Asdode foi uma das cidades mais importantes dos filisteus, sendo considerada o seu orgulho militar na Antiguidade. Localizada sobre uma colina baixa e arredondada, a cidade encontra-se a cerca de 14 km a noroeste da antiga Ascalom e 5,6 km ao sudeste da moderna colônia judaica de Asdode, em Israel. O montículo que abriga suas ruínas possui cerca de 40,5 hectares, com uma acrópole bem definida e uma cidade inferior que testemunham a grandiosidade da antiga metrópole filisteia.
Asdode é famosa no relato bíblico por ter sido o lugar onde os filisteus levaram a arca da aliança após capturá-la dos israelitas. Eles a colocaram no templo de Dagom, seu deus. No dia seguinte, encontraram a estátua de Dagom prostrada diante da arca, o que causou grande comoção (1Sm 5:3). Esse episódio simboliza a superioridade do Deus de Israel sobre os deuses pagãos, tornando-se um marco teológico e histórico.
O profeta Isaías menciona que o rei Sargom da Assíria enviou seu general Tartã para conquistar Asdode (Is 20:1). Por muito tempo, estudiosos questionaram essa afirmação, pois Sargom não era mencionado na história secular. No entanto, em 1842, o arqueólogo francês Paul Emile Botta encontrou, em Corsabad, um cilindro octogonal com uma inscrição que validava o relato bíblico:
“Em minha nona expedição à Filístia e a Asdode eu fui... as cidades de Asdode e de Gimzo dos asdodeus, eu sitiei e capturei”.
O historiador Heródoto registrou que Psamético I, faraó do Egito, sitiou Asdode por 29 anos (610–633 a.C.), um dos cercos mais longos da Antiguidade. Após esse tempo, a cidade caiu sob domínio egípcio, revelando sua posição estratégica e a resistência de seu povo.
No Novo Testamento, Filipe, o evangelista, passou por Asdode (Azoto) após batizar o eunuco etíope (At 8:40). Isso mostra que a cidade ainda era habitada e relevante nos tempos apostólicos.
Em 1962, os arqueólogos Moshe Dotan e David Noel Freedman iniciaram escavações em Asdode. Eles descobriram vinte estratos de ocupação contínua, desde o século XVII a.C. até o fim do período bizantino. Nos níveis filisteus (séculos XII-XI a.C.), foram identificadas estruturas defensivas, templos, casas, lagares, celeiros, fornos, ferramentas e armas, além de selos com inscrições em língua desconhecida.
As escavações confirmaram o relato bíblico da destruição da cidade por Uzias, rei de Judá (2Cr 26:6). Também foram encontrados esqueletos de cerca de 3 mil homens, mortos na conquista de Sargom. Um fragmento da chamada coluna de Sargom, datada de 712 a.C., reforça o testemunho histórico do poder assírio sobre Asdode.
Asdode aparece diversas vezes na Bíblia (1Sm 5:3, 2Cr 26:6, Ne 4:7, Is 20:1, Am 1:8, Sf 2:4, At 8:40), sempre associada a eventos de guerra, fé e juízo. Hoje, suas ruínas continuam a revelar um passado vibrante e turbulento, símbolo da resistência filisteia e da fidelidade do relato bíblico.
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