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Bete-Seã | Ivaldo Fernandes

Localização e Importância Estratégica de Bete-Seã

Bete-Seã estava situada na extremidade oriental do vale de Jezreel, na margem sul do rio Jalud. Sua localização era estratégica, pois defendia a estrada que ligava os vales de Jezreel e do Jordão, uma rota essencial para o trânsito de pessoas e exércitos. Por essa razão, a cidade teve papel crucial em vários conflitos e na dinâmica política da região.

Escavações e Descobertas Arqueológicas

Entre 1921 e 1933, a Universidade da Pensilvânia realizou escavações importantes em Bete-Seã, sob a direção de Clarence Fisher, Alan Rowe e G. H. FitzGerald. Foram descobertos nove níveis de ocupação, evidenciando uma longa história cultural da cidade.

Nas diferentes camadas, arqueólogos encontraram vestígios variados, como alvenaria, esculturas, joias, escaravelhos sagrados, selos e até uma panela de ouro dedicada a Baal, divindade cananeia. Além disso, foram desenterradas treze estelas (monumentos inscritos), com inscrições que se referem a faraós egípcios como Seti I, Ramessés II e Ramessés III, oferecendo uma conexão direta com o Egito antigo.

As Estelas dos Faraós e a História Militar

Duas estelas trazem inscrições de Seti I, que reinou entre 1318 e 1301 a.C. Uma delas narra em detalhes como ele enviou o “primeiro exército de Rá” para Bete-Seã com o objetivo de sufocar um motim dos habitantes locais que ameaçava o domínio egípcio. Outra estela menciona combates contra os “apiru das montanhas do Jordão”, um grupo que buscava expandir sua influência. Alguns estudiosos sugerem que esses “apiru” poderiam ser a tribo de Manassés, que, segundo a Bíblia, não expulsou o povo de Bete-Seã e arredores (Jz 1:27).

A estela de Ramessés II, com 2,74 metros de altura, é datada do nono ano de seu reinado. Apesar de estar parcialmente apagada, descreve o rei como uma “águia entre os pássaros”, exaltando seu poder e domínio sobre os inimigos. Importante esclarecer que, embora a imprensa tenha difundido a ideia de que essa estela mencionava a construção da cidade de Ramessés por escravos asiáticos (ligando-o ao faraó da opressão do Êxodo), a divulgação oficial deixou claro que não há qualquer referência a essa construção nem ao uso de israelitas.

Ruínas Religiosas e Cultos em Bete-Seã

Nas escavações do grande monte de Bete-Seã foram descobertas ruínas de várias edificações religiosas: uma mesquita muçulmana, uma igreja cristã, um templo grego e entre cinco a seis templos com características “cananéias com sabor egípcio”. Muitos desses templos eram dedicados ao deus Mekal, considerado o senhor (Baal) de Bete-Seã.

No quinto nível arqueológico, foram encontrados dois templos destruídos por volta de 1000 a.C. O templo no lado norte possivelmente era dedicado a Astarote (Astarte), onde, segundo a tradição, as armaduras de Saul foram penduradas como troféu após sua morte no monte Gilboa.

O templo ao sul, medindo 24 por 19 metros, possuía um salão central com bases circulares de pedra. Os arqueólogos concluíram que este era o templo de Dagom, onde a cabeça de Saul foi exposta conforme relatos bíblicos (1Cr 10:10; 1Sm 31:10). Fora da cidade, os corpos de Saul e seus filhos foram pendurados.

O Fim da Era Cananeia e o Período Helenístico

A cidade correspondente ao quinto nível parece ter sido capturada e destruída por Davi por volta do ano 1000 a.C., segundo evidências arqueológicas. Após essa destruição, Bete-Seã permaneceu em ruínas por séculos até o surgimento dos edifícios helenísticos por volta de 300 a.C., marcando uma nova fase da cidade.

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Cidades Bíblicas Antigas

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