Gibeá foi a primeira capital do Israel unificado, sendo também a residência oficial do rei Saul, o primeiro monarca de Israel. Localiza-se aproximadamente 6 km ao norte de Jerusalém, numa colina de formato cônico que, durante muito tempo, despertou a curiosidade de arqueólogos e estudiosos por suas ruínas misteriosas.
Entre os anos de 1922 e 1933, o renomado arqueólogo Dr. William F. Albright liderou expedições no local. Suas escavações revelaram sete níveis distintos de ocupação, abrangendo um período que vai de cerca de 1100 a.C. até 70 d.C. Cada camada ofereceu importantes vestígios da história antiga de Gibeá, desde as primeiras aldeias israelitas até a época do domínio romano.
No nível mais antigo, Albright encontrou cinzas e ruínas carbonizadas, indicativas da destruição de um povoado israelita por volta da última metade do século XII a.C. Esta destruição é geralmente associada aos relatos bíblicos contidos nos capítulos 19 e 20 do livro de Juízes, que narram eventos trágicos ocorridos em Gibeá.
No segundo nível, construído antes do ano 1000 a.C., as escavações revelaram uma impressionante fortaleza atribuída ao rei Saul. Com a forma de um castelo de dois andares, a construção media aproximadamente 47 por 52 metros. Seus muros eram feitos de pedras cinzeladas a martelo, com espessura variando entre 2,4 e 3 metros, evidenciando a preocupação com a defesa.
Uma escada externa de pedra levava ao segundo andar, onde se situava a sala de audiências. Essa sala tinha cerca de 4 por 7 metros — aproximadamente o tamanho de uma sala de estar moderna. A tradição sugere que foi ali que Davi tocava sua harpa para acalmar o rei Saul nos momentos de tormenta.
No sítio arqueológico, foram encontrados diversos objetos que retratam a vida diária no palácio de Saul: panelas de cozinha, baixelas polidas, pedras de moer, volantes de pedra usados para triturar grãos e até um tabuleiro de jogos, sugerindo momentos de lazer. No sótão do castelo, havia grandes jarras para armazenamento de vinho e azeite, além de um compartimento para grãos, muitos dos quais ainda foram encontrados carbonizados, mesmo após quase três mil anos.
Gibeá figura amplamente nas narrativas bíblicas, sobretudo nos livros de Juízes e Samuel, envolvendo eventos dramáticos e decisões importantes na história de Israel. Foi palco de conflitos, decisões políticas e eventos espirituais que moldaram o destino do povo hebreu.
Gibeá é mencionada em diversos capítulos da Bíblia, entre eles:
Juízes 19:12; 20:4,13,31,43 — relatos sobre conflitos na cidade;
1 Samuel 10:26; 11:4; 13:15; 14:2; 15:34; 23:19; 26:1 — a vida e o reinado de Saul e interações com Davi;
2 Samuel 21:6; 1 Crônicas 11:31 — episódios posteriores envolvendo a cidade;
Isaías 10:29; Oséias 5:8; 9:9; 10:9 — profecias que fazem menção à cidade.
Gibeá representa uma janela para o passado antigo de Israel, permitindo-nos compreender melhor o contexto histórico e cultural do período dos juízes e do início da monarquia, com evidências arqueológicas que confirmam muitos relatos bíblicos.
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