Nínive, a capital do poderoso Império Assírio, era conhecida por sua imponência, riqueza e crueldade. Localizada a 450 km ao norte da Babilônia, às margens orientais do rio Tigre — exatamente em frente à atual cidade de Mossul, no Iraque —, Nínive foi uma das cidades mais influentes e temidas do mundo antigo. Seus habitantes eram considerados saqueadores, razão pela qual era apelidada de “cidade dos ladrões”, devido às suas frequentes campanhas militares contra outras nações.
Desde o século IX a.C., Nínive assumiu papel central na expansão assíria, sendo cenário de campanhas violentas que marcaram profundamente o Oriente Médio. Em 612 a.C., após séculos de dominação, a cidade foi destruída por uma coalizão entre medos e babilônios, conforme profetizado por Naum e Sofonias. Essa queda marcou o fim de uma era e a ruína de um império que aterrorizava os povos vizinhos.
As ruínas de Nínive foram redescobertas em 1845 pelo arqueólogo Henry Austin Layard, que iniciou escavações no local. Ele identificou dois grandes montes: Nebi Yunis, ao sul (associado ao profeta Jonas), e Kuyunjik, ao norte (o Castelo de Nínive), com cerca de 30 e 26 metros de altura, respectivamente. No promontório norte, Layard desenterrou o palácio de Senaqueribe, com impressionantes salões cobertos de baixo-relevos em alabastro e ladeados por touros alados com cabeça humana — os famosos lamassus.
Os registros cuneiformes encontrados em Nínive mencionam oito campanhas de Senaqueribe, incluindo a destruição da Babilônia (689 a.C.) e o cerco de Jerusalém (701 a.C.). A Bíblia, em 2 Reis 18–19 e Isaías 36–37, narra como o rei Ezequias clamou a Deus com a ajuda do profeta Isaías, e como um anjo do Senhor destruiu 185 mil soldados assírios durante a noite. Curiosamente, os registros de Senaqueribe não relatam a derrota, mas mencionam Ezequias como um "pássaro enjaulado", omitindo a captura de Jerusalém.
Durante escavações no palácio de Assurbanipal, sucessor de Senaqueribe, foram encontrados milhares de tabuinhas de argila, contendo registros administrativos, orações, tratados médicos, poemas e épicos. Essa vasta biblioteca real, com cerca de 100 mil volumes, é considerada uma das mais importantes da Antiguidade. Entre as obras, estavam textos sobre astrologia, literatura e até relatos do Dilúvio, semelhantes à narrativa de Noé. O estudioso George Smith encontrou fragmentos que impressionaram o mundo, como a Narração Caldaica do Gênesis.
Nínive aparece frequentemente na Bíblia, principalmente no livro do profeta Jonas, que foi enviado à cidade para pregar arrependimento. Jesus também mencionou Nínive como exemplo de conversão (Mateus 12:41). A destruição da cidade foi total, mas suas ruínas e descobertas arqueológicas revelaram muito sobre a Assíria, confirmando eventos e práticas descritas nas Escrituras.
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