Ai, cujo nome significa literalmente “a ruína”, foi o segundo local a ser atacado pelos israelitas sob o comando do líder Josué na conquista da Terra Prometida. Acredita-se que Ai corresponda ao sítio arqueológico de et-Tell, situado cerca de 3 km a leste da antiga cidade de Betel.
A partir de fragmentos encontrados na superfície e escavações iniciais realizadas em 1928, o professor J. Garstang e o doutor W.F. Albright sugeriram que Ai poderia ter sido destruída aproximadamente na mesma época que Jericó, ou seja, em torno do ano 1400 a.C.. Posteriormente, em 1934 e 1935, as arqueólogas Judith Marquet-Krause e S. Yeivin conduziram breves campanhas escavatórias.
Elas encontraram vestígios de uma cidade próspera, porém destruída por um incêndio em torno de 2200 a.C. Contudo, não havia evidências de ocupação significativa depois desse período, exceto por uma pequena aldeia hebraica destruída entre os anos 1200 e 1100 a.C.
A morte prematura da arqueóloga Marquet-Krause interrompeu as escavações antes de um desfecho completo. O pesquisador M. Dussaud destacou os aspectos negativos dos resultados, evidenciando a falta de provas arqueológicas que confirmassem a destruição da cidade por Josué entre 1400 e 1220 a.C.
Essa ausência de evidências gerou polêmica, e em alguns círculos acadêmicos a narrativa bíblica foi considerada “falsa”. Porém, a Bíblia descreve detalhadamente nos capítulos 7 e 8 do livro de Josué a conquista de Ai e Betel, tornando a questão motivo de debate contínuo.
Segundo o texto bíblico, Ai era um local pequeno, situado “a leste de Betel”, com poucos habitantes no início, mas fortificado pelos homens de Ai e Betel (Js 7:3; 8:17). Quando esses homens deixaram a cidade para perseguir o exército israelita, Josué e seus soldados emboscaram e destruíram Ai.
O relato descreve que Josué incendiou a cidade, levando os despojos e queimando tudo, deixando apenas “um monte de ruínas” (Js 8:27-28). A vitória sobre Ai e Betel foi crucial para o avanço dos israelitas na conquista da região.
Dado que Ai no tempo de Josué era provavelmente uma fortificação pequena, com estruturas de madeira e poucos habitantes, o “monte de ruínas” deixado pelo incêndio seria composto basicamente por cinzas, carvão e algumas pedras. Com o passar dos séculos, essas ruínas podem ter sido saqueadas para reutilização das pedras, além de sofrerem erosão natural pelo vento e pelo tempo.
Isso pode explicar a dificuldade em encontrar vestígios claros da ocupação israelita daquela época. Também existe a possibilidade de que a Ai mencionada na Bíblia esteja localizada em outro lugar, ainda não identificado.
A questão arqueológica de Ai permanece aberta. Enquanto as escavações realizadas até hoje não confirmaram plenamente o relato bíblico, a narrativa em Josué permanece firme na tradição judaico-cristã.
Ainda assim, futuras investigações arqueológicas mais detalhadas e avançadas podem vir a esclarecer o mistério e revelar os resquícios da antiga Ai, unindo história, arqueologia e fé.
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