por: Ivaldo Fernandes
I
Vou falar neste cordel
Dum ministro sem igual,
Que persegue brasileiros
De maneira radical.
Alexandre de Moraes,
Do Supremo Tribunal.
II
Fez da toga sua espada,
Com seu mando sem fronteira.
Se alguém ousa discordar,
Logo cai na sua esteira.
Parece dono do mundo,
Na justiça brasileira.
III
Quem ele quer reprimir?
O que quer calar enfim?
Quem ousar ter opinião
Que difira da que tem.
Se é patriota e cristão,
Logo encontra um grande além.
IV
Os que amaram um governo,
Que vestiram o verde e o azul,
Que clamaram por justiça,
Contra um sistema tão vil,
Hoje choram seu destino
No exílio ou num fuzil.
V
Deputado, senador,
Homem simples, comerciante,
Se ousou discordar dele,
Viu-se preso num instante.
As correntes são virtuais,
Mas sua fúria é gigante.
VI
Falam muito em democracia,
Mas na prática é o inverso.
Se a voz for diferente,
Logo amordaça o universo.
Liberdade nesse jogo
Vale só pro lado certo.
VII
O dia oito de janeiro
Foi desculpa inventada.
Não teve golpe, nem guerra,
Nem tropa organizada.
Mas o povo, que protesta,
Hoje é gente condenada.
VIII
Tantos hoje estão na cela,
Sem direito à defesa.
A justiça é de um lado,
Com cegueira, com frieza.
Se não for do agrado dele,
Vai pra cadeia, com certeza.
IX
A censura está de volta,
Com nova roupagem fina.
Quem denuncia o abuso
Logo perde a sua sina.
Já não pode nem falar,
O que pensa, o que ensina.
X
Se um povo elege um líder,
Mas não agrada ao Supremo,
Logo armam um teatro,
E escrevem novo enredo.
Dizem que há democracia,
Mas só vale num relevo.
XI
Quem é mesmo o ditador?
Quem não deixa mais falar?
Quem censura e quem prende,
Sem o crime comprovar?
Se justiça tem dois pesos,
De que lado ela está?
XII
Brasileiro de bem chora,
Vendo tanta opressão.
Liberdade é só palavra,
Na real, é ilusão.
Se falar o que não gostam,
Vira logo acusação.
XIII
Nossos atos são filmados,
Monitoram cada passo.
Se duvida, é censura,
Se questiona, é embaraço.
É justiça ou é vingança?
Eis a dúvida no espaço.
XIV
Patriota, brasileiro,
Que um dia só quis falar,
Hoje sofre na prisão
Sem direito a protestar.
Se é crime amar a pátria,
Que justiça quer reinar?
XV
Dizem que é golpe e terror,
Mas a verdade é bem clara.
Golpe vem de quem oprime,
E a nação toda declara:
Querem calar nosso povo,
Mas o povo nunca para.
XVI
Uma nação de joelhos,
Se não luta, então se perde.
Se entregamos a justiça
A quem quer ser nossa peste,
Seremos um dia livres,
Ou a dor sempre nos serve?
XVII
Vem, Brasil, abre os teus olhos,
Não se deixe mais calar.
Se a justiça já não julga,
Quem poderá nos salvar?
Ou caímos sem resposta,
Ou lutamos sem parar.
XVIII
Que o Supremo entenda o povo,
Que se faça o que é correto.
Não se prenda sem motivo,
Nem se jogue atrás do ferro
Quem somente quer justiça
E um país mais que liberto.
XIX
Não se trata de esquerda,
Nem tampouco de direita.
Se há justiça verdadeira,
Deve ser limpa e perfeita.
Mas se é arma na mão dura,
O Brasil já não respeita.
XX
O Brasil já tem sua cruz,
Carregada há tanto tempo.
Mas agora a nova luta
É por honra e sentimento.
Pois calar quem é honesto
É rasgar leis num momento.
XXI
Com as ordens de um ministro,
Tanta gente foi calada.
Se justiça fosse justa,
A verdade era falada.
Mas só pode um lado ver
A palavra registrada.
XXII
Hoje a gente se pergunta:
“É justiça ou perseguição?”
Se é igual pra todo mundo,
Por que há discriminação?
Por que uns falam à vontade,
Outros, não têm condição?
XXIII
Cada dia há um novo preso,
Sem direito ao contradito.
Qualquer um que se levanta
Logo é taxado de réu.
E assim segue o Brasil,
Com a toga num tropel.
XXIV
Mas um dia há de raiar
Nova luz neste país.
Pois se há Deus sobre tudo,
Ele faz justiça, enfim.
Que essa dor um dia acabe,
E se viva um novo fim.
XXV
Brasil livre, é o que queremos,
Com justiça de verdade.
Que não seja só discurso
A palavra “igualdade”.
Pois sem ela, não há lei,
Nem justiça, nem vontade.
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