Sidom foi a primeira cidade fundada pelos fenícios, reconhecida durante muito tempo por sua paisagem bela e fértil. Situada numa planície rica, era famosa pela variedade e qualidade dos seus frutos, o que contribuiu para seu crescimento e prosperidade ao longo dos séculos. Como uma das cidades mais antigas da região, Sidom possui muitas ruínas espalhadas por seu território, embora apenas algumas tenham sido escavadas e estudadas até hoje.
Em 1855, foram descobertas várias tumbas em Sidom, dentre as quais destacam-se sarcófagos notáveis. Um dos mais impressionantes é o sarcófago de basalto negro de Esmunanar, considerado “rei dos sidônios” no século V a.C. Essa peça mede mais de 2,5 metros de comprimento e possui uma inscrição extensa na tampa, contendo 990 palavras escritas em fenício. O texto relata detalhes sobre o rei e adverte que não havia ouro em seu “leito fúnebre”, lançando uma maldição sobre qualquer um que ousasse profanar seu túmulo, fosse ele rei ou plebeu.
Além disso, a inscrição menciona que Esmunanar e sua família construíram templos dedicados a importantes deuses fenícios como Astarté (Astarote), Esmúm (Dagom), Baal e Sidom, evidenciando o caráter religioso da cidade e seu papel como centro cultural da região.
Outro achado famoso nas tumbas é um enorme sarcófago de mármore, esculpido com cenas da vida de Alexandre, o Grande. Uma dessas cenas retrata uma caça ao leão, da qual Alexandre participa, enquanto outra mostra uma batalha com cavalos e soldados representados em cores semitransparentes. Essa obra-prima da escultura e pintura grega é chamada de “o grande sarcófago de mármore de Alexandre”, embora provavelmente contenha os restos mortais de um alto funcionário ou governador da cidade, e não do próprio conquistador.
O principal interesse arqueológico de Sidom não se limita apenas aos sarcófagos. No norte da cidade, destacam-se fragmentos de mosaicos, enquanto no sudoeste, uma colina é formada por milhões de conchas quebradas de múrice, moluscos utilizados para a extração da valiosa púrpura, corante muito apreciado na antiguidade.
Na direção sudeste, localiza-se o famoso cemitério da planície, onde numerosas sepulturas foram identificadas. Próximo dali, encontram-se as imponentes ruínas de um castelo construído pelos cruzados durante a Idade Média, lembrança da importância estratégica e histórica da cidade ao longo dos tempos.
Ernest Renan, um renomado erudito francês, realizou escavações em Sidom em 1860. Seu trabalho concentrou-se principalmente em “traçar um mapa da cidade dos mortos”, desenterrando moedas antigas e fazendo outras descobertas consideradas de menor importância. Renan lamentou não ter chegado mais cedo, pois suspeitava que muitas das descobertas valiosas já haviam sido perdidas com o passar do tempo, dizendo que chegou “cinquenta anos atrasado”.
Sidom é citada em várias passagens da Bíblia, desde o Antigo Testamento até o Novo Testamento, reforçando sua importância histórica e cultural. Entre as referências destacam-se:
Gênesis 10:19 e 49:13, onde Sidom é mencionada como uma das cidades dos cananeus.
Josué 13:6 e 19:28, que incluem Sidom nas divisões territoriais.
Profetas como Isaías (Is 23:2,4,12), Jeremias (Jr 25:22,27:3,47:4) e Ezequiel (Ez 27:8,28:22) mencionam Sidom em suas profecias.
No Novo Testamento, Jesus menciona Sidom em passagens como Mateus 11:21 e Lucas 6:18, indicando a fama da cidade e seu papel na história sagrada.
Sidom, com sua rica história, suas descobertas arqueológicas e seu significado bíblico, continua a ser um local de grande interesse para historiadores, arqueólogos e estudiosos da Bíblia. Mesmo após milênios, a cidade mantém seu legado como uma das primeiras e mais importantes cidades fenícias.
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