A Bíblia ensina claramente a doutrina de uma criação especial, ou seja, que Deus criou cada criatura "conforme a sua espécie" (Gn 1.24). Isto quer dizer que cada criatura, seja homem ou animal, foi criada como a conhecemos hoje.
No decorrer dos séculos, mais precisamente no século passado e no atual, muitas vãs filosofias, falsos ensinos e teorias insustentáveis têm procurado lançar dúvida sobre o relato bíblico da Criação.
Entre as teorias que se têm insurgido contra a
doutrina criacionista, destaca-se a da evolução, concebida e largamente
difundida pelo naturalista inglês Charles Darwin, que viveu entre 1809e 1889.
De dezembro de 1831 a outubro de 1836, Darwin viajou
como naturalista a bordo do "Beagle", um navio de pesquisas, em
expedição científica. Ao longo dessa expedição visitou as ilhas do Cabo Verde e
outras ilhas do Atlântico, e bem assim as costas da América do Sul, as ilhas
Galapagos, perto do Equador, a Ilha Tarti, Nova Zelândia, Austrália, Tasmânia,
a Ilha Keeling, as ilhas Falkland (Malvinas), as ilhas Mauricias, as ilhas de
Santa Helena e Ascensão, e o Brasil.
Foi o estudo dos bancos de corais que de modo
especial o interessou e o levou a formular a sua teoria da transmutação de
espécies e a "seleção natural" pela qual ficou famoso.
Em novembro de 1859, Darwin publicou seu livro A
Origem das Espécies, ou A preservação das raças favorecidas na luta pela vida.
Desde então este livro veio a se tornar a Bíblia da causa evolucionista.
Não obstante Darwin, antes de morrer, tenha abandonado essa teoria por ele pregada ao longo de sua vida, ainda hoje ela é aceita e disseminada, principalmente nos círculos acadêmicos e universitários.
A teoria evolucionista tem como ponto de partida a afirmação de que o homem e os animais em geral procedem de um mesmo tronco, e que hoje, homem e animal são um somatório de mutações sofridas no decorrer de milênios. Em suma: o homem de hoje não é o homem do princípio. Desse conceito surgiu o ensino estúpido de que o homem de hoje é um macaco em estágio mais desenvolvido. E, para produzir maior confusão, a teoria da evolução coloca o início da vida humana na Terra a milhões de anos antes do tempo indicado pala Bíblia.
É bom lembrar que, quando tratamos da evolução,
estamos lidando com uma teoria, com suposições, e não com uma ciência.
Charles Darwin
conspirou contra a Bíblia, ao criar a teologia da evolução
Se você ler um compêndio sobre evolução, há de
encontrar com muita freqüência chavões, tais como: "crê-se que...",
"admite-se que...", "talvez...",
"possivelmente...", "mais ou menos...", etc. Assim tão
vulnerável e falha, conseqüentemente o sistema que ela advoga não há de
subsistir diante do argumento das Escrituras (Gn 2.7).
De acordo com a Bíblia, o homem já foi feito homem. O chamado "Homem de Neanderthal" ou o "Homem de Heidelberg" não têm em si nenhum elemento, por menor que seja, capaz de provar que o homem, no princípio, tivesse as características de um macaco encurvado. O africano de elevada estatura, o pigmeu, o asiático de nariz achatado, o negro com suas características distintivas — todos são o resultado de variações comuns dentro da família humana. Assim, também o homem da antigüidade variava de um para o outro, e também se diferenciava de nós, hoje em dia.
O argumento bíblico, a partir do primeiro capítulo de
Gênesis, é que a raça humana descende de um só casal, Adão e Eva (Gn 1.28),
criado por Deus no princípio. A narrativa subseqüente ao capítulo 1 de Gênesis
mostra claramente que as gerações que surgiram até o Dilúvio permaneceram em
contínua relação genética com o primeiro casal, de maneira que a raça humana
constitui não somente uma unidade específica, uma unidade no sentido de que
todos os homens participam da mesma natureza, mas também uma unidade genética e
genealógica. Este fato é cristalino em Atos 17.26.
Muitos argumentos se somam em apoio à idéia bíblica da unidade da raça humana, dentre os quais se destacam os seguintes:
Romanos 5.12,19 e 1 Coríntios 15.21,22 indicam a unidade orgânica da raça humana, tanto na primeira transgressão como na provisão de Deus para a salvação da raça humana na Pessoa de Jesus Cristo.
