Pérgamo, mencionada no livro de Apocalipse como a terceira das sete igrejas da Ásia, era uma cidade de grande importância histórica, política e religiosa no mundo antigo. Situava-se a cerca de 24 km do mar Egeu e 96 km ao norte de Esmirna (atual Izmir, na Turquia). A cidade moderna que ocupa a região é chamada de Bérgamo, nome derivado do original, adaptado ao turco.
Pérgamo era conhecida como um dos principais centros religiosos pagãos da Ásia Menor. A cidade abrigava quatro grandes cultos greco-romanos: o de Zeus, Atenéia, Dionísio e Esculápio, além da adoração ao imperador romano — o que a tornava um foco da idolatria estatal. Por essa razão, João, o autor do Apocalipse, descreveu Pérgamo como o lugar “onde está o trono de Satanás” e “onde Satanás habita” (Ap 2:13).
Essa referência talvez esteja ligada ao grande altar de Zeus, cuja aparência majestosa e localização elevada davam a impressão de um trono dominando a cidade. Também pode se referir ao templo imperial, símbolo da adoração blasfema ao imperador, exigida pelos romanos sob pena de perseguição.
Entre 1878 e 1886, arqueólogos do Museu de Berlim realizaram escavações sistemáticas em Pérgamo e trouxeram à luz um magnífico complexo de edifícios. O centro da acrópole incluía um anfiteatro helenístico, capaz de acomodar milhares de espectadores, além de diversas estruturas religiosas e palacianas.
Dentre os achados mais impressionantes estava o já mencionado grande altar de Zeus, decorado com extensos relevos representando a batalha entre os deuses e os gigantes — um tema da mitologia grega que simbolizava a ordem divina triunfando sobre o caos. Este altar foi transportado para a Alemanha, onde pode ser visto no Museu de Pérgamo, em Berlim.
Outros templos destacados foram o templo de Atenéia, deusa da sabedoria e da guerra; o templo de Trajano e o templo de Adriano, que indicam o culto aos imperadores. Havia também palácios reais, altares, bibliotecas e colunatas, evidenciando a riqueza arquitetônica e cultural da cidade.
Pérgamo também se destacou por sua famosa biblioteca, que rivalizava com a de Alexandria, no Egito. Estima-se que ela abrigava mais de 200 mil rolos de pergaminho — material cujo nome, aliás, deriva da própria cidade. A rivalidade entre Pérgamo e Alexandria acabou levando à invenção do pergaminho como alternativa ao papiro egípcio, cuja exportação foi bloqueada.
Foi nesse ambiente opressivo que surgiu uma comunidade cristã, para a qual João escreveu a mensagem do capítulo 2 do Apocalipse. A carta elogia os cristãos de Pérgamo por permanecerem fiéis mesmo sob perseguição, especialmente após o martírio de Antipas, descrito como “minha fiel testemunha, que foi morto entre vocês, onde Satanás habita” (Ap 2:13).
Pérgamo representa o desafio da fidelidade cristã em meio a um mundo dominado pela idolatria e pelo poder opressor. Suas ruínas imponentes ainda hoje testemunham a glória de uma cidade que foi, ao mesmo tempo, um centro de cultura e um símbolo da oposição espiritual ao Reino de Deus.
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