O LIVRO DE MALAQUIAS (MEU MENSAGEIRO)

Chegamos ao final do estudo sobre os livros proféticos. Malaquias é o 12º livro da lista dos Profetas Menores.

O Personagem Malaquias.

Sobre o profeta Malaquias, o Dicionário de Davis (1984: 373) informa: “nada se conhece a seu respeito além do que se lê no seu livro. De acordo com o significado do nome, 3.1, alguns supõem que este nome de Malaquias, não é o próprio nome do escritor, e sim, a designação de um profeta, que talvez seja Esdras”. 

O Dicionário Bíblico Universal (1981:274) diz que, “segundo a opinião judaica do tempo posterior de Jesus Cristo, e a dos Pais da Igreja Primitiva, pensando também do mesmo modo a maior parte dos expositores, Malaquias não é um nome próprio mas apenas um título”. Ainda tem este acréscimo: “Nada se sabe com exatidão quanto à personalidade do escritor além daquilo que se pode colher da sua obra”.

Uma informação significativa vem de J. G. Baldwin (Ageu, Zacarias e Malaquias, Introdução e Comentário, p.177), que diz: “o Targum traz evidencias de que os tradutores aramaicos entendiam que Malaquias era um nome ou título de Esdras, o escriba, ponto de vista adotado por Jeronimo e o rabi Rashi (1040-1105). Calvino estava inclinado a pensar que Malaquias era o apelido de Esdras. Não há nenhuma evidencia de que Malaquias deva ser identificado com Esdras, e a tradição de que Malaquias é um nome próprio é forte; na ausência de argumentos convincentes contrários, é lógico acreditar que o profeta se chamava Malaquias”.

 Atuação de Malaquias.

Malaquias profetizou numa época onde o povo de Deus caiu em desleixo e apatia. A fé não mais estava ativa quando Ageu e Zacarias motivavam o povo de Deus a reconstruir o Templo. A formalidade de culto voltou à tona.

A indiferença instalada entre o povo de Deus, agora está sacudida pela mensagem do profeta, que relembra a escolha e amor do Senhor. O texto sagrado diz: “Peso da palavra do Senhor contra Israel, pelo ministério de Malaquias. Eu vos amei, diz o Senhor; mas vós dizeis: Em que nos amaste? Não foi Esaú irmão de Jacó? – disse o Senhor; todavia amei a Jacó e aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua herança aos dragões do deserto. inda que Edom diga: Empobrecidos somos, porém tornaremos a edificar os lugares desertos, assim diz o Senhor dos Exércitos: Eles edificarão, e eu destruirei, e lhes chamarão Termo-de-Impiedade e Povo-Contra-QuemO-Senhor-Está-Irado-Para-Sempre. E os vossos olhos o verão, e direis: O Senhor seja engrandecido desde os termos de Israel” (Ml 1.1-5).

O profeta Malaquias

começou a sua mensagem falando da honra devida a Deus (Ml 1.6). A cobrança iniciou com os sacerdotes. Os sacerdotes tornaram-se totalmente desleixados. E ainda queriam ter moral diante do Senhor. A reclamação do Senhor era: “Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto, que dizeis: A mesa do Senhor é desprezível. Porque, quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não faz mal! E, quando ofereceis o coxo ou o enfermo, não faz mal!” (Ml 1.7,8). Tem mais: “Quem há também entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação”. O profeta deixou bem claro que era melhor fechar as portas do templo do que oferecer culto desprezível a Deus.

O profeta criticou

os sacerdotes por terem relaxado o culto, além de o considerarem um serviço muito desgostoso. Vejamos a reclamação do Senhor: “Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é impura, e o seu produto, a sua comida, é desprezível. E dizeis: Eis aqui, que canseira! E o lançastes ao desprezo, diz o Senhor dos Exércitos: vós ofereceis o roubado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta; ser-me-á aceito isto de vossa mão? – diz o Senhor. Pois maldito seja o enganador, que, tendo animal no seu rebanho, promete e oferece ao Senhor uma coisa vil; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos Exércitos, o meu nome será tremendo entre as nações” (Ml 1.12-14).

O Senhor mandou Malaquias dizer aos responsáveis pelo trabalho Dele, que os de fora o honrariam mais do que o seu povo amado e escolhido (Ml 1.11,14b). 

