Ressurreição em relação aos salvos

 

Estudo escrito por: pr Elinaldo Renovato de Lima

Neste ponto, detemo-nos apenas no que acontecerá com os
salvos, principalmente com os que estiverem mortos, quando do arrebatamento da
Igreja. Como já foi visto, os salvos participam da “primeira ressurreição”.
Alguns aspectos importantes devem ser considerados.

 

1)    O Espírito Santo é quem ressuscitará os salvos. Diz
a Bíblia: “E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita
em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso
corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita” (Rm 8.11). A palavra de Deus
nos dá a garantia da ressurreição, pelo fato de Cristo haver sido ressuscitado
por Deus, “pelo seu Espírito”.

 

2)    Os corpos dos ressuscitados. Há muita
especulação sobre o que ocorrerá com o corpo mortal. Serão os mesmos corpos que
foram sepultados? Para que o corpo ressuscitar, se é matéria? O espírito já não
está no Paraíso? Myer Pearlman, dissertando sobre a importância da
Ressurreição, diz que “Alguns dos membros da igreja em Corinto estavam
influenciados por uma antiga doutrina grega da imortalidade, a qual ensinava
que, ao morrer, o corpo pereceria para sempre, mas que a alma continuaria a
existir. Em verdade, dizia esse ensino, era bom que o corpo perecesse pois só
servia de estorvo e impedimento à alma” [1].  Para aqueles crentes, não haveria
ressurreição dos mortos.
 

Combatendo essa falsa crença, Paulo escreveu o texto de 1º
Coríntios, Cap. 15, que esclarece como será a ressurreição dos mortos salvos.

 

 Paulo diz que se
Cristo não ressuscitou, em seu corpo redivivo, “é vã a nossa pregação, e também
é vã a vossa fé” (1 Co 15.14); e que, se isso é verdade, nós somos “falsas
testemunhas de Deus”, quando pregamos a ressurreição, e , pior ainda, “os que
dormiram em Cristo estão perdidos” (15.18). Mas, para reafirmar o ensino
verdadeiro sobre a ressurreição, o apóstolo, de modo eloqüente e firme, diz:
“Mas, agora, Cristo ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que
dormem.

Porque, assim como a morte veio por um homem, também a
ressurreição dos mortos veio por um homem” (1 Co 15. 20,21).

 

               Após
mostrar a vitória de Cristo sobre o império da morte, Paulo esclarece que

“Assim também a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo em corrupção, ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia,
ressuscitará em glória. Semeiase em
fraqueza, ressuscitará com vigor.
Semeia-se corpo animal, ressuscitará corpo
espiritual
. Se há corpo animal, há também corpo espiritual” (1 Co 15.42-44
– grifo acrescentado). Será um corpo com as características grifadas,
incorruptível (que não pode mais morrer); um corpo glorioso, cheio de vigor, de
natureza espiritual. Diz Horton:

“Nossos corpos ressurretos serão os mesmos que agora possuímos, transformados de modo a se
conformarem com a natureza glorificada do corpo de Jesus (Fp 3.21; 1 Jo 3.2)” [2].  O corpo natural (gr. Psuchikon) será transformado num corpo espiritual (gr. Pneumatikon), semelhante ao de Jesus
ressuscitado (cf. Fp 3.21). Será um corpo imortal
(cf. 1 Co 15.53-54).

       

 Nessa mesma linha
de pensamento, o Pr. Antônio Gilberto afirma que “A palavra ressurreição
implica em ressurreição do corpo que morreu e foi sepultado, ou de alguma outra
forma ficou retido aqui na terra. Se o corpo ressurreto não fosse o mesmo, isto
não seria ressurreição. Seria uma nova criação, e o termo na Bíblia seria um
absurdo” [3]. Igual
interpretação tem o Pr. Elienai Cabral, quando diz: “Não importa como os corpos
foram sepultados, se em covas na terra, ou no fundo dos mares e rios, ou
queimados. Na realidade, os mesmos corpos mortos serão ressuscitados. No caso
dos mortos em Cristo, seus corpos serão transformados (1 Co 15.35-38), iguais
(semelhantes) ao corpo ressurreto de Cristo (Fp 3.21 – parêntese acrescentado) [4]

 

 O Pastor Eurico
Bergstén tem opinião diferente sobre a natureza do corpo que ressuscitará. Diz
ele: “Depois que o corpo se desfaz pela corrupção, é guardado como se fosse uma
semente, por séculos, e Deus sabe onde se encontra essa semente. Quando tocar a
trombeta, o Espírito de Deus operará com o seu poder sobrenatural, dando vida
àquele germe e fazendo ressuscitar o corpo glorificado num só momento, Rm 8.11.
Não será o mesmo corpo que foi sepultado,
mas o fruto dele. Tem a mesma personalidade, os mesmos traços de caráter, mas
agora é perfeito” [5].
“Concomitantemente, o espírito imortal do homem entrará no novo corpo,  do homem entrará no novo corpo, nesse
tabernáculo espiritual, e o corpo ressuscitado será arrebatado ao encontro do
Senhor nos ares” – grifo nosso 51.

