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O Boi de Reis | Verso Cordel

O Boi de Reis | Verso Cordel

 por: Ivaldo Fernandes

  1.  

Vou falar com alegria
Dessa arte tão festeira,
Que encanta desde o sertão
Até a beira-ribeira.
É o Boi de Reis que reluz
No folclore do Brasilzão,
Na fé, cultura e emoção!

  1.  

Nasceu lá na Península,
Veio em navio a cruzar,
Misturando os elementos
De quem veio colonizar.
Chegou com os portugueses
E aqui veio se enraizar,
Com o povo a festejar.

  1.  

Mas foi no chão nordestino
Que o Boi ganhou coração,
Misturando o português
Com africano e o irmão
Indígena dessa terra
Que nos deu colaboração
Na dança e na tradição.

  1.  

A história é conhecida:
Catirina, a mocinha,
Grávida, teve um desejo
Por língua de boi sozinha.
Pai Francisco, o marido,
Foi buscar na vaqueirinha
Um boi gordo da fazendinha.

  1.  

Matou o boi do patrão
Pra satisfazer o anseio.
E o fazendeiro ficou
Cheio de ódio e receio.
Fez vaqueiro procurar
Quem causou tanto aperreio
E jurou fazer um arreio!

  1.  

Vem então o julgamento,
Com doutores e juiz.
A plateia se emociona
E a plateia também ri.
Mas o drama só termina
Quando o povo enfim diz:
— Ressuscita, boi feliz!

  1.  

É então que o curandeiro,
Com rezas e oração,
Traz o boi de volta à vida
Com alegria no sertão.
E Catirina agradece
Com um beijo de emoção,
E começa a procissão.

  1.  

O Boi dança novamente
Com enfeite e fantasia,
Traz fitas no lombo forte
E olhos que brilham de dia.
Tem chocalho e tem cantiga,
Tem zabumba e melodia,
Tem sanfona e poesia!

  1.  

No Maranhão é Bumba Boi,
Com sotaque bem marcado,
Tem matraca, pandeirão
E um povo apaixonado.
É festa de São Marçal
Num arraial encantado,
Patrimônio consagrado.

  1.  

Lá no Norte, em Parintins,
Tem Caprichoso e Garantido.
É rivalidade em festa,
Com respeito garantido.
Na arena, os bois se encontram
Num espetáculo tão colorido
Que emociona o mundo inteiro unido.

  1.  

No Espírito Santo é Rei
Que dá nome ao boi sagrado,
Misturando o Reisado
Com folguedo animado.
O Boi de Reis se apresenta
No Natal tão celebrado,
Com o povo uniformizado.

  1.  

No Sul é Boi de Mamão,
Com mamão de bonecão.
Tem Maricota dançando,
Tem a morte no salão.
Mas no fim o boi revive
Pra alegria do povão
E renasce a tradição.

  1.  

No Nordeste é Boi Calemba,
Do Rio Grande do Norte.
Tem o povo na calçada
Cantando com todo o porte.
Lá em Parnamirim tem grupo
Que anima e dá suporte
Com seu ritmo bem forte.

  1.  

É teatro popular,
Feito à beira do terreiro,
Com criança, homem e moça,
E um sanfoneiro inteiro.
Não precisa de cenário,
Nem artista estrangeiro,
Só o povo brasileiro!

  1.  

Tem o boi feito de couro
Ou papel todo pintado.
O chifre é bem colorido
E o rabo é enrolado.
Bate forte o coração
Desse povo apaixonado
Pelo Boi dramatizado.

  1.  

A brincadeira é sagrada,
Com devoção e ternura.
Muitos grupos pedem bênção
Antes de fazer figura.
Pedem luz aos Santos Reis,
A Jesus, pura candura,
E saem pela rua escura.

  1.  

Cada grupo tem seus mestres,
Seus cantores, seu bordão,
Tem o mestre da toada
Com a voz do coração.
E o coro responde em peso
Com batuque e emoção,
Fazendo a apresentação.

  1.  

Personagens são diversos
Nesse enredo genial:
Tem burrinha, vaqueiro, padre,
Tem o dono do curral.
Catirina e Pai Francisco
São os dois no principal,
Geradores do final.

  1.  

É também pedagogia,
É cultura e é saber.
Tem história, tem valores
Que a infância vai aprender.
É teatro popular,
É um jeito de viver,
Que o povo faz sem temer.

  1.  

Muitos mestres já morreram,
Mas deixaram os herdeiros.
A cultura foi passada
Com os gestos verdadeiros.
Hoje temos novos grupos,
Brincantes e violeiros,
Sambadores, sanfoneiros.

  1.  

Com o tempo veio o apoio
Das políticas culturais.
Tem incentivo, tem lei,
Pra manter os festivais.
E o Boi de Reis resiste
Contra tempos desiguais,
Mantendo seus rituais.

  1.  

Na escola e no terreiro
O Boi ainda se apresenta.
Traz alegria pro povo
E a tristeza esquenta.
A criança vê com brilho
Essa festa que alimenta
E que nunca se aposenta.

  1.  

É mais que folclore simples,
É herança do Brasil,
É mistura de raízes
Que formaram o povo gentil.
É memória do Nordeste,
É poema varonil
Com um boi bem juvenil.

  1.  

Que nunca falte esse boi
Na cultura do sertão.
Que as escolas celebrem
Essa nossa tradição.
Que o povo continue
Com fé no coração
E riso na procissão.

  1.  

Salve o Boi de Reis bonito
Que encanta o nosso chão,
Com seu riso e sua dança,
Com história e devoção.
Viva o povo nordestino
Que mantém a tradição
Com arte e conservação!


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