A ciência tem confirmado, de diferentes maneiras, o
testemunho da Escritura com respeito à unidade da raça humana. Evidentemente,
nem todos os homens de ciência crêem nisso.
Por exemplo, os antigos gregos tinham teoria
autoctonista, segundo a qual os homens surgiram da Terra por meio de uma classe
de gerações espontâneas. Como essa teoria não possuía fundamentos sólidos, logo
foi desacreditada. Agassis, por sua vez, propôs a teoria dos coadamitas,
segundo a qual existiram diferentes centros de criação. No ano de 1655,
Peirerius desenvolveu e defendeu a teoria preadamita, que tem como origem a
suposição de que havia homens na Terra antes que Adão fosse criado. Esta teoria
foi aceita e difundida por Winchell, que, ainda que não negasse a unidade da
raça humana, contudo considerava Adão como o primeiro homem só da raça
hebraica, em vez de cabeça de toda a raça humana.
Em anos mais recentes, Fleming, sem ser dogmático sobre o assunto, disse haver razões para se aceitar que houve raças inferiores ao homem antes da aparição de Adão no cenário mundial, pelos idos do ano 5500 a.C. Segundo Fleming, essas raças, não obstante inferiores aos adamitas, já tinham faculdades distintas dos animais, enquanto o homem adamita foi dotado de faculdades maiores e mais nobres, e provavelmente destinado a conduzir todo o restante da raça à lealdade ao Criador. Falhando Adão em conservar sua lealdade a Deus, Deus o proveu de um descendente, que, sendo homem, era muito mais do que homem, para cumprir aquilo que Adão não foi capaz de cumprir. Na verdade, Fleming nunca pôde oferecer provas da veracidade dessa sua teoria.
As tradições mais antigas da raça humana apontam
decididamente para o fato de que os homens tiveram uma origem comum.
A história das migrações do homem, por exemplo, tendem a demonstrar que tem havido uma distribuição de populações primitivas partindo de um só centro, isto é, de um mesmo lugar.
A alma é a parte mais importante da natureza constitutiva do homem, e a psicologia revela claramente o fato de que as almas dos homens, sem distinção de tribo e nação a que pertençam, têm essencialmente as mesmas características. Possuem em comum os mesmos apetites, instintos e paixões, as mesmas tendências, e, sobretudo, as mesmas qualidades, as características que só existem no homem.
Os mestres de filosofia comparativa formulam juízo comum quanto ao fato de que a raça humana constitui-se numa só espécie, e que as diferenças entre as diversas famílias da humanidade são consideradas como variedades de uma espécie original. A ciência não afirma categoricamente que a raça humana procedeu de um só casal, mas a Palavra de Deus afirma isso com toda clareza em Atos 17.26.
Das gerações anteriores ao Dilúvio,
somente Noé, sua esposa,
seus filhos Sem, Cão e Jafé e
respectivas esposas escaparam e encabeçaram as gerações pós-diluvianas.
Dos cinco filhos de Sem procederam os caldeus, que
povoaram a região marginal do Golfo Pérsico, parte sul e sudeste da Península
Arábica, uma província ao oriente do rio Tigre e ao norte do Golfo Pérsico, a
Assíria, às margens do rio Tigre, sudeste da Ásia Menor, a Síria e o território
ao lado do lago de Merom, ao norte da Galiléia.
Os descendentes de Cão povoaram as terras da África,
da Arábia Oriental, da costa oriental do mar Mediterrâneo, e do grande vale dos
rios Tigre e Eufrates. Existe uma opinião de que alguns dos descendentes de Cão
emigraram para a China e que de lá passaram para as Américas, através do
estreito de Bering e do Alasca.
De Jafé descenderam as raças arianas, ou indo-européias; os italianos, franceses, espanhóis, formando o povo latino. Seus descendentes povoaram também a índia, Pérsia, Iugoslávia e a Áustria. Dele descendem ainda os celtas, os alemães e os eslavos que emigraram para as ilhas Britânicas, Gales, Escócia e Irlanda. Algumas das tribos germânicas emigraram para a Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha Ocidental, Bélgica e Suíça.
