O LIVRO DE NAUM (CONFORTO)

Dos livros pequenos, este é o 7º na lista dos Profetas Menores. Na sequencia do estudo dos livros proféticos, ele é o 12º.

O Personagem Naum.

O profeta Naum era natural da cidade de Elcese, uma aldeia da Palestina. A cidade também recebe o nome de Elcós. Por isso é que o profeta é chamado de elcosita (Na 1.1). Segundo o comentarista da Bíblia de Jerusalém (2004: 1249), Naum foi “um dos grandes poetas de Israel (2.4-3.19)”. O comentarista da Bíblia de Genebra acrescenta um dado interessante a respeito de Naum como poeta. Ele diz: “Como seu predecessor Isaías, Naum também era um poeta talentoso. Utilizando uma riqueza de metáforas e linguagem ilustrativa, o profeta retrata a destruição total de Nínive por um inimigo anônimo e assim expressa o alívio universal e a alegria de todos os que sofreram sob o regime opressivo de um cruel tirano”.

B. Atuação de Naum.

Naum profetizou entre os anos de 663 e 612 a.C. (Bíblia Católica, Editora Paulus, 1900: 1201). Stanley Ellisen (Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p.

366) diz que, “Nínive foi destruída em 612, e este acontecimento foi profetizado por

Naum”. O profeta descreveu a destruição de Nínive. Quando estudamos o livro de Jonas, colocamos um pouco de informação sobre a cidade de Nínive, a capital do império assírio. O rei assírio da época foi Assurbanípal. O livro História das Sociedades (Aquino, 1988:116) traz uma informação excelente sobre a figura soberba de Assurbanípal. A transcrição na íntegra é: “‘Eu sou Assurbanípal, o Grande Rei, o Poderoso Rei, Rei do Universo, Rei da Assíria, Rei das Quatro Regiões do Mundo, Rei dos Reis. Príncipe inigualado, que ao comando de Assur (…) exerce o governo do mar superior ao inferior, pôs submisso a seus pés todos os príncipes’”.

Outro histórico de grande valia está registrado, para atestar a fidelidade da palavra de Deus, no livro História Geral (A. Souto Maior,1973:41), que vale a pena transcrever na íntegra: “Nabopalassar, rei caldeu da Babilonia, e Ciaxares, rei dos medos e persas, unidos, atacaram Nínive, que foi totalmente destruída. Muitos povos exultaram com a destruição do poderio assírio. Com certa razão teria dito um profeta hebreu daquela época, referindo-se à capital assíria: ‘Todo aquele que soube de queda alegrou-se; pois quem não sofreu o efeito de maldade?’”. Esta tradução deve ser católica, mas a referencia deve ser Na 3.19b. O texto de Na 3.19b é: “todos os que ouvirem a tua fama baterão as palmas sobre ti; porque sobre quem não passou continuamente a tua malícia?”.

O profeta Naum presenciou barbaridades provenientes das ordens do orgulhoso Assurbanípal.

Ele era tão terrível que o Senhor revelou o perfil daquele sanguinário soberano. O texto sagrado diz: “De ti saiu um que pensa mal contra o Senhor, um conselheiro de Belial. Assim diz o Senhor: Por mais seguros que estejam e por mais numerosos que sejam, ainda assim serão exterminados, e ele passará; eu te afligi, mas não te afligirei mais. Mas, agora, quebrarei o seu jugo de cima de ti e romperei os teus laços. Contra ti, porém, o Senhor deu ordem, que mais ninguém do teu nome seja semeado; da casa do teu deus exterminarei as imagens de escultura e de fundição; ali farei o teu sepulcro, porque és vil” (Na 1.11-14). Assurbanípal era um homem que pensava mal contra o Senhor. Era um conselheiro de Belial. Fora um homem vil. 

O Senhor se orgulhava de Naum. O Espírito Santo deixou escrito: “Eis sobre os montes os pés do que traz boas-novas, do que anuncia a paz!” (1.15a). O profeta vibrante anunciou ao povo a grande vitória do povo de Deus sobre os inimigos, dizendo: “Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado (Mq 1.15b).

C. Autoria do Livro.

Stanley Ellisen afirma que Naum escreveu o livro que leve o seu nome. Ele diz: “que, Naum foi o único autor desse livro é a opinião generalizada (com exceção de alguns críticos), embora pouco se saiba sobre ele”. A Bíblia de Estudo Pentecostal também assegura que Naum escreveu o livro.

D. Data do Livro.

A Bíblia de Estudo Pentecostal diz que a data do livro é “cerca de 630-620

a.C.”. Stanley Ellisen diz que a data do livro é “c. 710 a.C.”. O comentarista da Bíblia de Genebra que, “uma datação plausível para a profecia de Naum seria portanto, entre

660-650 a.C., nos dias do rei Manassés, de Judá, vassalo da Assíria”. Parecem contradições as datas apresentadas pelos estudiosos, mas não são por acaso. Tem muito trabalho árduo. É a “falha” Ciencia tentando nos ajudar.