Malaquias continuou

sua mensagem denunciando os sacerdotes agora com desleixo pela Palavra do Senhor. O profeta mostrou as funções dos sacerdotes: “Porque os lábios do sacerdote guardarão a ciência, e da sua boca buscarão a lei, porque ele é o anjo do Senhor dos Exércitos. Mas vós vos desviastes do caminho, a muitos fizestes tropeçar na lei: corrompestes o concerto de Levi, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 2.7,8).

Outra denúncia séria do profeta era o casamento com mulheres estrangeiras. A proibição não era o casamento pelo casamento, mas o risco de ser implantada a idolatria entre o povo (Ml 2.10-12). Além dessa denúncia sobre casamento misto, o profeta denuncia agora o divórcio entre os israelitas. O profeta foi duro em dizer que, o casamento é uma instituição sagrada que não pode ser desfeita (Ml 2.13-16).

O profeta Malaquias também estava de posse de uma mensagem para os exploradores e opressores do povo. O Senhor disse que traria uma nova ordem onde a justiça e o direito seriam restabelecidos para todos (Ml 3.1-6). 

Uma denúncia do profeta ao povo de Deus foi à questão do dízimo.

Estavam roubando o dízimo de Deus. O Dízimo era o modo de o povo reconhecer o Senhor, como Senhor da terra. Entregando-o fielmente era a forma de homenagear o Senhor e também atrair as bênçãos Dele sobre as colheitas ameaçadas pela seca e pelas pragas (Ml 3.6-12).

Mais outra denúncia do Senhor é a agressividade do povo com palavras contra

Ele. Os incrédulos diziam: “As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o Senhor; mas vós dizeis: Que temos falado contra ti? Vós dizeis: Inútil é servir a Deus; que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos? Ora, pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que cometem impiedade se edificam; sim, eles tentam ao Senhor e escapam” (Ml 3.13-15).

A resposta do Senhor Deus é dada aos justos

aos que temem o seu Nome. O texto sagrado diz: “Então, aqueles que temem ao Senhor falam cada um com o seu companheiro; e o Senhor atenta e ouve; e há um memorial escrito diante dele, para os que temem ao Senhor e para os que se lembram do seu nome. E eles serão meus, diz o Senhor dos Exércitos, naquele dia que farei, serão para mim particular tesouro; poupálos-ei como um homem poupa a seu filho que o serve. Então, vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve” (Ml 3.16-18).

Por fim, o profeta pregou a mensagem de julgamento contra “todos os soberbos e todos os que cometem impiedade” (Ml 4.1). Para os justos, a mensagem é a seguinte: “Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação trará debaixo das suas asas; e saireis e crescereis como os bezerros do cevadouro. E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que farei, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 4.2,3).

O lembrete geral: “Lembrai-vos da Lei de Moisés, meu servo, a qual lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a qual são os estatutos e juízos” (Ml 4.4).

O enviado do Senhor: “Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor; 6e converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml 4.5,6).

 Autoria do Livro.

A Bíblia de Estudo Pentecostal diz que Malaquias fora o autor do livro que leva o seu nome. Stanley Ellisen diz que, “não que há razões válidas, no entanto, para negar a autoria de Malaquias pelo fato de nenhum outro livro bíblico falar sobre a família ou a função do autor, pois tampouco aparece o nome da estirpe de outros profetas (Daniel, Amós, Obadias, Miquéias, Naum, habacuque e Ageu)”.

 Data do Livro.

Stanley Ellisen diz que a data do livro é “c. 430 a.C.”. O Dicionário de Davis diz que, “a data deste livro, segundo Vitringa, é 420 e segundo Davidson, 460-450, A.C.”. O comentarista da Bíblia de Genebra diz que, “alguns datam o livro entre o aparecimento de Esdras (458 a.C.) e o de Neemias (445 a.C). Outros localizam Malaquias entre as duas visitas de Neemias a Jerusalém, por volta 433 a.C)”. A Bíblia de Estudo Pentecostal diz que o livro é de “cerca de 430-420 a.C.”.

 Tema do Livro.

A Bíblia de Estudo Pentecostal sugere o tema: “Acusações de Deus Contra o

Judaísmo Pós-Exílio”. Stanley Ellisen sugere o tema: “Bondade de Deus para com Israel e a altiva ingratidão dos israelitas”. 

