por: Ivaldo Fernandes
1
No Brasil da nova era,
Do governo popular,
Surgiu forte uma quimera
Pra poder se sustentar.
Um esquema milionário
Foi pintado no diário.
2
Lá nos tempos de Dirceu,
Na Casa Civil do Estado,
O PT se fortaleceu
Com apoio bem comprado.
Pagavam por votação,
Chamaram de “Mensalão”.
3
Roberto Jefferson então,
Deputado do PTB,
Abriu boca no salão
Pro Brasil todo saber.
Com coragem e decisão,
Fez forte delação.
4
Disse haver um mensalinho,
Dinheiro dado aos deputados,
Que com muito jeitinho
E votos bem calculados,
Ajudavam o Planalto
Com apoio selado e alto.
5
Delúbio era o tesoureiro
Do Partido dos Trabalhadores,
Com um jeito sorrateiro
Pagava os seus “favores”.
Marcos Valério entrou na trama,
Com contratos que ninguém reclama.
6
A agência SMP&B
Lavava a verba suja,
Com contratos a perder
E a contabilidade bruxa.
Estatais como o Banco do Brasil
Foram peças desse funil.
7
Empresas de publicidade
Foram parte do esquema,
Criando uma realidade
Que escondia o dilema.
O dinheiro circulava
E a justiça não pegava.
8
José Dirceu, mentor fiel,
Homem forte do governo,
Parecia um coronel
Num comando bem moderno.
Dizia não ter noção,
Mas foi réu no Mensalão.
9
Cada mês tinha um valor
Pra comprar parlamentar,
E manter o seu favor
Nos projetos a votar.
Era o voto por tostão,
No porão da corrupção.
10
O Supremo Tribunal
Tomou o caso em mãos,
Numa ação especial
Com diversas condenações.
Foi a AP quatro sete zero,
Que mostrou um juízo sincero.
11
Joaquim Barbosa, relator,
Foi firme em sua missão,
Com coragem e vigor
Enfrentou pressão e tensão.
Seu papel foi decisivo
Pro país seguir altivo.
12
Foram vinte e cinco os réus
Condenados na sentença,
Alguns viraram ateus
Quando viram a consequência.
Políticos e empresários
Foram aos presídios vários.
13
Marcos Valério pegou
Mais de quarenta de prisão.
Delúbio também pagou
Com anos de detenção.
Até Genoino sofreu
Por aquilo que cometeu.
14
Dirceu teve punição,
Mesmo negando os seus atos.
A justiça da nação
Não deixou buracos ou tratos.
Ficou o nome manchado,
Mesmo pra quem foi absolvido ou indultado.
15
O escândalo do Mensalão
Marcou forte nossa história,
Foi lição pra a geração
Sobre o preço da vitória.
Com dinheiro e traição
Se destrói uma nação.
16
O PT sentiu o baque
Mas seguiu no poder.
Mesmo após tanto ataque,
Voltou a vencer.
Mas a ferida ficou
E a política mudou.
17
Foi a primeira condenação
De políticos graúdos.
Não escapou do trovão
Nem os mais astutos.
O Supremo fez justiça,
Mesmo entre gritos e cobiça.
18
O Mensalão se tornou
Símbolo da corrupção,
E o povo então cobrou
Mais respeito à eleição.
Queriam menos esquema
E fim do velho sistema.
19
Outros escândalos vieram
Como a Lava Jato depois,
Mas os ventos que bateram
No Mensalão, entre os bois,
Foram marco decisivo
Do Brasil mais combativo.
20
Foi triste, mas necessário
Que se abrisse o porão,
E se expusesse o ordinário
Jogo de manipulação.
Ali se viu o retrato
Do poder em desacato.
21
O Congresso estremeceu,
A nação ficou alerta,
O povo entendeu
Que a corrupção é esperta.
Mas se a justiça vigia,
Há mais chance de harmonia.
22
Deputados, senadores,
Ficaram mais cautelosos.
Os que eram tentadores
Ficaram bem receosos.
Pois o povo tava vendo
E o Supremo respondendo.
23
Ainda resta muito a fazer
Pra limpar a sujeira,
Mas já se pode dizer
Que a justiça é verdadeira.
Mesmo quando demorada,
Chega firme, bem armada.
24
Que o Mensalão nos ensine
A votar com mais cuidado,
Pois a história define
O presente mal passado.
É dever da democracia
Punir quem desvia.
25
E assim termina o cordel
De um Brasil tão enganado,
Mas que enfrenta o coronel
Com o povo acordado.
Pois na justiça e no chão
Nasce a força da nação!
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