A localização da antiga Jerusalém nunca foi contestada pelos arqueólogos. No entanto, escavar e entender suas estruturas tem sido um desafio monumental. A cidade foi destruída ou sitiada mais de quarenta vezes ao longo da história, acumulando camadas sobre camadas de ruínas. Em alguns pontos, os escombros chegam a 12 metros acima do nível original do tempo de Jesus, e 9 metros em relação ao período do Antigo Testamento. Por isso, muitas escavações foram feitas por túneis subterrâneos, já que boa parte da cidade está coberta por construções modernas e cemitérios.
Em 1838, Edward Robinson descobriu um arco de pedras próximo ao Templo, mais tarde chamado de “Arco de Robinson”, que sustentava uma ponte dos tempos de Herodes. Charles Warren encontrou, do outro lado do vale, a base da coluna correspondente. Posteriormente, Sir Charles Wilson localizou outro arco, o “Arco de Wilson”, evidenciando o acesso ao pátio exterior do Templo. Essas pontes ligavam o monte Moriá à colina ocidental.
Outro achado significativo foi feito por Felicien de Sauley em 1850: um grande sepulcro com mais de 60 tumbas. Pensou-se tratar das tumbas reais de Judá, mas depois se identificou como mausoléu da rainha Helena de Adiabene, convertida ao judaísmo.
Em 1880, estudantes encontraram por acaso a famosa inscrição do Túnel de Siloé. O texto relata como o túnel foi escavado simultaneamente por dois grupos a partir de extremos opostos, encontrando-se no centro — uma proeza de engenharia de 702 a.C. O túnel canalizava água do manancial de Giom até o tanque de Siloé, garantindo abastecimento durante o cerco assírio.
Warren também escavou fossos de até 38 metros, revelando pedras gigantescas e bem encaixadas da época herodiana ou anterior. No ângulo sudeste do Templo, encontrou uma pedra angular de 4,3 metros de comprimento pesando cerca de 100 toneladas, talvez da época de Salomão. Warren também deixou à mostra trechos do muro de Davi, com 122 metros de extensão, na colina de Ofel.
A inscrição de Uzias, rei de Judá, encontrada por Sukenik em 1931, menciona seu translado ossuário e data do século I d.C. Outra inscrição recuperada por Clermont-Ganneau em 1871 proibia a entrada de gentios no Templo, sob pena de morte — reforçando o rigor da lei judaica naquele tempo.
As escavações em Jerusalém revelam não apenas ruínas, mas a história viva de reis, profetas e apóstolos. Desde os túneis de Ezequias até os muros de Herodes e Salomão, cada pedra testemunha a fé, a resistência e a grandiosidade da cidade santa — Jerusalém, o coração espiritual de Israel.
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