  

Champlin e Bentes dizem sobre o corpo
ressuscitado: “Será um corpo espiritual, uma forma espiritual, pertencente ao
mundo eterno. Provavelmente não terá constituição atômica, mas antes, se
comporá de algum campo de força ou
energia espiritual, um veículo apropriado para a alma, nos lugares celestiais.
Sim, certamente o corpo ressurrecto dos crentes não será um corpo físico…” [6].

 

 Enquanto o crente está na terra, antes da
ressurreição, ou do arrebatamento, seu corpo está sujeito à corrupção
(envelhecimento e morte); isso porque, enquanto a alma e o espírito já estão
plenamente salvos, ele ainda aguarda
a redenção”
de seu corpo.

“Pois em esperança somos
salvos” (cf. Rm 8.19-24). É por isso que ainda adoece, mesmo que Jesus tenha
morrido para nos salvar e nos curar, conforme diz Isaías:

“Verdadeiramente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as
nossas dores levou sobre si… e, pelas
suas pisaduras, fomos sarados (Is 53.4,5
– grifo nosso). Há uma parte que ainda não é salva, que é o corpo físico.
Quando Isaías escreveu essa passagem, nós
(os cristãos atuais) ainda nem existíamos.
Os verbos sublinhados, no tempo passado, na realidade, se referem ao futuro.
Jesus não houvera morrido, ainda, mas, profeticamente, já era revelado o que
havia de acontecer.

 

       

 

 Como ficarão os bebês que morrerem? Essa é
uma pergunta curiosa, que muitos têm feito mundo afora. Quase não se fala ou se
escreve a respeito disso. Mas Horton atreve-se a afirmar: “Estejamos certos de
que as crianças e os bebês que morrem também serão transformados, trazidos à
completa estatura física e espiritual de Cristo, da qual todos nós
miraculosamente tomaremos parte”… “Não há nada na Bíblia que diga que os
bebês estejam excluídos desse evento. A vida, incluindo a vida dos bebês que
foram abortados, é algo colocado por Deus, e Ele sabe leva-la à perfeição.
Ademais, como René

Pache
ressalta, ‘a Bíblia não faz nenhuma descrição de crianças brincando nos pátios
dos céus” 53. Quanto às crianças, enquanto não chegam à idade da
razão, cremos que as mesmas, ainda que sejam filhas de descrentes, são salvas,
pois “das tais é o Reino de Deus” (Mc 10.14). A Bíblia não fala nada quanto aos
bebês e os abortivos, mas aceitamos como consistente a interpretação de Horton.

 

A TRANSFORMAÇÃO DOS SALVOS QUE ESTIVEREM
VIVOS

 

 Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro
(cf. 1 Ts 4.15,16). Ato contínuo, os crentes em Jesus, que estiverem vivos, na
primeira fase de Sua Vinda, não mais morrerão. Serão transformados: 

 

 “Eis aqui vos digo
um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas
todos
seremos transformados, num
momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta
soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e
nós
seremos transformados. Porque
convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto
que pé mortal se revista da imortalidade” (1 Co 15.51-53). Pela mesma razão
pela qual os corpos dos crentes mortos terão que ressuscitar, os corpos dos
crentes vivos, por ocasião do arrebatamento da Igreja, terão que passar pelo
processo sobrenatural da “transformação”. Sem dúvida, para atender à exigência:
“E, agora, digo isto, irmãos: que carne e
sangue não podem herdar o Reino de Deus, nem a
corrupção herda a incorrupção” (1 Co 15.50 – grifo nosso). 


[1] Myer PEARLMAN. Conhecendo da doutrinas da bíblia, p.
370-1.

[2] Horton, STANLEY. Nosso destino, p. 67.

[3] Antônio GILBERTO. O calendário da profecia, p. 20.

[4] Elienai CABRAL. A ressurreição dos mortos, p. 28.

[5]
Eurico BERGSTÉN. Teologia sistemática –
doutrina das últimas coisas,
p. 53. 51 Ibid., p. 54.

[6]
R.N. CAMPLIN & J.M. BENTES. Enciclopédia
de bíblia, teologia e filosofia,
Vol. 5, p. 677. 53 Ibid., p.
69.

 

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