Inicio | Sobre | Contato | Termos de Uso | Politica de Privacidade | Outros Idiomas | Estudos | Quiz

echad em Deuteronômio 6.4


Introdução

A declaração de Deuteronômio 6.4, conhecida como o Shemá, é uma das mais importantes afirmações do monoteísmo bíblico:

"Ouve, ó Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor" (Deuteronômio 6.4, ARA).

A palavra hebraica ‘echad, traduzida como "único", tem sido interpretada de diferentes maneiras ao longo da história. Enquanto alguns argumentam que ela sustenta um monoteísmo estrito e unitário, outros entendem que esse termo permite uma unidade composta, o que se harmoniza com a doutrina cristã da Trindade. Neste artigo, exploraremos o significado de ‘echad e sua relação com a natureza divina.

O Significado de ‘Echad

O termo hebraico ‘echad (אֶחָד) significa "um" ou "único", mas pode indicar tanto uma unidade absoluta quanto uma unidade composta. Em diferentes passagens do Antigo Testamento, ‘echad é usado para descrever uma pluralidade dentro da unidade.

Por exemplo, em Gênesis 2.24, a Escritura afirma que o homem e a mulher se tornam "uma só carne" (‘echad), indicando uma unidade formada por dois indivíduos distintos. Da mesma forma, em Números 13.23, os espias carregam "um cacho" (‘echad) de uvas, que era composto por múltiplas uvas.

Esses usos demonstram que ‘echad não significa necessariamente uma singularidade absoluta, mas pode denotar uma unidade composta, o que é coerente com a compreensão cristã da Trindade.

‘Echad e o Monoteísmo Bíblico

O judaísmo e o cristianismo compartilham a crença fundamental de que há um único Deus verdadeiro. No entanto, a compreensão cristã da Trindade ensina que esse único Deus subsiste em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Essa visão não contradiz o monoteísmo bíblico, pois afirma a unidade essencial de Deus enquanto reconhece a distinção entre as três pessoas divinas.

Se o autor de Deuteronômio 6.4 quisesse expressar uma unidade absoluta e indivisível, poderia ter usado o termo hebraico "yachid" (יָחִיד), que significa "único" no sentido de singularidade absoluta. No entanto, o uso de ‘echad sugere uma unidade que permite distinções dentro de si, o que se encaixa na revelação progressiva da Trindade ao longo das Escrituras.

A Trindade no Antigo Testamento

Embora a doutrina da Trindade seja plenamente revelada no Novo Testamento, há indícios dessa verdade já no Antigo Testamento. O próprio uso de ‘echad em Deuteronômio 6.4 abre espaço para essa compreensão. Além disso, encontramos evidências da pluralidade divina em passagens como Gênesis 1.26 ("Façamos o homem à nossa imagem"), Isaías 48.16 e Salmos 110.1.

Os escritos do Novo Testamento confirmam essa verdade, como João 1.1-3, que descreve Jesus como o Verbo eterno de Deus, e Mateus 28.19, onde Jesus instrui seus discípulos a batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Conclusão

O termo ‘echad, em Deuteronômio 6.4, não contradiz a doutrina da Trindade, mas, ao contrário, permite uma compreensão de Deus como um único ser divino que se manifesta em três pessoas. A unidade composta implícita nesse termo se alinha com o ensino bíblico de que Deus é um, mas não uma entidade solitária.

Portanto, longe de ser um obstáculo à fé cristã, Deuteronômio 6.4 reforça a coerência da revelação divina ao longo das Escrituras, demonstrando que o Deus único e verdadeiro se revelou plenamente por meio do Pai, do Filho e do Espírito Santo.



Inicio | Sobre | Contato | Termos de Uso | Politica de Privacidade | Outros Idiomas | Estudos | Quiz