Inquisição Católica

A Inquisição refere-se a uma série de instituições e procedimentos judiciais, principalmente na Europa, que foram estabelecidos com o objetivo de combater a heresia, ou seja, crenças religiosas consideradas desviantes pela igreja dominante. A Inquisição teve diferentes fases ao longo da história e em diferentes regiões, sendo mais proeminente durante a Idade Média e a Idade Moderna.

Existiram duas principais instituições inquisitoriais: a Inquisição medieval e a Inquisição espanhola.

Inquisição Medieval: A Inquisição foi estabelecida no século XIII pela Igreja Católica Romana para combater o crescimento de movimentos considerados heréticos, como os Cátaros no sul da França. A Inquisição Medieval foi caracterizada por métodos brutais para identificar e punir os hereges, incluindo tortura e execuções.

Inquisição Espanhola: A Inquisição Espanhola foi estabelecida em 1478 pelos Reis Católicos, Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela. O objetivo era purificar a fé católica e erradicar qualquer influência muçulmana ou judaica após a Reconquista da Península Ibérica. A Inquisição Espanhola é notória por seus métodos rigorosos, incluindo tortura e a perseguição aos judeus e muçulmanos convertidos ao cristianismo, os chamados “conversos”.

A Inquisição foi um período sombrio da história em que as autoridades eclesiásticas e seculares muitas vezes se uniram para suprimir a diversidade de crenças religiosas. As práticas da Inquisição foram condenadas por sua violência e pela falta de respeito aos direitos humanos fundamentais.

É importante notar que, embora a Inquisição seja frequentemente associada à Igreja Católica, outras instituições religiosas e governamentais também participaram de atividades inquisitoriais em diferentes contextos e épocas.

As punições variavam de acordo com o que consideravam os inquisidores ser leve ou não, podendo ser aplicada uma simples penitência ou, em casos, graves, o desterro ou a morte. Para obter confissões, faziam uso de vários instrumentos de tortura, como:
· Uma cadeira cheia de pregos em que o inquirido deveria sentar-se;
· Alicates que arrancavam as unhas;
· Uma cama em que o acusado era deitado, amarrado pelas mãos e pelos pés, sendo seus membros puxados por cordas até desconjuntar seus ossos;
· Outros tipos de tortura.

Em 1480 d. C., a inquisição foi estabelecida na Espanha, a qual somente em 1834 foi abolida. O primeiro grande inquisidor geral espanhol foi Tomás Torquemada. Ele foi nomeado pelo papa Sisto IV e tinha o apoio dos reis católicos Fernando e Isabel. A Enciclopédia Barsa traz a seguinte informação sobre sua atuação:

Instados pelo inquisidor-geral, os Reis Católicos suspenderam uma sábia política de tolerância religiosa e implantaram medidas repressivas não só contra os mouros, mas também contra judeus e marranos (judeus convertidos ao catolicismo), embora o próprio Torquemada fosse um deles. Cerca de 170.000 judeus, cujo poder econômico e financeiro constituía uma ameaça política ao trono,foram expulsos da Espanha pelo edito real de 31 de março de a492, que estipulava o exíguo prazo de quatro meses para se retirarem do país sem levar dinheiro, ouro ou prata. Estima-se em cerca de dois mil o número de mortos na fogueira durante a gestão de Torquemada frente à Inquisição. Tais excessos renderam-lhe a mais abominável reputação e, em junho de 1494, o papa Alexandre VI viu-se obrigado a nomear quatro inquisidores auxiliares para refreá-lo. Tomás de Torquemada morreu em Ávila,em 16 de setembro de 1498 (BARSA, vol. 14, 2005, p. 134).

Horrível foi a atuação da Inquisição. Em qualquer país aonde esse tribunal infernal chegou deixou suas marcas de sangue. Em Portugal, só foi abolida em 1821. No Brasil, houve milhares de vítimas, tendo centenas delas recebido condenação, a partir do ano de 1591, através de inquisidores jesuítas. Dentre esses horrores cometidos no solo brasileiro, é digno de nota a morte do pastor huguenote Jean Jaques le Balleur, conhecido como pastor Bollés, conforme narra Silveira:

Retardou o algoz o desfecho fatal. Dizem que por imperícia, mas na verdade por compaixão do inocente, e inclusive tendo sido por ele já instruído acerca do evangelho. O fato é que Anchieta, de espírito odiento, antecipou-se ao carrasco e cerrando a corda, derrubou sua vítima do patíbulo, enforcando ele próprio a Bollés, fazendo com suas próprias mãos um dos mártires do Brasil e mais um daqueles que integram para sempre à verdadeira Igreja de Cristo; àquela que realmente é a triunfante, no dizer de Savonarola (SILVEIRA, op. cit., p. 102 – sic.).

Esse tribunal mortal bem serviu à causa da contra-reforma católica, tendo sido instrumento de uso contínuo pelos jesuítas, fanáticos seguidores do papa.

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