O LIVRO DE MIQUÉIAS (QUEM É IGUAL À JAVÉ)

Dentre os livros proféticos, o livro de Miquéias é o 11º. Na relação dos Profetas Menores é o 6º livro. 

O Personagem Miquéias.

Miquéias nasceu na cidade de Morerete-Gate, que ficava ao sul da província de Judá (Mq 1.1,14). Era uma área agrícola que distava 40 km ao sudoeste de Jerusalém).

“À semelhança de Amós, era homem do campo, e provinha com certeza de família humilde” (BEP, p.1319). O comentarista da Bíblia de Jerusalém diz que Miquéias “por sua origem camponesa tem semelhança com Amós, com quem compartilha a aversão pelas grandes cidades, a linguagem concreta e por vezes brutal, o gosto pelas imagens rápidas e pelos jogos de palavras”.

Atuação de Miquéias.

Miquéias exerceu suas atividades durante os reinados de Jotão, Acaz e Ezequias. Ele atuou no final do século VIII a.C., “antes e depois da tomada de Samaria em 721 e talvez até da invasão de Senaqueribe em 701” (Bíblia de Jerusalém, p. 1248). O comentarista da Bíblia de Estudo Pentecostal traz-nos uma informação que contém revelações interessantes: “Se Isaías, seu contemporâneo em Jerusalém, assistia ao rei e observava o cenário internacional, Miquéias, um profeta do campo, condenava os governantes corruptos, os falsos profetas, os sacerdotes ímpios, os mercadores desonestos e os juízes venais, que havia em Judá. Pregava contra a injustiça, a opressão aos camponeses e aldeões, a cobiça, avareza, a imoralidade e a idolatria. E advertia sobre as severas conseqüências de o povo e os líderes persistirem em seus maus caminhos” (BEP, p.1319).

A causa principal da ira de Deus, no tempo de Miquéias, era a cobiça e a avareza.

O Senhor diz assim: “Ai daqueles que, nas suas camas, intentam a iniqüidade e maquinam o mal; à luz da alva o praticam, porque está no poder da sua mão! E cobiçam campos, e os arrebatam, e casas, e as tomam; assim fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança. Portanto, assim diz o Senhor: Eis que projeto um mal contra esta geração, do qual não tirareis os vossos pescoços; e não andareis tão altivos, porque o tempo será mau” (Mq 2.1-3). Miquéias ainda presenciou as mulheres serem expulsas de suas casas, e das crianças “tirastes o meu louvor para sempre” (Mq 2.b).

Além disso, o profeta denunciou os ricos que vendiam suas mercadorias com balanças e pesos enganosos (Mq 6.10-12). Tem mais, o profeta mostrou que as riquezas deles chegavam ao extremo da exploração do homem pelo homem. Não havia justiça social, mas havia desconfiança. Até as relações familiares mais próximas foram atingidas por tamanha corrupção (Mq 7.1-6).

Miquéias pregou contra o cinismo das classes privilegiadas que estavam mergulhadas na corrupção. O Senhor diz assim: “Os seus chefes dão as sentenças por presentes, e os seus sacerdotes ensinam por interesse, e os seus profetas adivinham por dinheiro; e ainda se encostam ao Senhor, dizendo: Não está o Senhor no meio de nós? Nenhum mal nos sobrevirá” (Mq 3.11). Ele mostrou em sua mensagem a sentença divina (Mq 3.12). No inicio do livro de Miquéias tem a razão porque Deus Jeová cumprirá a sentença que proferiu (Mq 1.5-7).

“Eu, porém, esperarei no Senhor; esperei no Deus da minha salvação; o meu Deus me ouvirá” (Mq 7.7).

Autoria do Livro.

Stanley Ellisen (Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p.359) diz que, “a autoria de Miquéias é geralmente reconhecida, embora alguns comentaristas modernos atribuam as seções da ‘esperança’ (caps. 4-7) a uma época posterior. O livro de Jeremias (26.18) assinala que Miqéias foi muito respeitado na época de Jeremias (c. 600 a.C.)”. A Bíblia de Estudo Pentecostal também afirma que Miquéias é o autor do livro que leva o seu nome. 

Data do Livro.

A Bíblia de Estudo Pentecostal diz que o livro foi escrito “cerca de 740-710

a.C.)”. Stanley Ellisen diz que a “data em que foi escrito: c. 730 a.C.” (idem Conheça Melhor o ANTIGO TESTAMENTO, p.360).

