O Monte Hermom, conhecido como o “caudilho das montanhas” da Palestina, impressiona por suas dimensões: 8 km de largura por 32 km de comprimento. Ele possui três picos distintos, sendo o mais alto situado a 2.796 metros acima do nível do mar Mediterrâneo. Sua imponente presença dominava a paisagem, tornando-se uma referência espiritual e geográfica ao longo da história.
Desde muito antes da época de Abraão, o Monte Hermom foi um local sagrado para os povos cananeus devido à sua estreita relação com Baal, o principal deus da religião cananeia. Em toda Canaã, era comum encontrar altares nos picos mais altos, conhecidos como “lugares altos”, pois quanto maior a altitude, maior a santidade do local. No Hermom, foram plantados pequenos bosques e erigidos altares para a adoração, tornando-se o “altar dos altares” da região.
Os cananeus tinham grande devoção pelo Monte Hermom, contemplando-o e voltando-se para ele em suas orações, da mesma forma que os muçulmanos hoje voltam seu rosto para Meca ao rezar. Esse costume demonstra a profunda ligação espiritual entre o povo e a natureza, especialmente as montanhas que dominavam o cenário. Essa veneração contrastava com a fé do rei Davi, que declarava confiar no Senhor para seu socorro e proteção, conforme o Salmo 121: “Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra” (Sl 121:1-2).
No verão de 1934, o Dr. J. Stewart Crawford e o autor deste artigo lideraram uma expedição para estudar os antigos altares de Baal que circundam o Monte Hermom. Eles localizaram numerosas ruínas de altares, todos orientados de modo que o sacerdote e os adoradores olhassem para o santuário principal de Baal (Quibla), localizado no pico mais alto do monte. Essa orientação confirma a importância ritualística e o simbolismo do lugar para os antigos cananeus.
Durante a expedição, os pesquisadores escalaram a montanha e encontraram as ruínas de um templo dedicado a Baal, construído com alvenaria herodiana, o que indica que data do período imediatamente anterior e contemporâneo ao início da era cristã. Próximo ao extremo noroeste do templo, foram descobertos montões de cinzas e ossos queimados — restos de sacrifícios — evidenciando que o local ainda estava em uso durante tempos históricos significativos.
É bastante provável que esse templo estivesse ativo na época da transfiguração de Jesus, que, segundo o relato bíblico, ocorreu no cume sul do Monte Hermom. O contexto arqueológico dá suporte à narrativa bíblica, mostrando como o monte não era apenas um marco geográfico, mas um centro de cultos religiosos profundamente enraizado na história da região.
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