Sardes foi uma das sete cidades às quais o livro do Apocalipse direcionou mensagens, tornando-se um local de grande relevância histórica e espiritual. Situava-se cerca de 80 km a leste da antiga Esmirna, no lado sul do fértil vale do rio Hermus, próximo às montanhas Tmolus, onde o rio Pactolus deságua.
A cidade era a capital do rico e poderoso reino da Lídia, famosa por seus vastos pomares, suas indústrias florescentes e, especialmente, por suas fábricas de joias. Grande parte da sua riqueza vinha do ouro extraído das areias do rio Pactolus, o que a tornou uma das cidades mais prósperas do mundo antigo. Diz-se que foi em Sardes que foram cunhadas as primeiras moedas da história, um marco importante para a economia mundial.
O governante mais célebre de Sardes foi Creso, que reinou no século VI a.C. Sua riqueza era tamanha que o nome dele se tornou sinônimo de fortuna, popularmente usado na expressão “tão rico quanto Creso”. A cidade foi conquistada por Ciro, o Grande, em 546 a.C., e posteriormente por Alexandre, o Grande, em 334 a.C. No entanto, um terremoto devastador arruinou Sardes, que só foi reconstruída posteriormente pelos romanos.
As primeiras escavações arqueológicas em Sardes começaram em 1909, conduzidas pela Universidade de Princeton sob a direção do professor H. C. Butler. Após uma pausa durante a Primeira Guerra Mundial, as escavações foram retomadas em 1958 pelas universidades de Cornell e Harvard, em parceria com as Escolas Americanas de Investigação Oriental.
Até hoje, essas escavações revelaram importantes vestígios, como muros, portas, estátuas, inscrições, moedas, frascos de unguento, candeeiros e cabeças de leão de bronze. Entre os edifícios escavados destacam-se um ginásio, dois cemitérios e a acrópole da cidade. Um dos achados mais notáveis foi uma sinagoga imponente, medindo 18 metros de largura por 83 metros de comprimento.
O edifício mais impressionante de Sardes era o templo dedicado a Ártemis, a deusa da natureza frutífera e irmã gêmea do deus Apolo. Conhecida localmente também como Cibele, essa divindade tinha um templo esplêndido reconstruído no século IV a.C., medindo aproximadamente 50 por 100 metros. A entrada do templo era adornada pela “via sagrada”, ladeada por leões em posição agachada, símbolos da força e proteção da deusa.
No século I d.C., muitos habitantes de Sardes abraçaram o cristianismo, e uma igreja florescente surgiu na cidade. O apóstolo João enviou uma mensagem direta aos cristãos da cidade através do livro do Apocalipse, alertando-os sobre sua condição espiritual: “Conheço as suas obras; você tem fama de estar vivo, mas está morto. Esteja atento! Fortaleça o que resta e que estava para morrer...” (Apocalipse 3:1-6).
Essa mensagem parece ter surtido efeito, pois os arqueólogos encontraram sinais da cruz gravados em várias partes do templo, indicando que os cristãos assumiram o controle e o converteram em uma igreja, prática comum na época com templos pagãos. No século IV, o templo-igreja entrou em desuso, e os cristãos construíram uma pequena igreja no ângulo sudeste do templo original, cuja estrutura foi encontrada em excelente estado, com o altar preservado.
Sardes sobreviveu até ser quase destruída pelo conquistador Tamerlão, em 1402. Hoje, resta apenas uma pequena aldeia chamada Sart próxima ao local da antiga cidade. Ainda assim, as ruínas e os achados arqueológicos revelam a grandiosidade e a importância histórica de Sardes, tanto no mundo antigo quanto na história do cristianismo.
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