A Bíblia nos apresenta um duplo relato da origem do
homem, harmônicos entre si. Ambos estão em Gênesis 1.26,27 e 2.7. Partindo
desses textos e de todo o contexto que trata da obra da criação, conclui-se
que:
Antes de Moisés tratar da criação do homem com
maiores detalhes, ele nos leva a conhecer o decreto divino quanto a essa
criação, nas seguintes palavras: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme
a nossa semelhança..." (Gn 1.26).
A Igreja geralmente tem aceitado o verbo façamos, no plural, para provar a autenticidade da doutrina da Trindade. Alguns eruditos, porém, são de opinião que esta palavra expressa o plural majestático; outros a tomam como plural de comunicação, no qual Deus inclui os anjos em diálogo com Ele; e outros a consideram como o plural de auto-exortação. Tem-se verificado, porém, que estas três últimas opiniões são contrárias àquilo que pensam e expressam os pensadores e teólogos mais conservadores. Esses, como a Igreja, crêem que o plural façamos é uma alusão direta à Trindade Divina em conselho para a formação do homem.
Algumas das expressões usadas no relato da criação do
homem mostram que isso aconteceu de uma forma imediata, ao contrário do que
aconteceu na criação dos demais seres e coisas da criação em geral. Por
exemplo, leia Gênesis 1.11,20 e compare com Gênesis 1.27.
Qualquer indício de mediação na obra da criação que se acha contida nas primeiras declarações, referentes à criação das aves dos céus e dos seres marinhos, inexiste na declaração da criação do homem. Isto é, Deus planejou a criação do homem, levando-a a efeito imediatamente. Note que isto é contrário ao que ensina o evolucionismo, que o homem é o resultado de uma série de transformações de outros elementos.
Com respeito aos demais seres vivos, lemos que Deus os criou 'segundo a sua espécie". Isto quer dizer que eles possuem formas tipicamente próprias de suas espécies. O homem não foi criado assim. Pelo contrário, Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança..." (Gn 1.26). Assim, em todo o relato bíblico, o homem surge como um ser que recebeu de Deus cuidados especiais na sua criação.
Em Gênesis 2.7, vemos a distinção clara entre a
origem do corpo e da alma, elemento espiritual do homem. O corpo foi formado do
pó da terra, material preexistente. Na criação da alma, no entanto, não foi
necessário o uso de material preexistente, mas sim a formação de uma nova
substância. Isto quer dizer que a alma do homem foi uma nova criação de Deus. A
Bíblia diz que Deus soprou nas narinas do homem, e "o homem foi feito alma
vivente" (Gn 2.7).
O espírito é o âmago e a fonte da vida humana, enquanto a alma
possui essa vida e lhe dá expressão por meio do corpo. Assim, a alma é o
espírito encarnado. A alma sobrevive à morte porque o espírito a dota de
capacidade; por isso alma e espírito são inseparáveis.
A alma é a entidade espiritual, incorpórea, que pode
existir dentro de um corpo ou fora dele (Ap 6.9).
Dos três elementos que formam o ser humano, o corpo é
aquele sobre o qual a Bíblia menos fala. Sabe-se, no entanto, que o corpo
humano é o instrumento, o tabernáculo, a oficina do espírito (2 Co 5.1-4; 1 Co
6.9). Ele é o meio pelo qual o espírito se manifesta e age no mundo visível e
material. O corpo é o órgão dos sentidos e o laço que une o espírito ao
universo material.
Os filósofos pagãos falavam do corpo com desprezo, e
consideravam-no um empecilho ao aperfeiçoamento da alma, pelo que almejavam o
dia quando a alma estaria livre de suas complicadas roupagens. Porém as
Escrituras tratam do corpo do homem como uma obra de Deus, o qual deve ser
apresentado como oferta a Deus (Rm 12.1). O corpo dos salvos alcançará a sua
maior glória na ressurreição, na vinda de Jesus (Jo 19.25-27; 1 Co 15; 1 Jo
3.2).
Um dos ensinos cardeais da Bíblia é que o homem foi criado à imagem e à semelhança de Deus, para obedecer-lhe, amá-lo, e seguilo. Vestígios desta verdade encontram-se nos escritos de grandes vultos, até mesmo da literatura gentílica.
