por: Ivaldo Fernandes
1.
No século dezenove, então,
A Inglaterra decidiu agir,
Contra o tráfico escravocrata,
Navios buscava reprimir.
Com a Lei de Aberdeen, ousada,
Veio o Brasil confrontar.
2.
Essa lei dava permissão
Ao almirante britânico,
Para prender as embarcações
Que ao tráfico eram sinônimo.
Mesmo em águas brasileiras,
Seu julgo se fez tirânico.
3.
O Brasil viu com espanto
Essa ação unilateral,
Que feria sua soberania
De maneira colossal.
Mas o Império, dividido,
Não sabia o que era ideal.
4.
Lord Aberdeen deu seu nome
A essa lei tão severa,
Ministro das Relações
Que no Reino Unido impera.
Pressionava o Brasil moroso,
Para que a escravidão se encerra.
5.
O Brasil era dependente
Do trabalho escravizado,
Sua economia rural
Com ele estava atado.
E assim, qualquer mudança,
Era vista como um fado.
6.
Os traficantes temiam
O aumento da repressão,
Pois os navios negreiros
Enfrentavam perseguição.
Os preços subiam às pressas,
Gerando mais exploração.
7.
A Inglaterra, com sua frota,
Confiscava sem cessar.
Mesmo em portos brasileiros,
Vinham ordem desrespeitar.
E no sul, até combates
Vieram a se travar.
8.
Paranaguá foi palco, então,
De um conflito armado e tenso.
A monarquia acuada
Buscava um ato mais extenso.
Pois Pedro Segundo enfrentava
Revoltas de peso imenso.
9.
Foi Eusébio de Queirós
Quem trouxe a solução,
Criando uma lei interna
Que mudaria a nação.
O tráfico foi proibido,
Embora com hesitação.
10.
Mas o sistema escravocrata
Seguiu por décadas mais,
Sustentando os grandes donos,
Que viviam de seus ais.
Enquanto a fama do Brasil
Manchava-se nos jornais.
11.
A luta pelo abolicionismo
Era longa e desleal.
Contra a elite dominante,
Era um passo gradual.
Mas o Bill de Aberdeen
Foi um marco inicial.
12.
Os britânicos se diziam
Os guardiões da moral,
Mas seus próprios interesses
Guiavam seu ideal.
Comercialmente ganhavam
Nesse jogo desigual.
13.
O Império, por sua vez,
Buscava equilíbrio tênue.
Pois entre as pressões externas,
Mantinha-se em meio ao embuste.
E o Bill veio como alerta,
Trazendo uma crise perene.
14.
A economia brasileira
Sentiu o peso da ação,
Pois os engenhos e fazendas
Sofreram a contenção.
Mas o sistema cruel seguia
Com sua exploração.
15.
Foram tempos de transição,
De conflitos e debates.
O tráfico aos poucos cedia,
Mas com passos muito tímidos.
E o trabalho escravizado
Persistia em seus embates.
16.
A pressão internacional
Foi um fator decisivo.
Pois o Brasil precisava
De um apoio mais ativo.
E o fim do tráfico, então,
Tornou-se um objetivo.
17.
O Bill de Aberdeen mostrou
A força do estrangeiro.
Mesmo em mares tão distantes,
Seu poder era certeiro.
E o Brasil viu que sozinho
Não podia ser guerreiro.
18.
Foi um marco na história,
Com lições a se tirar.
De que a luta por justiça
Demora a se instaurar.
Mas cada passo é crucial
Para o progresso alcançar.
19.
Hoje, olhamos para trás,
Com olhos de reflexão.
Sabemos que o Bill foi duro,
Mas trouxe transformação.
O tráfico foi combatido,
Abrindo nova direção.
20.
A Lei Eusébio de Queirós
Foi fruto dessa pressão.
Ainda que tardia fosse,
Trouxe sua contribuição.
Para o fim de um comércio
Que gerava só opressão.
21.
O Bill de Aberdeen carrega
Contradições a refletir.
Pois, ao mesmo tempo que agia,
Tinha interesses a expandir.
Mas deixou uma mensagem
Que a história veio ouvir.
22.
Os escravos, afinal,
Foram os que mais sofreram.
Pelas mãos de exploradores,
Suas vidas pereceram.
E o tráfico, tão cruel,
Aos poucos se dissolveram.
23.
Que essa história nos sirva
Como um alerta profundo.
Para jamais aceitarmos
Um sistema tão imundo.
E lutarmos sempre juntos
Por um futuro mais fecundo.
24.
O Bill de Aberdeen marcou
A luta contra a opressão.
E no cenário da história,
Traz-nos dura lição.
De que é preciso coragem
Para romper a servidão.
25.
Que a memória desse ato
Nos inspire a caminhar.
Contra toda injustiça,
Que possamos sempre lutar.
Pois a liberdade é um direito
Que devemos preservar.
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