Quiriate-Sefer, cujo nome significa “Cidade do Escriba”, é uma antiga cidade mencionada na Bíblia e associada ao sítio arqueológico de Tell Beit Mirsim, localizado cerca de 18 km a sudoeste de Hebrom. Durante um período de sua história, a cidade foi também conhecida como Debir, nome que aparece em várias passagens bíblicas relacionadas à conquista e colonização da Terra Prometida.
O montículo arqueológico de Tell Beit Mirsim foi objeto de interesse de arqueólogos renomados como os drs. W. F. Albright e G. Ernest Wright e o professor Kyle, que realizaram quatro campanhas de escavação entre os anos 1926 e 1932. Essas pesquisas revelaram que Quiriate-Sefer possuía uma longa e rica história, tendo sido fundada provavelmente por volta de 2200 a.C., na Idade do Bronze Antigo.
Ao longo dos séculos, várias cidades foram edificadas e destruídas sobre o mesmo montículo, o que evidencia o caráter dinâmico e estratégico do local. Sua posição geográfica, próxima à rota entre Hebrom e o sul da Judéia, contribuía para sua importância comercial e militar.
No século VIII a.C., Quiriate-Sefer atingiu seu ápice de desenvolvimento, tornando-se um centro notável para a produção e comércio de tinturas para tecidos — uma indústria vital para a economia local e regional. Evidências arqueológicas, como fragmentos de cerâmica tingida, sugerem que a cidade tinha um papel importante na confecção de tecidos coloridos, o que era um luxo e símbolo de status na Antiguidade.
Além da atividade econômica, Quiriate-Sefer desempenhava um papel administrativo e cultural importante para a região, funcionando como um centro urbano de porte médio e um ponto de passagem para caravanas.
A história de Quiriate-Sefer, no entanto, não foi isenta de conflitos. A cidade foi queimada e destruída pelo rei babilônico Nabucodonosor II durante o cerco de Jerusalém, em 586 a.C., episódio que marcou o fim do reino de Judá e o início do exílio babilônico do povo judeu.
Nesse contexto arqueológico, os estudiosos encontraram um selo de barro com a inscrição “Eliaquim”, datado de 597 a.C., que provavelmente pertenceu a um oficial ou escriba da corte de Judá. Este achado reforça a importância administrativa e documental da cidade, além de estabelecer uma conexão direta com os eventos narrados no Antigo Testamento.
Quiriate-Sefer é mencionada no contexto das conquistas de Josué e das campanhas militares das tribos de Judá e Simeão (Js 15:15; Js 21:15). A cidade simboliza um ponto de encontro entre o mundo cananeu, israelita e babilônico, sendo testemunha de séculos de ocupação e transformações culturais.
Os achados em Tell Beit Mirsim contribuem para a compreensão do modo de vida, economia e organização política do povo antigo que habitava a região. A descoberta dos selos, das estruturas residenciais e das evidências industriais mostra que Quiriate-Sefer foi uma cidade ativa e significativa em sua época.
Hoje, Tell Beit Mirsim permanece como um dos sítios arqueológicos importantes para o estudo da história bíblica e do Oriente Próximo. Suas ruínas, ainda não completamente exploradas, continuam a revelar aspectos da vida antiga, das interações entre povos e dos eventos que moldaram a história da Palestina e de Israel.
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