O comentarista da Bíblia de Genebra diz que, “Malaquias dá grande importância ao tema da aliança. Referencias explícitas incluem: a aliança de Levi (2.59), a aliança dos pais (2.10), a aliança do matrimonio (2.14) e o Anjo da Aliança (3.1).

Esboço do Livro.

O esboço escolhido foi extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal. Vejamos:

“Introdução (1.1)

  1. A Mensagem do Senhor e as Perguntas de Israel (1.2-3.18)
  2. Primeira Mensagem: Deus Amou Israel (1.2-5)

A)Pergunta de Israel: ‘Em que nos amaste?’ (1.2)

  1. Segunda Mensagem: Israel Tem Desonrado ao Senhor (1.6-2.9)

B)Pergunta de Israel: ‘Em que desprezamos nós o teu nome?’ (1.6); ‘Em que te havemos profanado?’ (1.7)

  1. Terceira Mensagem: Deus Não Aceita as Oferendas de Israel (2.10-16)

C)Pergunta de Israel: ‘Por quê?’ (2.14)

  1. Quarta Mensagem: O Senhor Virá de Repente (2.17-3.6)

Perguntas de Israel: ‘Em que o enfadamos?’

‘Onde está o Deus de juízo’ (2.17).

  1. Quinta Mensagem: Voltai para o Senhor (3.7-12)

Perguntas Israel: ‘Em que havemos de tornar?’; ‘em que te roubamos?’ (3.8)

  1. Sexta Mensagem: Declarações Injustificáveis de Israel contra Deus (3.13-

18)

Perguntas de Israel: ‘Que temos falado contra ti?’; ‘Que nos aproveitou termos cuidado em guardar os seus preceitos?’ (3.14)

  1. O Dia do Senhor (4.1-6)
  2. Será um Dia de Juízo para o Arrogante e o malfeitor (4.1)
  3. Será um Dia de Triunfo para os Justos (4.2,3)
  4. Será Precedido por uma Restauração Sobrenatural dos Relacionamentos entre Pais e Filhos e entre o Povo de Deus (4.4-6)

Comentário do Livro.

O livro de Malaquias apresenta o amor de Deus por Israel (1.2-5). Depois, Malaquias pregou contra os sacerdotes e o povo, que desonravam o culto do Senhor com objetos que não agradavam a Deus (1.6-14). O profeta continuou sua mensagem contra os sacerdotes ameaçando-os por haverem contrariado a sua Palavra (2.1-9). Logo após, o profeta Malaquias denunciou o povo por haver casado com mulheres estrangeiras, “filha de deus estranho” (2.11). Em seguida, o profeta denunciou o divórcio entre os israelitas (2.13-16).

O profeta anunciou o juízo iminente de Deus, através do seu mensageiro, “o meu anjo”, “o anjo do concerto, a quem vós desejais” (Ml 3.1). O Senhor descreve as classes que serão julgadas. Vejamos: “E chegar-me-ei a vós para juízo, e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, e contra os adúlteros, e contra os que juram falsamente, e contra os que defraudam o jornaleiro, e pervertem o direito da viúva, e do órfão, e do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 3.5).

O profeta anunciou ao povo a volta para Deus

pois os seus mandamentos estavam sendo violados (3.7). Depois o Senhor chamou a atenção do povo para a falta de compromisso com o dízimo para o sustento da Casa do Senhor (3.8-12). Em seguida, o Senhor mostrou a sua indignação para com o povo de Israel, com “as vossas palavras foram agressivas para mim, diz o Senhor” (3.13). Os incrédulos diziam asneiras contra Deus (3.14-15). Logo após, vem uma descrição das atitudes dos justos (3.16- 18). 

Por fim, vemos as exortações do profeta para as observancias da Lei de Moisés, o anúncio da vinda do Elias para preparar o caminho do Senhor, antes de sua vinda (4.4-6).

Stanley Ellisen diz que o objetivo do livro “foi despertar o calejado povo que restara em Israel da sua estagnação espiritual, com o intuito de possibilitar que o Senhor tornasse a abençoá-lo. O profeta realizou isso tomando como base a ênfase da grandeza de seu Deus, que sempre corresponde à obediência de sua palavra e está planejando o dia do julgamento final, quando então os perversos serão julgados, e os justos, recompensados (4.1-3)” (Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p.401).

Escola de Teologia – ETAP
Disciplina: LIVROS PROFÉTICOS I E II
Professor: Carlos Alberto Alves

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *