No sertão da Bahia,
Lázaro veio ao mundo,
Filho de Eva e Edenaldo,
De olhar sereno e profundo.
Dava flores à mãezinha,
E seguia o bem fecundo.
Mas o tempo foi passando,
E o mal se revelou,
Aos dezenove de idade,
Sua ficha começou.
Duas vidas ele ceifou,
E no crime se afundou.
Fugiu logo da prisão,
Dois anos ficou sumido,
Em 2009 estuprou,
Foi preso, mas não vencido.
Na Papuda foi parar,
Seu destino, indefinido.
Em 2011 julgado,
O semiaberto ganhou,
Laudos diziam: "Impulsivo",
"Ansioso", "Descontrolado".
Mas em 2016,
Do indulto se aproveitou.
Em 2018, de novo,
Três mandados tinha então,
Fugiu pelo teto da cela,
Desafiando a prisão.
Sumiu sem deixar rastros,
Como sombra na escuridão.
Reapareceu em Ceilândia,
Numa chacina cruel,
Matou Cláudio e os filhos,
E a esposa tão fiel.
Sequestrada e assassinada,
Num esconderijo infiel.
Em Cocalzinho invadiu,
Atirou, roubou, fugiu,
Amedrontou moradores,
E a polícia desafiou.
Serial killer de Brasília,
Assim o povo o chamou.
A caçada começou,
Trezentos homens em ação,
Por três longas semanas,
Na mata, na escuridão.
Lázaro, ágil e astuto,
Desafiava a nação.
Encontrado em Águas Lindas,
Reagiu à detenção,
Trinta e oito tiros foram,
Encerrando a sua missão.
Aos trinta e dois tombava,
Fim da sua perdição.
O caso de Lázaro expõe,
A dura realidade,
De um sistema falho e injusto,
Que não traz segurança.
Trezentos mil foragidos,
Vivem na impunidade.
Michel Foucault já dizia,
Em "Vigiar e Punir",
Que a lei não é falha,
Mas serve pra consumir.
O que a elite deseja,
Sem o povo intervir.
A polícia precisa mais,
De preparo e direção,
Trezentos homens num só,
Mostram desorganização.
Lázaro, esperto no mato,
Fez da selva proteção.
Bandidos de classes distintas,
São tratados desigual,
João de Deus, o místico,
Não teve um fim fatal.
Lázaro, pobre e feroz,
Foi caçado como animal.
A mídia sensacionalista,
Só espalha o terror,
Nos programas pinga-sangue,
O ódio cresce sem dor.
Evangélicos justiceiros,
Num ciclo sem esplendor.
A morte virou rotina,
Desde a pandemia cruel,
As estatísticas frias,
Já não chocam mais ninguém.
A queda de um bandido,
Já não causa tanto além.
O corpo jogado ao vento,
Na viatura, esquecido,
Mostra a desumanização,
De um povo entristecido.
A vida virou estatística,
Num país desprotegido.
Mudanças são necessárias,
Para o rumo se acertar,
O sistema penal precisa,
De reformas sem tardar.
Para que histórias como essa,
Não voltem a se contar.
A polícia merece apoio,
Estratégia e mais valor,
Para enfrentar o crime,
Com eficiência e ardor.
Investir na inteligência,
E agir com mais rigor.
A justiça deve ser cega,
Sem olhar pra condição,
Crimes de colarinho branco,
Também pedem punição.
A lei deve ser justa,
Não ferramenta de opressão.
A mídia deve informar,
Sem vender o sensacional,
Educar o cidadão,
Com um papel essencial.
Pois um povo consciente,
Constrói um país leal.
A vida deve ser tida,
Como bem a preservar,
Cada morte é uma perda,
Que devemos lamentar.
Celebrar a vida sempre,
E a justiça equilibrar.
Lázaro foi o reflexo,
De um sistema em ruína,
Onde se nega a infância,
E a pobreza predomina.
Se não há oportunidades,
O crime vira rotina.
O sertão ainda chora,
Seus filhos que ele perdeu,
Lázaro foi um deles,
Que no crime se perdeu.
Mas a história se repete,
Pois ninguém aprendeu.
Que o caso de Lázaro sirva,
Para reflexão real,
Sobre o que somos e queremos,
E um futuro mais leal.
Se não há justiça e equidade,
A violência é natural.
O Brasil tem o poder,
De mudar sua direção,
Mas precisa de reformas,
Com justiça e inclusão.
Que o crime não prospere,
E nem mais corrupção.
A polícia e a justiça,
Devem juntas caminhar,
Protegendo o cidadão,
Sem a lei manipular.
Com inteligência e estratégia,
Para o crime erradicar.
A mídia deve ajudar,
Na educação da nação,
Informando com verdade,
Sem criar manipulação.
Para que o povo cresça,
Com mais ética e razão.
A vida é o bem maior,
Que devemos preservar,
Cada morte é um alerta,
Para a história não voltar.
Que o futuro seja justo,
E a esperança triunfar.
Que o caso de Lázaro Barbosa,
Nos faça todos pensar,
Sobre o que somos e queremos,
E como vamos mudar.
Para um Brasil mais seguro,
Onde possamos sonhar.
Este cordel é um alerta,
Para a sociedade ver,
Que precisamos de justiça,
E não só de combater.
Que o Brasil seja um lar,
Onde a paz possa viver.
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