"Homem" vem do latim homo, palavra que,
segundo opinião de alguns filólogos, vem de húmus (terra). No hebraico, língua
original do Antigo Testamento, adam, nome dado ao primeiro homem, Adão, é
traduzido por "aquele que tirou sua vida da adamah", da terra.
Em abril de 1985, a professora Lélia Coyne,
pesquisadora da NASA (Agência Espacial dos Estados Unidos) e docente da
Universidade de San José, na Califórnia, surpreendeu o mundo científico com a
afirmação da descoberta de que a vida humana na Terra começou em estratos de
uma argila muito fina e branca, o caulim, usado na indústria como branqueador
de papel e isolante térmico. "Avançamos muito nesse terreno", disse a
pesquisadora. "Falta-nos ainda a prova definitiva, mas já conseguimos o
bastante para saber que estamos no caminho certo", acrescentou a doutora
Coyne. "Se tivesse de apostar uma resposta ficaria com a teoria da
argila", escreveu o astrônomo americano Carl Sagan, autor do
"best-seller" Cosmos. "A argila pode ser comparada a uma fábrica
de vida", acrescentou em Glasgow, na Escócia, o bioquímico Graham
Cairns-Smith.
Aquilo que para os cientistas e pesquisadores, mesmo
os mais moderados, ainda é uma incerteza, para o crente, na Bíblia, é plena
certeza. O homem foi formado do pó da terra (Gn 2.7).
O termo "imagem de Deus" relacionado ao
homem, fala da indelével constituição do homem como um ser racional, e como um
ser moralmente responsável. A imagem natural de Deus gravada no homem consiste
nos seguintes elementos: o poder de movimento próprio, o entendimento, a
vontade e a liberdade. Neste particular está a diferença marcante entre o homem
e os animais irracionais.
O primeiro ponto de distinção entre o homem, como
imagem de Deus, e os animais irracionais é a consciência própria. Das criaturas
terrenas só o homem tem o dom de fixar em si mesmo o pensamento, e isto o faz
consciente da sua própria personalidade. A faculdade que ele tem de proferir o
pronome EU abre um abismo intransponível entre ele e os animais irracionais.
Nenhum animal, mesmo o macaco, jamais pronunciou EU, e a razão é que eles não
têm consciência própria.
Como imagem de Deus que é, o homem se distingue dos
irracionais ainda no seguinte:
a. pelo
poder de pensar em coisas abstratas;
b. pela
lei moral que se evidencia no seu comportamento em
busca de uma perfeição maior;
c. pela
natureza religiosa que, em potencial, existe em cada ser
humano;
d. pela
capacidade de fixar um alvo maior a ser alcançado no
tempo e na eternidade;
e. pela
consciência da intensidade da vida humana;
f. pela
multiplicidade das atividades humanas, que, conjuntas,
somam o bem comum daquele que as
desenvolve.
Intelectualmente, o homem assemelha-se a Deus,
porque, se não houvesse essa conformidade mental, seria impossível a
comunicação de um com o outro, e o homem não poderia receber a revelação de
Deus. Esta semelhança está grandemente prejudicada por causa do pecado. O
simples fato de Deus se manifestar ao homem prova que o homem pode receber e
compreender esta manifestação.
Há ainda a semelhança moral, porque assim foi o homem
criado por Deus. Essa semelhança consiste nas qualidades morais inerentes ao
caráter de Deus. Eclesiastes 7.29 diz que "Deus fez o homem reto..."
Isto quer dizer que o homem foi criado bom e dotado de relativa justiça. Todas
as suas tendências eram boas. Todos os sentimentos do seu coração inclinavam-se
para Deus, e nisto consistia a sua semelhança moral com o Criador. Devido ao
pecado, a semelhança moral entre Deus e o homem enfraqueceu mais e mais. Por
isso Cristo morreu, com o propósito de restaurar esta semelhança entre o homem
e Deus, o que começa a partir da conversão.
Como ficou patente, o evolucionismo é uma teoria inspirada no inferno, com o propósito de desacreditar as Escrituras, principalmente no que diz respeito à criação como um ato soberano de Deus. Porém, o crente arraigado na Bíblia Sagrada, e não em teorias humanas, pela fé entende "que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente" (Hb 11.2).
Conteúdo retirado do livro: Seitas e Heresias - Raimundo de Oliveira