Giom, conhecido atualmente como o manancial das Virgens, é uma fonte intermitente de água pura que brota das profundezas do vale do Cedrom, a leste de Jerusalém, defronte à aldeia de Siloé. Desde a antiguidade, essa fonte tem sido o único manancial contínuo nas proximidades da cidade, garantindo o abastecimento hídrico que foi decisivo para a localização do assentamento em seu altiplano.
Os moradores jebuseus de Jerusalém, antes da conquista por Davi, entenderam a importância da água e escavaram um complexo canal ou túnel subterrâneo a oeste da fonte. Esse túnel conduzia a água até o interior da cidade, por baixo dos muros, permitindo aos habitantes retirar água sem se expor a ataques inimigos, especialmente durante períodos de cerco.
Acredita-se que este túnel seja a "passagem de água" mencionada em 2 Samuel 5:8, pela qual Joabe, comandante do exército de Davi, conduziu seus soldados para o interior de Jerusalém, tomando a guarnição jebuseia de surpresa e garantindo a vitória de Davi. Após a conquista, o uso do túnel diminuiu, pois Davi construiu dois tanques de armazenamento — um superior e outro inferior — para suprir o consumo interno e irrigar os jardins do vale dos Reis.
Em 1867, o arqueólogo britânico Charles Warren descobriu o túnel e o poço do manancial. No fim do túnel há um tanque e um poço que se elevam até o cume de uma colina dentro da cidade. Na parte superior do poço, havia um aro de ferro pelo qual passava uma corda para retirar água do tanque, evidenciando uma engenhosa técnica de captação e uso da água.
O manancial de Giom tem grande importância histórica e simbólica: foi ali que Salomão foi coroado rei, montado na mula real de seu pai, Davi, para que o povo reconhecesse sua autoridade e sucessão legítima (1 Reis 1:33,45). Esse episódio reforça a centralidade do manancial na vida política e religiosa de Jerusalém.
As sucessivas destruições de Jerusalém ao longo da história acumularam escombros no vale do Cedrom, tornando hoje necessário descer cerca de trinta degraus para alcançar o manancial. Apesar disso, o Giom continua a fluir vigorosamente, embora de forma intermitente: na estação das chuvas, a água brota cerca de quatro a cinco vezes por dia, enquanto na seca, o fluxo ocorre apenas uma ou duas vezes.
O manancial de Giom é mencionado em diversos textos bíblicos, destacando sua importância duradoura na história de Jerusalém:
1 Reis 1:33, 45 — coroação de Salomão;
2 Reis 18:17; 20:20 — eventos no reino de Judá;
2 Crônicas 32:30; 33:14 — reformas e abastecimento da cidade;
Neemias 2:14 — reconstrução das muralhas;
Isaías 7:3 — profecias ligadas ao local.
Giom, portanto, é um símbolo não apenas da sobrevivência física da cidade de Jerusalém, mas também de sua resistência política e espiritual ao longo dos séculos, preservando a água e a vida em meio a inúmeros desafios.
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