Aceldama, cujo nome significa literalmente “campo do oleiro”, é um local que traz à memória um dos episódios mais trágicos e simbólicos do Novo Testamento. É o cenário onde Judas Iscariotes, após trair Jesus por trinta moedas de prata, se arrependeu desesperadamente e acabou se enforcando. O nome do local está diretamente ligado a esse evento: “Os chefes dos sacerdotes [...] decidiram usar aquele dinheiro para comprar o campo do Oleiro, para cemitério de estrangeiros. Por isso ele se chama campo de Sangue até o dia de hoje” (Mateus 27:6-8).
Situado no extremo leste da ladeira sul do vale de Hinom, Aceldama é uma área desértica e pedregosa que ocupa quase um hectare. A região é conhecida desde os tempos antigos, já sendo chamada de campo do Oleiro por volta do século IV d.C., nos relatos do padre Jerônimo. Ali, há uma grande cova natural que foi usada por séculos como local de sepultamento, especialmente para estrangeiros e indigentes, aqueles que não tinham direito a um enterro digno dentro da cidade.
A tradição cristã associa Aceldama à “casa do oleiro” mencionada no livro de Jeremias (Jeremias 18:1-4). Neste trecho, o profeta visita a casa do oleiro e observa como o vaso feito pelo artesão pode ser refeito se houver algum defeito, simbolizando a possibilidade de Deus mudar o destino de Israel. Segundo a tradição, o campo do Oleiro que Judas vendeu corresponde a esse local visitado por Jeremias, um símbolo forte da transformação e do julgamento.
O fato de os chefes dos sacerdotes terem comprado Aceldama com o dinheiro da traição dá ao local uma dimensão trágica e simbólica. O nome “campo de Sangue” não se refere apenas à compra feita com o dinheiro manchado de sangue, mas também à função do campo como cemitério para aqueles que, simbolicamente, estavam excluídos do convívio normal da cidade, os estrangeiros, os marginalizados.
Aceldama não é apenas um ponto de interesse bíblico; também é um local histórico que foi estudado por arqueólogos e especialistas. Sua localização, embora pequena, é significativa por estar em consonância com as descrições bíblicas. Muitos estudiosos e autoridades religiosas aceitam o atual sítio como o local verdadeiro do campo do Oleiro.
Além do relato em Mateus 27:6-8, Aceldama também aparece mencionada em Atos 1:19, onde é chamada de “campo de sangue” em referência à mesma história. O campo representa, assim, um lugar de memória da traição de Judas, mas também um símbolo de julgamento e exclusão.
Aceldama permanece como um testemunho histórico e espiritual da complexidade dos eventos que marcaram o fim da vida terrena de Jesus. Um local onde a traição se transformou em um campo de sepultamento para os marginalizados, Aceldama lembra a todos o peso das decisões humanas e a esperança da redenção, simbolizada pela casa do oleiro e sua arte de refazer vasos.
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