Harã foi o primeiro ponto de parada de Abraão em sua jornada rumo à terra de Canaã. Situada sobre o rio Balik, aproximadamente 64 km a leste de Carquemis, Harã era um centro mercantil e ponto estratégico de união na antiga rota que cruzava a região, muito utilizada por exércitos e caravanas que transitavam entre importantes cidades da Mesopotâmia.
Harã ficava cerca de 965 km a noroeste de Ur dos Caldeus, local de origem de Abraão, e a aproximadamente 644 km a nordeste de Canaã. Essa localização privilegiada fazia dela uma cidade próspera e um importante elo comercial na região. Nas antigas tabuinhas de Mari e outras inscrições cuneiformes, Harã é mencionada frequentemente como uma cidade florescente entre os séculos XIX e XVIII a.C., época em que personagens bíblicos como Abraão, Rebeca, Naor e Jacó viviam na região.
Depois da queda da capital assíria, Nínive, em 612 a.C., muitos assírios buscaram refúgio em Harã. A cidade passou então a ser a capital temporária do Império Assírio até sua conquista pelos babilônios em 609 a.C. Embora o antigo montículo de Harã esteja hoje despovoado, uma aldeia muçulmana se formou ao lado, cujas casas são construídas no tradicional estilo “favos de mel”, comum no norte da Síria.
Os habitantes atuais mantêm muitas tradições relacionadas a Abraão e a um poço próximo, considerado o local onde Eliézer, servo de Abraão, encontrou Rebeca para ser esposa de Isaque, conforme narrado na Bíblia. Essas tradições mostram a profunda ligação cultural e histórica da região com os relatos bíblicos.
Escavações realizadas no montículo revelaram uma ocupação contínua que se estende desde 2000 a.C. até cerca de 1000 d.C. Durante grande parte desse período, a cidade possuía um templo dedicado a Sin, o deus-lua, que era uma das divindades mais importantes da Mesopotâmia.
Embora não tenham sido encontradas inscrições diretamente ligadas a Abraão, arqueólogos descobriram fragmentos de um leão assírio, ruínas de um castelo muito antigo e os restos de uma antiga catedral. Essas descobertas reforçam a importância histórica e religiosa da cidade ao longo dos milênios.
Harã aparece em diversas passagens bíblicas, sendo citada como lugar de residência e ponto de trânsito de patriarcas importantes. Algumas referências incluem:
Gênesis 11:31, que narra a saída de Abraão de Ur até Harã;
Gênesis 12:5, sobre a jornada de Abraão;
Gênesis 27:43 e 28:10, referentes a Jacó;
Gênesis 29:4, em que Jacó encontra Raquel;
2 Reis 19:12 e Isaías 37:12, falando do poder assírio;
Ezequiel 27:23, mencionando Harã nas redes comerciais;
Atos 7:4, em discurso de Estêvão citando Abraão.
Harã foi mais do que uma simples parada na rota de Abraão: foi um centro econômico, cultural e religioso significativo para os povos da Antiguidade. Sua história multifacetada abrange desde os tempos patriarcais até o período assírio e além, refletindo a complexidade e riqueza da história do Oriente Médio.
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