O Bloqueio Continental | Verso Cordel

 por: Ivaldo Fernandes

1.
Napoleão, um líder forte,
Com seu império a expandir,
Buscava calar a sorte
Da Inglaterra a resistir.
Fez o bloqueio imponente,
Visando o Reino do Ocidente.

2.
Decreto em mil oitocentos
E seis, novembro a contar,
Proibia os navios ingleses
De nos portos aportar.
Isolamento planejava,
Mas o plano complicava.

3.
A França bem justificava,
Em represália a opressão.
Os britânicos bloqueavam
Seus portos com precisão.
O mar virou campo de guerra,
E o comércio sentiu na terra.

4.
Para a ideia funcionar,
Napoleão precisava,
Que toda a Europa aceitar
O decreto que firmava.
Portos extremos fechados,
E aliados controlados.

5.
Do lado leste, ele teve
Tilsit como garantia.
Com o Czar fez o acordo
Que no leste o fecharia.
Faltava o lado ocidental,
Portugal era essencial.

6.
Lisboa e Porto, cidades
De um império decadente,
Resistiam à vontade
Do francês tão imponente.
Pois sua riqueza dependia
Da Inglaterra, que os assistia.

7.
D. João, o príncipe régio,
Se via em grande dilema.
Obedecer ou fugir
Era então o grande tema.
Pois as tropas ameaçavam,
E os britânicos ajudavam.

8.
A Inglaterra reagiu,
Com suas frotas ao mar,
Navios neutros abordava,
Sem mercê a capturar.
Os mercados logo sentiam,
Comércios quase ruíam.

9.
Em agosto de mil e sete,
Veio o ultimato francês.
"Rompa logo com os ingleses,
Ou sofrerá a nossa vez."
Mas a coroa portuguesa,
Decidiu tomar outra empresa.

10.
A Inglaterra ofereceu
Abrigo em terras distantes.
Ao Brasil, D. João partiu,
Com sua corte e navegantes.
Longe das tropas invasoras,
Preservou-se entre as senhoras.

11.
O bloqueio trouxe ruína
Aos povos que o adotaram.
Mercadorias sumiram,
E mercados despencaram.
Napoleão perdeu apoio,
E viu ruir o seu arrojo.

12.
Os aliados de outrora
Sentiam o peso imposto.
Pois a fome e a miséria
Tomavam de todos o gosto.
A França, antes poderosa,
Via sua imagem penosa.

13.
A Rússia, insatisfeita,
Rompeu com a aliança.
Napoleão não previu
O inverno que a França cansa.
A campanha foi desastrosa,
Sua derrota desastrosa.

14.
Portugal, com sua escolha,
Mesmo humilde, resistiu.
O Brasil foi seu refúgio,
Onde o reino prosseguiu.
A história nos ensina bem,
Que resistir também convém.

15.
Assim, o bloqueio marcante
Trouxe lições à humanidade.
Nem sempre a força garante
O êxito na liberdade.
Estratégia e alianças
Mudam os rumos das andanças.

16.
Napoleão foi derrotado,
Sua glória esmoreceu.
As nações se reergueram,
Novo tempo então nasceu.
Mas o bloqueio, na memória,
Ficou gravado na história.

17.
O comércio se adaptou,
Novos rumos se buscaram.
As colônias, exploradas,
Mais riquezas ofertaram.
E o Brasil se destacava,
Com sua terra que encantava.

18.
Lisboa viu seu futuro
Lá do outro lado do mar.
Portugal se reinventava,
Para um dia prosperar.
E o mundo todo assistia
A reviravolta que surgia.

19.
O bloqueio foi lição,
De poder e resistência.
Mostrou que em toda nação
Há limite na paciência.
E que as forças opressoras
Também têm suas horas.

20.
Napoleão, o estrategista,
Com planos tão elaborados,
Não contava com a resposta
Dos aliados amarrados.
O poder, por si só, não basta,
Quando a união se desgasta.

21.
O decreto que impôs o cerco
Mostrou-se um erro fatal.
Mais do que sufocar rivais,
Feriu até seu quintal.
A economia enfraqueceu,
E o sonho francês se perdeu.

22.
D. João e sua corte, enfim,
Deixaram lições ao mundo.
Mesmo em meio ao caos sem fim,
Buscaram um rumo profundo.
Longe da força invasora,
Criaram base salvadora.

23.
Na história, o bloqueio está,
Como exemplo a ser lembrado.
Nem sempre a força triunfa,
Quando o povo é desgastado.
Pois a união de nações,
Derruba até grandes leões.

24.
Napoleão, com seu legado,
Causou revoltas e glórias.
Mas o bloqueio malfadado,
Foi mancha em suas memórias.
Que sirva de aviso a quem,
Busca a vitória por desdém.

25.
O cordel aqui se encerra,
Com lição para o presente.
A história molda a terra,
Ensina a todo vivente.
Respeitar as nações vizinhas,
Faz do mundo melhor as linhas.

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