Jope, também conhecida como Jafa (atualmente parte de Tel Aviv, em Israel), foi por muitos séculos a principal porta de entrada marítima da antiga Palestina. Edificada sobre uma lombada rochosa de 35 metros de altura, a cidade avança em direção a um pequeno e encantador cabo no Mar Mediterrâneo. Sua posição estratégica fez dela um ponto crucial para o comércio, a política e até os movimentos religiosos da região.
O porto natural de Jope é circundado por um quebra-mar formado por enormes rochas, que proporcionam abrigo contra as ondas. De acordo com a mitologia grega, foi em uma dessas rochas que Andrômeda teria sido acorrentada para ser devorada por um monstro marinho enviado por Poseidon. O herói Perseu, voando com suas sandálias aladas, teria chegado a tempo de salvá-la. Essa lenda, embora alheia à tradição hebraica, mostra como Jope era conhecida e relevante mesmo em culturas estrangeiras.
Biblicamente, Jope tem papel fundamental. Foi por esse porto que chegaram os cedros do Líbano, enviados por Hiram, rei de Tiro, para a construção do Templo de Salomão em Jerusalém (2Cr 2:16). Séculos depois, esse mesmo porto foi usado novamente para a reconstrução do templo nos dias de Esdras (Ed 3:7). Isso confirma a importância contínua da cidade como elo entre as grandes civilizações do Mediterrâneo e a Terra Santa.
Jope também é conhecida por ter sido o ponto de fuga do profeta Jonas, que, desobedecendo à ordem de Deus para pregar em Nínive, embarcou em uma embarcação rumo a Társis (Jn 1:3). Este episódio marca profundamente a teologia profética, pois mostra que não há lugar onde alguém possa escapar da presença do Senhor.
Durante o Novo Testamento, Jope continuou sendo uma cidade ativa. Lá vivia uma discípula chamada Tabita (ou Dorcas), conhecida por suas boas obras e caridade (At 9:36). Quando morreu, foi ressuscitada pelo apóstolo Pedro, em um dos milagres mais comoventes registrados em Atos (At 9:38-42). Em Jope, Pedro também teve uma visão profética em que descia do céu um lençol com animais impuros, simbolizando a inclusão dos gentios no plano de salvação (At 10:9-16). A partir daí, o evangelho se expandiria para além dos judeus.
Apesar de sua história rica, as escavações arqueológicas em Jope são restritas a uma área relativamente pequena. No entanto, muitas peças de alvenaria, cerâmicas e artefatos antigos foram encontrados, comprovando sua antiguidade e continuidade de ocupação. Jope foi habitada por cananeus, egípcios, filisteus, israelitas, romanos e muitos outros povos ao longo dos séculos.
Jope representa uma ponte entre mundos: entre o mar e a terra, entre judeus e gentios, entre mitologia e fé. Sua relevância bíblica e histórica a transforma em uma das cidades mais fascinantes da antiga Palestina, testemunha viva de eventos que moldaram a história sagrada.
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