Assur, a primeira das quatro grandes capitais do Império Assírio, é um dos sítios arqueológicos mais antigos e significativos da Mesopotâmia. Hoje conhecida como Qalaat Sherqat, está localizada na margem ocidental do rio Tigre, a cerca de 114 km ao sul da moderna Mossul, no atual Iraque. Sua história remonta a cerca de 3000 a.C., com contínuos ciclos de prosperidade e destruição, até sua queda definitiva em 614 a.C., quando foi arrasada pelos medos e babilônios.
O explorador Austen Henry Layard foi um dos primeiros a se interessar pelo local, movido por histórias de árabes que falavam de um monte contendo "figuras estranhas esculpidas em pedra negra". Logo nos primeiros trabalhos, sua equipe desenterrou uma estátua de basalto negro, de tamanho natural, recoberta com inscrições cuneiformes em três lados, mencionando o rei Salmaneser III. Esse achado marcou o início de descobertas que incluíram ladrilhos com inscrições, pedras fronteiriças, fragmentos de tábuas cuneiformes e tumbas com objetos funerários.
Em 1853, outro arqueólogo importante, Hormuzd Rassam, foi orientado por Rawlinson a investigar uma possível "pedra angular" na base do zigurate (templo em forma de torre). Após escavações cuidadosas, Rassam encontrou duas tabuinhas da base, datadas do reinado de Tiglate-Pileser I (1115–1107 a.C.). As tabuinhas relatavam não apenas a construção original do templo em 1820 a.C., como também sua reconstrução posterior. Em uma delas, há a clara identificação da cidade como sendo Assur, o que confirmou a importância histórica do sítio.
Em 1903, os alemães iniciaram uma série de escavações sistemáticas sob a direção de Robert Koldewey, que mais tarde também trabalharia na Babilônia. Durante esse período, foram desenterrados templos, santuários, palácios, ruas fortificadas, além de inúmeras colunas com inscrições de reis assírios. Dentre os achados mais notáveis, destaca-se um poema assírio bilíngue, que narra a criação do mundo e o início da humanidade. Curiosamente, esse poema contém símbolos que lembram notas musicais, sugerindo um possível uso litúrgico ou cerimonial.
Apesar das grandes descobertas, os trabalhos foram interrompidos com o início da Primeira Guerra Mundial. Muitos artefatos foram levados à Europa, mas grande parte das informações nunca foi devidamente publicada ou catalogada. Por isso, a magnitude real das descobertas em Assur talvez jamais seja plenamente conhecida. Ainda assim, a cidade permanece como um símbolo do poder, da religiosidade e do avanço cultural do Império Assírio.
A cidade de Assur é mencionada em textos bíblicos, como em Ezequiel 27:23, e está ligada à ascensão de reis poderosos e campanhas militares que moldaram a história do Antigo Oriente Próximo. Suas ruínas ainda fascinam arqueólogos, historiadores e turistas interessados nas origens da civilização mesopotâmica.
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