O Discípulo e o Dízimo

O dízimo é uma prática bíblica que consiste em devolver a Deus uma parte dos nossos rendimentos, reconhecendo que tudo o que temos vem dele e que somos apenas administradores dos seus bens. O dízimo é uma forma de expressar a nossa gratidão, a nossa fé e a nossa obediência ao Senhor, que nos abençoa com todas as coisas.

Mas qual é a relação entre o dízimo e o discipulado? Será que o dízimo é apenas uma questão financeira ou também envolve um compromisso espiritual? Como podemos entender o dízimo à luz do chamado de Jesus para sermos seus discípulos?

O discipulado é um processo de aprendizado, transformação e seguimento de Jesus. O discípulo é alguém que ouve a palavra de Jesus, obedece aos seus mandamentos e imita o seu exemplo. O discípulo é alguém que ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. O discípulo é alguém que nega a si mesmo, toma a sua cruz e segue a Jesus.

O dízimo faz parte desse processo de discipulado, pois ele nos ensina a confiar em Deus, a depender dele e a honrá-lo com os nossos recursos. O dízimo nos ajuda a vencer o egoísmo, a avareza e a idolatria do dinheiro. O dízimo nos desafia a sermos generosos, solidários e fiéis ao Senhor.

A Bíblia nos mostra vários exemplos de pessoas que deram o dízimo como uma forma de adoração e reconhecimento da soberania de Deus. Um desses exemplos é Abraão, que deu o dízimo de tudo o que tinha ao sacerdote Melquisedeque, depois de vencer uma batalha (Gênesis 14.18-20). Abraão foi chamado por Deus para ser o pai de uma grande nação e para ser uma bênção para todas as famílias da terra (Gênesis 12.1-3). Abraão foi um discípulo de Deus, que creu na sua promessa e obedeceu à sua vontade.

Outro exemplo é Jacó, que prometeu dar o dízimo de tudo o que Deus lhe desse, depois de ter um sonho em que viu uma escada que ligava o céu à terra e anjos subindo e descendo por ela (Gênesis 28.10-22). Jacó foi o filho escolhido por Deus para continuar a linhagem de Abraão e para ser o pai das doze tribos de Israel. Jacó foi um discípulo de Deus, que lutou com ele e recebeu um novo nome: Israel.

No Antigo Testamento, Deus ordenou ao povo de Israel que desse o dízimo dos frutos da terra e dos animais ao sacerdócio levítico, que se dedicava ao serviço do tabernáculo (Números 18.21-24). O dízimo era uma forma de sustentar o ministério dos levitas e de contribuir para as necessidades dos pobres, dos órfãos, das viúvas e dos estrangeiros (Deuteronômio 14.22-29). O dízimo era um sinal da aliança entre Deus e Israel, um povo santo e separado para ele.

No Novo Testamento, Jesus não aboliu o princípio do dízimo, mas sim o ampliou e o aprofundou. Jesus criticou os fariseus que davam o dízimo até da hortelã, do endro e do cominho, mas negligenciavam os aspectos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé (Mateus 23.23). Jesus ensinou que o dízimo não deve ser uma prática legalista, hipócrita ou ostentosa, mas sim uma expressão sincera, humilde e discreta do nosso amor a Deus e ao próximo (Mateus 6.1-4).

Jesus também nos mostrou que o dízimo não se limita a uma porcentagem fixa dos nossos rendimentos, mas sim a uma entrega total da nossa vida a Deus. Jesus disse que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos (Marcos 10.45). Jesus se entregou por nós na cruz, dando-nos o maior exemplo de amor, sacrifício e generosidade. Jesus nos convida a segui-lo nesse caminho de entrega e renúncia, dando tudo o que temos e somos por ele e pelo seu reino.

Portanto, o dízimo é uma parte integrante do discipulado cristão. O dízimo é uma forma de reconhecermos que Deus é o dono de tudo e que nós somos apenas mordomos dos seus bens. O dízimo é uma forma de adorarmos a Deus com os nossos bens e de contribuirmos para a sua obra na terra. O dízimo é uma forma de expressarmos a nossa gratidão, a nossa fé e a nossa obediência ao Senhor, que nos abençoa com todas as coisas.

Que possamos ser discípulos fiéis e dizimistas generosos, seguindo o exemplo de Jesus, que nos amou e se entregou por nós.

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