E. Tema do Livro.

Stanley Ellisen sugere como tema: “Grande julgamento divino sobre Nínive, a violenta rainha do Oriente”. A Bíblia de Estudo Pentecostal sugere o tema: “A Destruição Iminente de Nínive”. 

Uma explicação interessante que está à disposição vem do comentarista da Bíblia de Genebra sobre o tema do livro de Naum, que o próprio escreveu. O livro inicia assim: “Peso de Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita” (Na 1.1, ARC). A tradução Almeida Revista e Atualizada usa “Sentença” em vez de “Peso”. Não tem diferença. A explicação é a seguinte: “O Livro de Naum possui um título duplo (1.1). Ele é chamado de uma ‘sentença contra Nínive’ e o ‘livro da visão de Naum’. ‘Sentença’ em geral designa uma mensagem divina de julgamento contra uma nação estrangeira (Is13.1; Ml

1.1). ‘Visão’ se refere a uma revelação sobrenatural à visão ou audição interior do profeta”.

Esboço do Livro.

O esboço a ser apresentado foi extraído do livro de Stanley Ellisen (Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p. 364). Vejamos:

“I. DECLARADO O DIVINO JULGAMENTO DE NÍNIVE” (cap. 1)

  1. A Apresentação do Juiz divino (1.1-7)
  2. Deus de vingança
  3. Deus de paciência e poder
  4. Deus de refúgio para os fiéis
  5. Apresentação do julgamento divino (1.8-15)
  6. A grande cidade ficará em ruínas
  7. Já não saqueará Israel
  8. Seu ilustre rei será envergonhado
  9. DESCRITO O DIVINO JULGAMENTO DE NÍNIVE (cap. 2)
  10. Descrito o cerco de Nínive (2.1-4)
  11. Censurada pelo SENHOR
  12. Aterrorizada pelos inimigos
  13. Descrita a queda de Nínive (2.5-8)
  14. Seus muros minados pela água
  15. Seu povo escravizado pelos estrangeiros
  16. Descrita a pilhagem de Nínive (2.9,10)
  17. Saqueados os tesouros roubados
  18. Derretidos os corações aflitos
  19. Demolida a ‘toca dos leões’ de Nínive (2.11-13)

III. MERECIDO JULGAMENTO DIVINO DE NÍNIVE (cap. 3)

  1. Sua história de carnificina impiedosa (3.1-3)
  2. Sua história de prostituição e feitiçaria (3.4-7)
  3. Sua falha em não aprender com Tebas (3.8-10) D. Sua sentença de desolação perpétua (3.11-19)”

Comentário do Livro.

O livro de Naum é um canto, um salmo, que mostra o Senhor como Juiz soberano sobre todos os reinos dos homens. Ele é o Deus zeloso e vingador (1.2).

Vingança na Bíblia significa justiça. O Senhor é Deus Todo-Poderoso (1.3-6). Para os seus fiéis, Ele é um Deus bom (1.7).

A vingança de Deus contra Nínive vem através do seu líder maior, o rei Assurbanípal, que resolveu afrontar a autoridade máxima do Senhor (1.11). Não existe necessidade de falar nada sobre este rei vil.

A população de Nínive estava muito acostumada à impiedade. Nínive era descrita como toca de leões. As autoridades e o poderoso exército assírio usavam  como emblema o leão (2.11-14). Manifestava um desejo terrível por guerras (3.1-4). “Além de feitos militares, Nínive foi condenada por suas práticas comerciais impiedosas e por seu materialismo insaciável (3.16). Naum proclamou a sua mensagem da vingança e retribuição divinas contra essa cidade pecaminosa (1.14; 3.5-7). Nenhum poder terreno que tenha desafiado a lei de Deus poderia escapar do seu julgamento” (Bíblia de Genebra, p.1053).

O livro de Naum não contém apenas juízo.

Ele também contém esperança redentora para o povo de Deus. O Espírito Santo diz: “Eis sobre os montes os pés do que traz boas-novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado” (Na 1.15). O Senhor ainda acrescenta: “Porque o Senhor trará outra vez a excelência de Jacó, como a excelência de Israel” (2.2a). O Senhor Deus gosta de liberdade (1.13). Ele é proteção do seu povo (1.7).

Stanley Ellisen diz que, “o principal objetivo de Naum foi consolar Judá com referencia a seu feroz inimigo, a Assíria. Em sua mensagem profética, Naum revelou o detalhado plano divino para destruir e devastar Nínive completamente. Essa mensagem foi entregue ao povo de Judá a fim de lembrá-lo da soberania do Senhor sobre todas as nações e que ele não tolera por muito tempo aqueles que governam com pilhagem e violência, desrespeitando suas admoestações de justiça” (Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p.368).

Escola de Teologia – ETAP
Disciplina: LIVROS PROFÉTICOS I E II
Professor: Carlos Alberto Alves

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