morte e a sepultura, e as venceu,
efetuou uma mudança radical no Sheol-Hades
(Ef 4.9,10; Ap 1.17,18). A parte do ‘Paraíso’ foi trasladada para o terceiro
céu, na presença de Deus (2 Co 12.2,4), separando-se completamente das ‘partes
inferiores’, onde continuam os ímpios mortos. Somente os justos gozam dessa
mudança em esperança pelo dia final, quando esse estado temporário se acabará,
e viverão para sempre com o Senhor num corpo espiritual ressurreto” [14].

 

             Devemos ter em mente que, mesmo sem entender toda
a realidade do mundo

espiritual, pois agora só
conhecemos “em parte” (1 Co 13.9), o mais importante é estar
em comunhão com Cristo, para, seja pela morte,
seja pelo arrebatamento, possamos
estar com
Ele na eternidade.

 

A
Igreja Católica prega que há o Purgatório
, lugar em que os fiéis, mesmo que
não vivam em corrupção, têm que passar por lá, para purgar os pecados chamados
“veniais”. Diz Strong: “Segundo a doutrina da Igreja Católica Romana, ‘todos
que morrem em paz com a igreja, mas não são perfeitos, passam pelo purgatório’.
Aqui, eles fazem a satisfação pelos pecados cometidos após o batismo através do
sofrimento por um tempo maior ou menor segundo o grau de sua culpa” [15]Mas a
Bíblia não autoriza essa doutrina em qualquer de seus livros. Essa idéia foi
aceita por volta do Século XII, e posta em prática após o Concílio de Trento,
no século XVI [16].
“Agostinho também introduziu a idéia de que a oração, as boas obras e o dizer a
missa ajudariam os mortos a suportar os sofrimentos do purgatório. Gregório, o
Grande, foi ainda mais longe, declarando que dizer a missa, como uma repetição
do sacrifício de Cristo, liberta as almas do purgatório” [17].
Depois, houve a venda das indulgências, no século XI, em que se trocavam o
perdão por dinheiro. Lutero combateu essa prática abominável, e foi
excomungado. 

 

 Houve também a
idéia católica de que haveria um lugar chamado “limbo”, para o qual iriam as
crianças que não houvessem sido batizadas, e morreriam “pagãs”; esse ensino é
rejeitado, hoje, pelo magistério católico.

 

 Os Adventistas do Sétimo Dia ensinam que as
pessoas, após a morte física, passam a um estado, chamado “sono da alma”, na sepultura (hades); tomam ao pé da letra textos
como o de Mt 9.24, e Jo 11.11, que dizem que Lázaro dormia, bem como a filha de
Jairo; Paulo também usa essa figura para a morte (1 Co 15.6, 18, 20, 51; 1 Ts
4.13-15; 5.10); essa idéia pode ser refutada pela Bíblia, pois Abraão, Isaque e
Jacó, que morreram, e foram sepultados, encontram-se plenamente vivos e
conscientes, cf. Mt 22.32; o texto de Lucas 16 desmente tal crença, pois vê-se
o rico plenamente consciente, pedindo ajuda
ao Pai Abraão. Eles dizem que se trata apenas de uma parábola. Mas, na
realidade, observa-se que o texto reflete um fato real, pois, nas parábolas,
não se citam nomes dos protagonistas, como em Lc 16. O ex-ladrão da Cruz, ao
crer em Cristo, ouve do Senhor a palavra de que “hoje estarás comigo no
Paraíso” (Lc 23.42,43), e não de que estaria “dormindo”. No Eclesiastes, lemos
que o corpo volta ao pó, e o espírito volta a
Deus, que o deu (12.9). 

 

 No Eclesiastes, há
expressões que os adventistas usam para reforçar o ensino sobre o “sono da
alma”. “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma,
nem tampouco eles têm jamais recompensa, mas a sua
memória
ficou entregue ao esquecimento.
Até o seu amor, o seu ódio e a sua inveja já pereceram e já não têm parte alguma neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol… Tudo quanto te vier à mão
para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais,
não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma” (Ec 9.5,6,10).
Essas passagens, ou esses termos, na verdade, referem-se à alienação total dos
mortos em relação ao que se passa aqui na terra. Eles “não sabem mais coisa
nenhuma” do que se passa aqui, “debaixo do sol”; a “sua memória ficou entregue
ao esquecimento”, o amor, o ódio, inveja, etc., em relação ao que se passa na
terra. Tais coisas lhes serão lembradas, no momento do juízo final, quanto aos
ímpios, quando serão julgados pelas coisas que estão escritas “nos livros” das
obras (cf. Ap 20.12,13). Por outro lado, vemos que, em Lc 16, o rico ímpio pede
ao “Pai Abraão” que envie alguém para falar a seus parentes, para que não vão
para o Hades. Ao que parece, o sofrimento dos ímpios, no Hades, inclui
lembrança de seus entes queridos. Quanto aos justos, não há registro claro de
consciência quanto ao estado de seus familiares, aqui, na terra. 

 

 

 O espiritismo ensina que, após a morte, ocorre a
reencarnação.
Os espíritas e os adeptos de diversas religiões orientais
(Hinduísmo, Budismo, etc.) pregam que existem oito esferas, pelas quais os
espíritos devem passar para se purificarem. Ensinam a reencarnação dos mortos
recebem uma outra identidade, podendo reencarnarem como seres humanos, animais,
plantas ou como um deus; acreditam que existe o “carma”, que se constitui no
processo de purificação espiritual, através das diversas pretensas
reencarnações;  “Na Índia, acredita-se
que esse processo possa levar até seiscentas mil reencarnações” [18]. 

 

 A Bíblia condena
essa crença herética. Disse Jesus: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida
eterna
e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (Jo
5.24 – grifo nosso); nesse texto, os verbos estão no presente; Jesus não deu a
mínima idéia de que alguém seria salvo após a morte, nem após milhares de
pretensas reencarnações (ver 2 Co 6.2; Rm 8.1 e ref.).

 

 Ensinam, também, os espíritas, que os mortos
comunicam-se com os vivos, através dos “médiuns”. Deus proíbe tal prática (Lv
19.31; 20.6, 7; Dt 18.9-12; Is 8.19-22). Na parábola do rico e de Lázaro, vemos
que não é permitida a comunicação dos vivos com os mortos (Lc 16.27-30).

 


 


[1] Antônio GILBERTO. O calendário da profecia, p. 101-2.

[2] Ibid.,  p. 102.

[3] H. Orton WILEY & Paul
T CULBERTSON. Introdução à Teologia
cristã,
p. 462-3.

[4] René PACHE. L´au-delà, p. 32.

[5]
Ibid., p. 32.

[6] Pache RENÉ, l´au-delà, p. 32.

[7] Eurico BERGSTÉN. Teologia sistemática – doutrina das últimas
coisas,
p. 52.

[8] Horton, STANLEY M. Nosso destino., p. 42.

[9] Ibid.,  p.
46-7.

[10]
Ibid., p. 47.

[11]
Berkhof, LOUIS. Teologia Sistemática, p.
690-1. 36 Pache, RENÉ. L´au
delà, p. 48-9.

[12] Myer PEARLMAN. Conhecendo as doutrinas da bíblia, p.
375-6.

[13] Elienai CABRAL. O estado intermediário dos mortos, p.
21.

[14] Elienai CABRAL. O estado intermediário dos mortos, p.
21.

[15] Augustus H. STRONG. Teologia sistemática, p. 797.

[16] Horton STANLEY M. Nosso destino.  p. 52.

[17] Ibid., p. 54.

[18] 43 Ibid., p. 57. 

 

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