Três dias após a crucificação de Jesus, dois discípulos caminhavam de Jerusalém para Emaús, abatidos e confusos com os acontecimentos da Páscoa. No meio do trajeto, o Cristo ressuscitado se juntou a eles, embora não o reconhecessem de imediato. Durante a caminhada, Jesus lhes explicou “o que constava a respeito dele em todas as Escrituras” (Lucas 24:13-33), mostrando como a Lei, os Profetas e os Salmos anunciavam o Messias. Esse encontro se tornou uma das passagens mais emocionantes e teologicamente ricas do Novo Testamento, revelando a presença viva de Cristo mesmo quando não é percebida à primeira vista.
Lucas menciona que um dos discípulos se chamava Cleofas (Lc 24:18). O outro permanece sem nome, o que permitiu, ao longo dos séculos, inúmeras especulações. Alguns sugerem que poderia ser sua esposa ou até o próprio autor do Evangelho, simbolizando o convite universal para que todos reconheçam Jesus ao "partir do pão". O que se destaca, no entanto, é o processo de transformação interior: de corações entristecidos para corações ardentes, após ouvirem a exposição das Escrituras.
A localização precisa da antiga vila de Emaús tem sido tema de debate. O evangelho de Lucas indica que Emaús ficava a cerca de 60 estádios (aproximadamente 11 km) de Jerusalém. Entre os vários candidatos, quatro localidades modernas são geralmente apontadas: Abu Ghosh, el-Qubeibeh, Nicópolis e Colônia.
A tradição mais forte recai sobre el-Qubeibeh, uma aldeia situada 11 km a noroeste de Jerusalém. O local é elevado, o que oferece ampla vista da planície do Sarom e do mar Mediterrâneo ao oeste — uma paisagem condizente com a narrativa. É também atravessado por uma antiga estrada romana, o que reforça ainda mais sua autenticidade histórica.
No ano 1099, durante as Cruzadas, foi descoberto na região de el-Qubeibeh um pequeno forte romano chamado Castellum Emaús, identificado como sendo o possível local da Emaús bíblica. Em 1878, os franciscanos ergueram ali a Igreja de São Cleofas, sobre as ruínas de uma construção anterior, que muitos consideram ser uma igreja cruzada medieval.
Hoje, no local, há uma bela igreja alemã e um hospício franciscano, rodeados por um jardim repleto de carvalhos, pinheiros e medronheiros, que proporcionam um ambiente de contemplação e espiritualidade.
O Caminho de Emaús é um símbolo da jornada espiritual que todos percorremos: da dúvida à fé, da tristeza à esperança. O momento em que Jesus parte o pão com os discípulos e é finalmente reconhecido (Lc 24:30-31) resume a experiência cristã do encontro com o Ressuscitado. Ele caminha conosco mesmo quando não o vemos. E como aconteceu com Cleofas e seu companheiro, nossos corações também podem arder quando ouvimos as Escrituras sendo abertas.
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