O Petrolão e o Ex-Presidente | Verso Cordel
por: Ivaldo Fernandes
No país da Lava Jato
Veio à tona a corrupção
Empreiteira, deputado,
Petrobras em podridão
E no meio desse enredo
Lula entrou na confusão
Ex-metalúrgico forte
Presidente popular
Governou duas jornadas
Fez o povo acreditar
Mas depois da sua era
Vieram lhe investigar
O juiz Sérgio Moro, então,
Em Curitiba, julgou
Dizia que o ex-presidente
Com a OAS lucrou
No tal tríplex do Guarujá
Que a Justiça condenou
Segundo a investigação
Lula nunca comprou lá
Mas ganhou uma reforma
Pra poder se beneficiar
Em troca de contratos gordos
Na estatal Petrobras
Corrupção e lavagem
Foi o que lhe imputaram
Com nove anos e seis meses
Os juízes lhe condenaram
E na segunda instância
Mais anos lhe acrescentaram
Em dois mil e dezoito então
Veio a ordem da prisão
Mesmo sem provas diretas
Segundo a acusação
Foi pra cela da PF
Com imensa comoção
Lula sempre negou tudo
Disse ser armação cruel
Disse: “não sou dono de nada,
Nem do sítio ou do hotel”
Mas as reformas no sítio
Causaram novo tropel
Na cidade de Atibaia
Outro caso se formou
Reformas feitas em sítio
Que a Odebrecht bancou
Lula, mais uma vez, foi réu
E de novo condenou
Disseram que em retribuição
A contratos e favores
Fez-se obra no imóvel
Com materiais e operários
E a juíza Gabriela
Somou penas e valores
Mas a história deu voltas
Como o mundo sempre dá
A defesa recorreu
E o Supremo foi julgar
Se Curitiba era o foro
Pra esse caso se tratar
O ministro Fachin julgou
Que Moro era incompetente
Que os atos da presidência
Não vinham diretamente
De contratos no Paraná
Mas de um plano abrangente
Com isso, anulou-se tudo
Do início ao fim da linha
E os processos voltaram
Lá pra Brasília, novinha
Sem as decisões antigas
Que a Justiça aninha
Mas teve outro revés
Pra a Lava Jato abalar
Foi a parcialidade
Que o Supremo quis julgar
E Moro foi declarado
Incapaz pra condenar
Com mensagens reveladas
Pelo site The Intercept
Ficou claro nos bastidores
Um jogo fora do script
Juiz que orienta acusador
Perde a toga e o perfil
O STF então firmou
Decisão sem hesitar
Moro agiu com parcialidade
Sem o justo aplicar
E anulou os julgamentos
Com Lula a se alegrar
Lula então recuperou
Seu direito de votar
E também de ser votado
Se quisesse disputar
E em dois mil e vinte e dois
Voltou pra se candidatar
Com a ficha limpa de novo
Pelo Supremo avaliado
Lula foi à eleição
Contra um rival exaltado
E com votos da nação
Foi eleito consagrado
Os que apoiam a sentença
Dizem que houve proteção
Que o STF aliviou
Por ter muita conexão
Com os grupos progressistas
E a velha situação
Já quem crê na inocência
Diz que tudo foi manobra
Combinado lá em Curitiba
Com uma toga fora da obra
Pra tirar o ex-presidente
Da corrida mais de sobra
A verdade permanece
Com debate acalorado
Uns clamando por justiça
Outros vendo um condenado
Que foi solto sem pagar
Por ter sido injustiçado
O Petrolão foi maior
Que o país já conheceu
Com bilhões desviados
Por quem muito prometeu
E a confiança do povo
Em parte se perdeu
Mas a Justiça é caminho
Cheio de contradição
Quando falha na balança
Traz dor e indignação
Pois se um erro for cometido
É o povo quem paga o pão
Não se trata só de Lula
Nem de Moro ou decisão
Mas do Estado de Direito
Que merece proteção
Contra juízes parciais
E também corrupção
O Brasil segue lutando
Com verdades e versões
Cada um com sua crença
Em debates e eleições
Mas que a lei seja a lei
Sem paixões ou ilusões
Esse é o cordel sincero
Dum país tão dividido
Onde o certo e o errado
Nem sempre têm seu abrigo
Mas a história um dia clareia
O que ficou escondido
Lista com todos os Cordéis
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