 

Tema do Livro.

A Bíblia de Estudo Pentecostal sugere o tema: “Juízo e Salvação Messianica”. Stanley Ellisen sugere o tema: “Caráter do Senhor como juiz e pastor cuidadoso de

Israel”. Observe que os temas sugeridos pelos estudiosos têm linguagem diferente, porém compatíveis com o conteúdo do livro.

F. Esboço do Livro.

O esboço do livro a ser apresentado foi extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal. Observe que estamos estudando material diversificado. Didaticamente, é muito melhor para a aprendizagem.

“I. Juízo contra Israel e Judá 9.1-3.12)

  1. Introdução (1.1)
  2. Predição da Destruição de Samaria (1.2-7)
  3. Predição da Destruição de Judá (1.8-16)
  4. Pecados Específicos do Povo e Deus Que Requerem Castigo (2.1-11)
  5. Cobiça e Orgulho (2.1-5)
  6. Falsos Profetas (2.6-11)
  7. Primeiro Vislumbre do Livramento Prometido (2.12,13)
  8. Pecados Específicos dos Líderes do Povo de Deus (3.1-12)
  9. Injustiça e Opressão (3.1-4)
  10. Falsa Profecia (3.5-7)
  11. Miquéias, Um Profeta Verdadeiro (3.8)
  12. Resumo dos Pecados dos Líderes (3.9-12)
  13. Mensagem Profética de Esperança (4.1-5.15)
  14. A promessa do Reino Vindouro (4.1-5)
  15. Derrota dos Inimigos de Israel (4.9-13)
  16. O Rei Que Virá de Belém (5.1-8)
  17. A Natureza do Novo Reino (5.6-15)

III. O Litígio de Deus contra Israel e Sua Misericórdia Final (6.1-7.20)

  1. O pleito de Deus contra Seu Povo (6.1-8)
  2. A Culpa de Israel e o Castigo Divino (6.9-16)
  3. O Lamento Doloroso do Profeta (7.1-6)
  4. A Esperança Pessoal do Profeta (7.7)
  5. Israel Será Restabelecido (7.8-13)
  6. As Bençãos Finais de Deus para Seu Povo (7.14-20)

Comentário do Livro.

Miquéias anunciou o juízo de Deus sobre Samaria e Jerusalém, capitais dos reinos do norte e do sul. A idolatria é o foco do profeta contra estas duas grandes metrópoles. O texto sagrado garante que estas duas cidades se tornaram focos de idolatria paga com o preço da prostituição. Prostituição significa infidelidade a Deus em troca de outros deuses. A expressão “os altos de Judá” (Mq 1.5) significa os lugares de cultos idolátricos, situados geralmente nos montes elevados, onde também era praticada a prostituição sagrada.

A situação moral de Israel chegou ao extremo de Deus dizer: “Por isso, lamentarei, e uivarei, e andarei despojado e nu; farei lamentação como de dragões e pranto como de avestruzes. Porque a sua chaga é incurável, porque chegou até Judá; estendeu-se até à porta do meu povo, até Jerusalém” (Mq 1.8,9).

Miquéias denunciou “um enorme contraste entre os excessivamente ricos e os pobres oprimidos

devido à exploração da classe média de Israel (2.8-9) por donos de terra extremamente gananciosos (2.1-5). Os opressores eram apoiados por líderes corruptos políticos e religiosos de Israel (cap. 3). Em razão dessa má liderança, toda a nação tornou-se moralmente corrupta e pronta para o julgamento (6.9-16; 7.1-7) (Bíblia de Genebra, p.1046).

O profeta Miquéias fez uma geral de denúncias que vão desde a idolatria e a feitiçaria até as ações enganosas e fraudulentas entre o povo (Mq 5.12-14; 6.10,11). O profeta diz que a mensagem central de Deus é: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com o teu Deus?” (Mq 6.8).

Por fim, o profeta Miquéias anunciou a vinda do Messias, como esperança para Israel (Mq 5.1-3). A restauração de Israel depende de o Senhor Deus declarar o seu perdão misericordioso. Não depende de esforço humano (Mq 7.18-20). 

Escola de Teologia – ETAP
Disciplina: LIVROS PROFÉTICOS I E II
Professor: Carlos Alberto Alves

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