Ao longo da história, diversas correntes religiosas surgiram com diferentes interpretações sobre a natureza de Jesus Cristo. Alguns grupos, até os dias atuais, continuam a negar sua divindade, baseando-se em suas próprias interpretações das escrituras. Entre os principais grupos que rejeitam a ideia de Jesus como Deus estão as Testemunhas de Jeová, os seguidores de Hare Krishna e os muçulmanos. Cada uma dessas tradições possui uma visão particular sobre Jesus, e suas doutrinas têm sido temas de debates e controvérsias em contextos inter-religiosos.
As Testemunhas de Jeová, uma seita cristã que surgiu no final do século XIX nos Estados Unidos, têm uma visão bastante distinta sobre a natureza de Jesus. Para elas, Jesus não é Deus, mas sim o Filho de Deus e a principal criatura de Deus. De acordo com as crenças das Testemunhas de Jeová, Jesus foi criado por Deus e, portanto, não é coeterno nem consubstancial com Deus. Eles acreditam que Jesus era o arcanjo Miguel antes de sua encarnação como homem, e sua morte na cruz teve um papel central na salvação humana, mas não há uma explicação de sua natureza divina como é comum em muitas tradições cristãs ortodoxas.
Essa visão se baseia, principalmente, em uma leitura diferente das escrituras, particularmente do Novo Testamento, onde as Testemunhas de Jeová interpretam passagens sobre Jesus de maneira a refutar a ideia de sua divindade. Por exemplo, eles acreditam que as passagens que falam sobre a "igualdade" de Jesus com Deus são uma interpretação incorreta, com base em suas próprias traduções das escrituras, como a "Tradução do Novo Mundo". Para as Testemunhas de Jeová, a natureza de Jesus é subordinada a Deus, e Ele nunca deve ser adorado ou venerado como Deus.
O movimento Hare Krishna, oficialmente conhecido como a Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON), segue uma filosofia originária do hinduísmo, na qual Krishna é considerado o supremo ser divino e a origem de todas as coisas. No entanto, os seguidores de Hare Krishna também têm uma visão distinta de Jesus Cristo. Embora respeitem e reconheçam Jesus como um grande mestre espiritual e uma figura importante na história religiosa, eles não o consideram divino no sentido cristão da palavra.
Para os seguidores de Hare Krishna, Jesus é visto como um "devoto puro" de Deus, que veio para ensinar o caminho da devoção e do amor a Deus, mas sem a natureza divina que é atribuída a Ele na tradição cristã. Eles acreditam que Jesus era uma alma iluminada, um ser divino no sentido de estar plenamente consciente da presença de Deus, mas não o próprio Deus. Essa visão reflete uma das ideias centrais do hinduísmo, segundo a qual existem muitos "avatares" ou manifestações divinas de Deus, e Jesus é visto apenas como um desses avatares, mas não como o Deus único e supremo.
Além disso, os seguidores de Hare Krishna afirmam que os ensinamentos de Jesus, embora espiritualmente valiosos, são incompletos e não estão em total consonância com a mensagem central do Bhagavad Gita e das escrituras hindus, que enfatizam a devoção a Krishna como o único Deus verdadeiro.
O Islã, a segunda maior religião do mundo, tem uma visão muito clara sobre a divindade de Jesus. Para os muçulmanos, Jesus (conhecido como Isa em árabe) é considerado um dos maiores profetas de Deus, mas não é Deus nem o Filho de Deus. O Islã rejeita a doutrina cristã da Trindade e considera a ideia de que Deus tenha um filho como uma blasfêmia. Os muçulmanos acreditam que Jesus nasceu de uma virgem, realizou milagres e será um grande líder no fim dos tempos, mas ele é um ser humano e servo de Deus, e não um ser divino.
O Corão, o livro sagrado do Islã, descreve Jesus como um profeta que pregou a adoração ao único Deus (Alá) e como um exemplo de piedade e devoção, mas sempre enfatiza que ele não é digno de adoração. Para o Islã, associar qualquer ser humano a Deus ou divinizá-lo é considerado uma violação do princípio do Tawhid, o conceito islâmico de monoteísmo absoluto, onde somente Deus (Alá) merece ser adorado.
As Testemunhas de Jeová, os seguidores de Hare Krishna e os muçulmanos representam algumas das principais tradições religiosas contemporâneas que rejeitam a divindade de Jesus. Embora cada uma dessas tradições respeite Jesus de alguma forma, todas apresentam visões diferentes e específicas sobre sua natureza. Para as Testemunhas de Jeová, Ele é um ser subordinado a Deus; para os seguidores de Hare Krishna, Ele é um grande mestre espiritual, mas não o Deus Supremo; e para os muçulmanos, Ele é um profeta importante, mas não uma figura divina. Essas diferenças teológicas têm sido fontes de diálogo e, em muitos casos, de tensões entre as tradições religiosas. No entanto, todas essas correntes compartilham uma ênfase na importância de Jesus como uma figura exemplar, ainda que de maneiras muito distintas da cristologia tradicional.