Dotã, atualmente conhecida como Tell Dotha, está situada aproximadamente 19 km ao norte da antiga cidade de Samaria. É representada por um pequeno monte que cobre uma área de cerca de 4 hectares no topo e 6 hectares nas encostas. Este local tem grande relevância bíblica, pois foi onde os irmãos de José o lançaram em uma cisterna, antes de vendê-lo a uma caravana de ismaelitas e midianitas que passava por ali (Gênesis 37:17-28).
Além disso, Dotã foi cenário da célebre visão do profeta Eliseu, que avistou montanhas cheias de cavalos e carros de guerra celestiais, o que lhe trouxe a certeza de que “aqueles que estão conosco são mais numerosos do que eles” (2 Reis 6:13-23). Essa experiência reforçou a confiança no auxílio divino em momentos de perigo.
As escavações em Tell Dotha começaram na primavera de 1953, sob a direção do Dr. Joseph P. Free, da Wheaton College. As investigações revelaram onze níveis distintos de ocupação, que vão desde a Idade do Bronze Antigo (aproximadamente 3000-2000 a.C.) até a Idade do Ferro Médio (1000-586 a.C.).
Em cada um desses níveis arqueológicos, foram encontrados vestígios importantes, como portas, muros e diversos artefatos, que ajudam a compreender a evolução da cidade e seus habitantes ao longo dos séculos.
Destaque especial é dado ao nível correspondente à Idade do Bronze Médio (2000-1500 a.C.), período que coincide com a história de José. Próximo a esse nível arqueológico, foi descoberto um pesado muro que protegia a cidade naquela época.
Em uma das esquinas desse muro, os escavadores encontraram o esqueleto de um menino sepultado dentro de um cântaro de cerâmica, datado também da Idade do Bronze Médio. Essa descoberta sugere a possibilidade de um sacrifício humano, similar ao relato bíblico de Hiel, que sacrificou seu filho nos alicerces da cidade de Jericó quando a reconstruiu (1 Reis 16:34). Embora essa interpretação seja controversa, ela evidencia práticas antigas associadas à proteção das cidades.
Outro período arqueológico importante em Dotã é o da Idade do Ferro Médio (900-586 a.C.), época em que viveu o profeta Eliseu. As áreas exploradas desse nível revelam uma cidade com ruas estreitas e casas pequenas, equipadas com porões de armazenamento e fornos para a fabricação de pão.
Nesse mesmo nível, os arqueólogos encontraram quinze peças de prata guardadas dentro de uma caixa de cerâmica. Acredita-se que esse conjunto de moedas pudesse ter sido o valor pago como alforria de alguém, ou seja, o preço pela libertação de uma pessoa da escravidão.
Dotã, portanto, não é apenas um marco histórico e arqueológico importante, mas também um local carregado de significado bíblico. As descobertas feitas no sítio confirmam que ali houve uma cidade ocupada por muitos séculos, atravessando períodos relevantes da história do povo de Israel e seus vizinhos.
As ruínas e artefatos ajudam a conectar as narrativas bíblicas com evidências físicas, aprofundando o conhecimento sobre a vida antiga em regiões onde ocorreram eventos que marcaram a fé e a cultura da humanidade.
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