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A Doutrina do Patriarca Sérgio

 

A Doutrina Cristológica do Patriarca Sérgio de Constantinopla

Introdução

Sérgio I de Constantinopla foi patriarca entre os anos de 610 e 638 d.C. e é conhecido por sua doutrina cristológica, que ficou conhecida como Monotelismo. Esse ensinamento gerou grande controvérsia na Igreja Cristã e foi posteriormente condenado como heresia. O Monotelismo buscava resolver debates sobre a relação entre as naturezas divina e humana de Cristo, afirmando que Ele possuía apenas uma vontade. Neste artigo, exploraremos os principais aspectos dessa doutrina, sua influência e consequências históricas.

O Contexto Teológico de Sérgio de Constantinopla

Durante o século VII, a Igreja enfrentava diversas controvérsias teológicas, especialmente sobre a natureza de Cristo. O Concílio de Calcedônia, em 451 d.C., havia estabelecido que Jesus possuía duas naturezas completas, divina e humana, unidas em uma única pessoa. No entanto, persistiam debates sobre como essas naturezas interagiam e se havia uma ou duas vontades em Cristo.

Sérgio de Constantinopla propôs uma solução intermediária para pacificar as disputas entre os seguidores do Diofisismo (que defendiam duas naturezas e duas vontades) e os Monofisitas (que enfatizavam uma natureza). Sua doutrina afirmava que, apesar de Cristo ter duas naturezas, Ele possuía apenas uma vontade divina-humana.

A Doutrina Monotelista

A principal tese do Monotelismo é a de que Cristo tem duas naturezas, mas apenas uma vontade (theléma). Isso significa que, embora Ele seja tanto divino quanto humano, sua vontade é única e indivisível.

Os principais pontos do Monotelismo incluem:

  1. Unidade da Pessoa de Cristo: Sérgio argumentava que a unidade da pessoa de Cristo exigia uma única vontade, pois duas vontades distintas poderiam levar a um conflito interno.
  2. Harmonia entre as Naturezas: Ele acreditava que a vontade de Cristo não era meramente divina nem puramente humana, mas uma vontade que englobava ambas as naturezas sem separação ou confusão.
  3. Continuidade com o Monofisismo Moderado: O Monotelismo tentava servir como um compromisso com os monofisitas, que haviam sido condenados no Concílio de Calcedônia.

As Implicações da Doutrina

A doutrina de Sérgio teve importantes implicações teológicas:

A Rejeição do Monotelismo

A doutrina de Sérgio foi inicialmente apoiada pelo imperador Heráclio, que via nela uma solução para a unidade do império bizantino, evitando conflitos religiosos. No entanto, foi contestada por diversos teólogos e bispos, incluindo Máximo, o Confessor, e o Papa Martinho I.

O Monotelismo foi condenado formalmente no Terceiro Concílio de Constantinopla em 680-681 d.C., que reafirmou que Cristo possuía duas vontades, uma divina e uma humana, em total harmonia, sem divisão ou oposição. A condenação do Monotelismo foi um passo essencial para consolidar a ortodoxia cristã.

Consequências Históricas e Influência

Embora o Monotelismo tenha sido rejeitado, sua influência permaneceu em algumas correntes teológicas e políticas. A tentativa de compromisso entre diferentes facções cristãs refletiu o desafio constante da Igreja em lidar com debates cristológicos. O conflito também demonstrou a relação entre política e teologia no Império Bizantino, onde imperadores frequentemente intervinham em questões doutrinárias para manter a estabilidade.

O trabalho de teólogos como Máximo, o Confessor, ajudou a desenvolver uma compreensão mais aprofundada da interação entre as naturezas divina e humana de Cristo, influenciando o pensamento teológico nas eras subsequentes.

Conclusão

Sérgio de Constantinopla desempenhou um papel importante na história da teologia cristã ao propor o Monotelismo como uma solução conciliatória para as controvérsias cristológicas. Embora sua doutrina tenha sido condenada, ela gerou debates significativos que ajudaram a Igreja a formular uma cristologia mais precisa.

O reconhecimento de que Cristo possuía duas vontades, uma divina e uma humana, tornou-se a posição ortodoxa oficial e continua a ser aceita pela maioria das tradições cristãs. A rejeição do Monotelismo reforçou a importância de uma compreensão equilibrada da união hipostática de Cristo, garantindo que tanto sua plena divindade quanto sua plena humanidade fossem preservadas na doutrina cristã.



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